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OPINIÃO

João Badari: "Concessão de aposentadoria poderá ficar mais difícil"

Advogado

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A reforma da Previdência Social, pregada há algum tempo como a salvação da pátria para a solução dos problemas financeiros do País, contém dispositivos pouco comentados, mas que afetarão diretamente o futuro dos trabalhadores e aposentados. Um deles trata da competência delegada para o ajuizamento de ações contra o INSS, entre elas as revisões de benefícios.

A competência delegada, garantida por nossa Constituição Federal, é a possibilidade do segurado ingressar com a ação na Justiça Estadual mais próxima do seu domicílio, quando o mesmo não contar com unidades da Justiça Federal. Recentemente, foi aprovada uma lei que veda tal garantia se houver fórum Federal no raio de 70 quilômetros de distância da localidade do autor da ação. Isso é um erro, e não respeita a realidade social e geográfica do País. A lei entra em vigor apenas em janeiro de 2020, e depende da aprovação da PEC para valer.

Importante frisar que, em muitos casos, segurados não conseguem se dirigir ao banco em sua própria cidade para realizar a prova de vida e continuar recebendo seu benefício, em razão da dificuldade de locomoção por incapacidade. Agora, imagina se esses beneficiários poderão percorrer longos 70 quilômetros para buscar o socorro do Judiciário para garantir seu direito.

A competência delegada se mostra como alternativa para as pessoas que não apresentam possibilidade de se dirigir a Justiça Federal. E restringir este meio terá graves consequências: muitos segurados e aposentados não terão condições de se locomover e, com isso, o direito não será alcançado. E os que, com dificuldade, conseguirem terão processos mais custosos e dificultosos para a obtenção do direito. Isso sem contar o volume ainda maior de processos na Justiça Federal, provocando uma sobrecarga ao sistema. Vale ressaltar que no projeto não existe nenhum item para o aumento da atual estrutura física da Justiça Federal.

Em razão da menor estrutura física da Justiça Federal tal, garantia foi consolidada, pois a Justiça Estadual possui estrutura, além da presença, em quase todas as cidades do País; ou em cidades vizinhas à residência do autor da ação.
Foi desconsiderado que os processos serão mais longos, por conta da necessidade de adiamentos de audiências e demais atos processuais, contrariando o princípio da razoabilidade, previsto no artigo 5º, LXXVIII, da Constituição Federal: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.

Particularmente, a medida subestima os juízes estaduais, pois não existe outro motivo em retirar essa garantia constitucional a não ser que o governo não confia na magistratura estadual no julgamento de ações contra o INSS. Mais um erro.

Militando por anos na esfera municipal, eu sou categórico em afirmar: são absurdamente competentes os magistrados de varas do interior, que julgam causas previdenciárias, com enorme experiência na matéria e decisões que se mostram como aulas de Direito Previdenciário.

Entendo, assim, a medida como inconstitucional, pois o projeto vem de encontro ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, consagrado na Constituição Federal, como direito ou garantia constitucional (art.5º, XXXV), logo, cláusula pétrea, imodificável, conforme determina o artigo 60,§4º, IV, do Texto Constitucional.

Portanto, a emenda, ao exigir a propositura das ações previdenciárias na Justiça Federal, dificulta, inviabiliza, o acesso à jurisdição das pessoas; conforme o artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”.

Em sua gritante maioria, os que pleiteiam ações contra o INSS são pessoas com pouco recursos financeiros e de saúde, cujo deslocamento se mostra dificultoso, por isso a vontade do governo em restringir o acesso ao judiciário: contenção de gastos com a judicialização. Importante divulgar e lutar contra este retrocesso enquanto a PEC não foi finalizada, pois após sua aprovação será tarde.

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Vovós: novos tempos, novas regras

15/03/2025 07h45

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A imagem da avó dedicada integralmente aos netos, um arquétipo arraigado no imaginário popular, está sendo drasticamente reformulada. Um estudo da SeniorLab Mercado e Consumo 60+, com base em dados de 18.604 homens e mulheres 60+ de todo o Brasil cadastrados na Maturi, revela que “cuidar dos netos” ocupa apenas a 18ª posição na lista de hobbies preferidos das mulheres dessa faixa etária. Essa descoberta não apenas desafia estereótipos, mas também sinaliza uma mudança crucial no comportamento do consumidor sênior, com implicações significativas para o mercado. O mito da avó totalmente dedicada à família obscureceu por muito tempo a individualidade e os desejos das mulheres 60+. A pesquisa evidencia uma mudança de paradigma: essa persona está se transformando em um consumidor com novas demandas, aspirações, foco no seu cuidado e limites.

A longevidade crescente e a melhoria da qualidade de vida criaram um novo segmento de consumo: mulheres 60+ que buscam autonomia e realização pessoal. A aposentadoria, antes vista como um declínio, agora é percebida como uma oportunidade para investir em experiências e atividades que proporcionem bem-estar e prazer. A atividade física lidera o ranking de hobbies, seguida por viagens, culinária e atividades sociais. Esse perfil de consumo busca produtos e serviços que promovam saúde, bem-estar e experiências enriquecedoras, em que a tecnologia desempenha um papel fundamental na vida das mulheres 60+, conectando-as ao mundo e abrindo novas oportunidades de consumo. A internet e as redes sociais são canais essenciais para alcançar esse público, oferecendo informações, produtos e serviços personalizados.

A mudança de prioridades das avós exige uma revisão das estratégias de marketing quando o ponto de interesse é a família. O foco não deve ser apenas nos produtos e serviços para netos, mas também nas necessidades e desejos das avós como consumidoras independentes. O mercado de produtos e serviços para o envelhecimento ativo e saudável está em franca expansão. As mulheres 60+ são um público-alvo promissor para empresas que oferecem soluções para saúde, bem-estar, lazer e educação. Os novos luxos da consumidora 60+ são o autocuidado e o bem-estar. As empresas que oferecem produtos e serviços que promovam a autoestima, a saúde mental e a beleza têm um grande potencial de crescimento nesse mercado.

As marcas que desejam se conectar com o público 60+ precisam quebrar estereótipos e adotar uma nova narrativa, que valorize a autonomia, a individualidade e a diversidade das mulheres nessa faixa etária. A maturidade feminina é diversa e multifacetada. As empresas precisam adotar estratégias de marketing personalizadas, que primeiramente entendam e depois atendam às necessidades e desejos específicos de cada segmento. A mídia e o marketing têm um papel fundamental na reafirmação e na consolidação de novas narrativas sobre a maturidade feminina. É preciso dar voz às mulheres 60+, mostrando suas histórias, seus desafios e suas conquistas.

As empresas que desejam se destacar no mercado 60+ precisam adotar uma postura de responsabilidade social e inclusão, oferecendo produtos e serviços acessíveis e adaptados às necessidades desse público. O futuro do mercado 60+ é gigante e trilionário, com um grande potencial de inovação e oportunidades. As empresas que forem bem orientadas e aprenderem a compreender as necessidades e desejos desse público estarão à frente da concorrência. Ao adotar práticas inclusivas e valorizar a diversidade, as empresas contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.    

O conceito de “aging in market” emerge como um pilar fundamental neste momento de redefinição estratégica para o mercado 60+. À medida que a sociedade evolui e os estereótipos tradicionais se desfazem, torna-se imperativo ajustar bússolas, narrativas e mensagens para refletir a realidade multifacetada desse público. Não se trata apenas de reconhecer o envelhecimento populacional como um fato, mas de compreender as nuances desse processo e como ele molda o comportamento do consumidor sênior e o quanto a indústria criativa ainda se baseia em preconceitos disfarçados de percepções. Ao adotar uma abordagem centrada no marketing 60+, as empresas podem se aperfeiçoar, criar produtos, serviços e campanhas de marketing que ressoem autenticamente com o público 60+, construindo relacionamentos duradouros e impulsionando o crescimento.

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Artigo

Caminhos da vida

15/03/2025 07h15

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Se o espaço ocupado neste jornal é colocado à disposição do público com o objetivo de informar a respeito de assuntos, políticos, financeiros e tantos outros, orientando e esclarecendo sobre temas sociais e humanitários, a nós é dado esse espaço para temas de espiritualidade. Agradecemos e pedimos bênçãos e luzes divinas.

São temas e assuntos do interesse de todas as camadas sociais, e quem esteja por detrás dessa verdadeira máquina de informações tem a responsabilidade de sempre bem informar. Tem o compromisso delicado de formar a consciência dos leitores, talvez, convencê-los de uma realidade nada agradável, necessária e urgente. 

Sabemos ser comum o comodismo, tanto intelectual quanto social e religioso. Contentam-se com aquilo que aparece nas redes sociais. Não sentem atração para uma leitura mais profunda e mais crítica. Querem longe os pensadores e os pensamentos.

Essa realidade leva para a Bíblia Sagrada. Cada página é uma lição. Cada livro, um ensinamento. Cada livro, algo para refletir, analisar e acolher o Mestre dos mestres com suas propostas de vida e seus consequentes desafios. Não deseja admiradores. Quer profetas. Esses são muitos. Quer mártires que se disponham a doar a vida até a morte e a morte na cruz.

No Evangelho escrito por Lucas (Lc. 44,1-4), encontramos a narrativa de um fato um tanto curioso. O Mestre, após um atendimento estafante, curas e pregações, chama junto a si Pedro, Tiago e João. Com eles, sobe uma alta montanha para uma oração. Não chamou o povo. Devia estar bastante cansado.

Enquanto o Mestre rezava, eles dormiam. Ao acordarem, ficaram encantados com a cena que se desenrolava em sua frente. Pensaram no mais cômodo. Isto é, arrumar conforto para os personagens, enquanto eles permaneceriam em contemplação.

Mas Deus tinha outra tarefa, outra atitude a se efetuar. Deveriam descer a montanha, pois o povo continuava esperando doente e faminto. Era hora de sair do comodismo. Era hora de desapegar-se dos bens, tanto materiais quanto afetivos, e lançar-se na luta contra os males do mundo que atormentavam as boas intenções.

Essa ação estava muito difícil. O Demônio estava vivo mais do que nunca. Estava lançando contra o Mestre todas as artimanhas enganadoras. Não queria perder a batalha. E tinha que ser derrotado.

Hoje a luta continua. Somos nós os tentados pela maldade desse mundo. Temos em oferta a tentação do enriquecimento ilícito, a tentação do poder com seus tentáculos enganadores e a tentação do prazer fácil.

Aparentemente, dão a sensação de serem fáceis de superar e vencer. No entanto, teremos a necessária prudência e bem elaborada astúcia. Precisamos de uma arma que nos defenda de toda e qualquer cilada. 

A arma será a oração, o jejum e a caridade. A oração para sentir a força de Deus. O jejum para se libertar do comodismo. A caridade como um jeito de socorrer com desprendimento como Jesus fez no alto do calvário.
Assim como ele, também somos chamados a entregar a vida nos braços da cruz, para abraçar a humanidade e ressuscitar gloriosos para a eternidade.

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