Quando se trata de desenvolvimento e de se fazer bons negócios, não deve existir qualquer fronteira ideológica. A aproximação de Bolívia e Mato Grosso do Sul é a prova disso.
Em meio às notícias ruins relacionadas ao gás natural dos últimos anos, quando a Petrobras passou a consumir menos o produto importado da Bolívia e passou a priorizar, sobretudo no estado de São Paulo, o abastecimento das indústrias com o gás retirado do oceano Atlântico – maior parte, da camada Pré-Sal –, Mato Grosso do Sul voltou a ter informações positivas referentes ao uso e à importação do produto do país vizinho. Reportagem publicada nesta edição mostra mais um capítulo de uma importante convergência entre os governos de Reinaldo Azambuja e do presidente Evo Morales.
A empresa estatal boliviana YPFB será sócia da Acron na Fábrica de Fertilizantes de Três Lagoas, como o leitor poderá entender com mais detalhes adiante. E este acordo ajuda o estado de Mato Grosso do Sul a amenizar um de seus maiores problemas desde 2016: a perda de receita com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do gás natural. Foi neste ano que a Petrobras, dona de jazidas no oceano, passou a trocar seu produto pelo produto boliviano.
A presença da empresa boliviana na fábrica é garantia de uma demanda mínima do hidrocarboneto no gasoduto atualmente operado pela TBG (da qual a YPFB também é sócia), de recursos para os cofres públicos do estado e o mais importante: a possibilidade de se conseguir matéria-prima e energia para a indústria a um custo menor.
Sobre o entendimento entre Reinaldo Azambuja e Evo Morales, é importante ressaltar a grandeza dos dois. Quando se trata de desenvolvimento e de se fazer bons negócios, não deve existir qualquer fronteira ideológica. É importante ressaltar que, no caso do presidente Morales, o bolivarianismo parece ter ficado para trás. O país vizinho acumula taxas positivas de crescimento do produto interno bruto nesta década. E qual o povo que não gosta de uma boa situação econômica?
Esperamos que os frutos desta aproximação e deste pragmatismo sejam colhidos em breve. A expectativa é de que a partir de 2022 a fábrica de fertilizantes de Três Lagoas entre em operação, e que Mato Grosso do Sul dê início a uma nova fase em sua matriz econômica.