Os acidentes de trânsito envolvendo motos seguem na liderança de ocorrências e atendimentos de emergência em Campo Grande. De janeiro a maio deste ano, o valor repassado à Santa Casa de Campo Grande para atender pacientes que estiveram envolvidos em acidentes de trânsito foi de R$ 3,4 milhões.
Mais da metade (64%) foi destinada a vítimas de acidentes com motos: R$ 2,2 milhões, de acordo com a Santa Casa.
O isolamento social em decorrência da pandemia fez com que o índice de acidentes de trânsito diminuísse. Em 2019, de janeiro a junho, foram 2.411 acidentes.
Em 2020, no mesmo período, esse número baixou para 2.205, porém, neste ano voltou a subir, com 2.319 acidentes, após relaxamentos das medidas restritivas.
As motos, que são as que mais apresentam irregularidades durante blitze ocorridas na Capital, estão envolvidas em 70% dos acidentes na cidade.
O vereador Alírio Villasanti (PSL), que por muitos anos foi comandante do Batalhão de Trânsito da Capital e participou de iniciativas para diminuir os acidentes, acredita que a educação e a fiscalização do trânsito são as principais medidas para frear as ocorrências.
Segundo ele, as estatísticas servem como um guia para se criar de meios de prevenção.
“Quando há um acidente de trânsito, os órgãos aplicam as estatísticas para definir pontos de fiscalização e sinalização, com semáforos, quebra-molas e outras medidas. Essas medidas geram dados para a prevenção e diminuição de acidentes”, explica.
De acordo com Villasanti, em 2019, foram 41 mortes no trânsito, no período de janeiro a junho. Neste ano, foram 27. “Isso se deve, em grande parte, à fiscalização”, revela.
POLÊMICA
No início do mês, o vereador Tiago Vargas gravou um vídeo em que questionava os motivos de a Polícia Militar realizar blitze às 9h. Segundo ele, a medida serve para o governo “tirar dinheiro do trabalhador”.
No vídeo, o vereador chega a um local onde há alguns motociclistas aguardando a verificação e diz que a blitz é para “pegar trabalhador” e culpa o governador Reinaldo Azambuja.
O vídeo foi questionado pelo vereador Alírio Villasanti por ser desrespeitoso ao trabalho da Polícia Militar e também ao das autoridades de trânsito.
“Limitar o trabalho de fiscalização a uma suposta ‘arrecadação’ é desprezar o trabalho policial e das autoridades do trânsito. E o vídeo foi feito para captar likes, não propõe nada. Se ele [Tiago] quisesse questionar e fiscalizar as blitze de trânsito, era só trazer a questão para a Comissão de Segurança Pública da Câmara”.
De acordo com fontes policiais, não é a primeira vez que o vereador se aproxima de operações de fiscalização e tenta gravar vídeos, muitas vezes falando alto e questionando o trabalho deles. Publicações recentes em suas páginas envolvem a repercussão do vídeo em relação ao governador Reinaldo Azambuja.
“Ele usa um problema pessoal que teve com o governador para criar polêmica e envolver a Polícia Militar, uma instituição de Estado, no meio. A determinação de onde ocorre uma fiscalização não é algo que uma pessoa determina. É resultado de estudo”, comenta Villasanti, que é coronel da Polícia Militar aposentado e foi presidente da Associação dos Oficiais da PM.
“Fui representante da minha categoria e tive embates com o governo, porém, nunca tratei de temas para o lado pessoal. Isso é apenas instigar polêmicas sem oferecer solução”, avalia.
Procurado para comentar o assunto, o vereador Tiago Vargas não quis se pronunciar.
2.319 acidentes
Com os relaxamentos das medidas restritivas por conta da pandemia, até junho deste ano, foram registrados 2.319 acidentes de trânsito em Campo Grande. No mesmo período do ano passado, houve 2.205 colisões – vale frisar que o primeiro caso da doença foi registrado em março de 2020 na Capital.
FISCALIZAÇÃO
De janeiro até o fim de junho, foram realizadas 247 operações de blitze em Campo Grande, de acordo com o Batalhão de Trânsito.
Foram gerados 9.456 autos de infração de trânsito; 1.157 pessoas foram autuadas por conduzirem veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH); e 2.656 veículos, entre carros e motocicletas, foram encaminhados ao pátio do Detran.




