Em um momento de distanciamento entre as nações e os povos, esta reaproximação com o continente europeu é importantíssima.
Em meio ao crescimento do nacionalismo no mundo ocidental, nas Américas e no Velho Continente, a assinatura do acordo comercial entre os países do Mercosul e da União Europeia, na semana passada, deve ser vista com bons olhos. É uma vitória da integração entre os países e da eliminação de fronteiras, em meio à ascensão daqueles que querem se fechar ao diferente e aumentar as barreiras.
A assinatura do acordo entre os dois blocos de países também é emblemática no governo brasileiro. Representa uma vitória da ala dos que preferem o trabalho à ideologização de tudo e de todos. Prova disso é que era a ministra da Agricultura e Pecuária, a sul-mato-grossense Tereza Cristina, que estava em Bruxelas, na Bélgica, na assinatura do documento, e não o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Vitória do setor do governo que não perde tempo em discussões que mais atrapalham do que ajudam o Brasil a retomar o crescimento.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Fazenda, Lucas Ferraz, disse na segunda-feira que acredita que o acordo entrará em vigor apenas daqui a dois anos e meio, depois que todas as suas cláusulas forem analisadas internamente e depois que ele for votado nas duas casas legislativas do Congresso Nacional. Será tempo mais do que suficiente para perceber se a indústria e o setor produtivo de matérias-primas do Brasil estão devidamente protegidos.
Enquanto a abertura para a exportação de itens produzidos em Mato Grosso do Sul aos europeus, como carnes bovina e de frango e alguns tipos de cereais, ocorre na prática, é bom que estes setores comecem a se preparar. O acordo prevê, por exemplo, medidas rígidas de proteção ao meio ambiente e uso de defensivos agrícolas, algo que o governo atual parece caminhar na contramão.
Os países do Mercosul também devem atuar para proteger sua indústria automobilística, uma vez que as matrizes de suas montadoras estão quase todas no continente europeu. O acordo é bom, mas precisa de ajustes dos dois lados. Na França, por exemplo, agricultores já começam a reagir.
O que fica de positivo do acordo entre os dois blocos é a vontade de fazer negócios. Mesmo com as regras atuais mantidas, a tendência é de que os dois lados do Atlântico se aproximem. Em um momento de distanciamento, esta reaproximação é importantíssima para o crescimento da América do Sul.