A queimada da floresta amazônica gera uma quantidade preocupante de cinzas, produzindo o cálcio na forma de cal viva que se transforma em carbonato de cálcio (cal), que adicionando água resulta no hidróxido de cálcio (cal extinta).
Quanto às cinzas resultantes das queimadas, estas alteram a composição química do solo, a acidez e o oxigênio do meio ambiente; em contato com os rios, modifica propriedades importantes necessárias ao equilibro e sobrevivência da fauna, das espécies do meio aquático, resultando em prejuízo para as vias respiratórias de animais e humanos presentes na área. Quando atingem as águas subterrâneas, carreiam elementos químicos como nitratos e potássio, alterando os níveis de potabilidade para o consumo.
Excluindo as razões objetivas de agricultores que se servem do fogo para limpeza dos terrenos pela praticidade, economia, tradição, cultura e total ignorância; pela falta de apoio governamental sobre os males produzidos pela queima da vegetação; ou os naturais incêndios sazonais da região, chega-se a irracionalidade demonstrada recentemente, e de modo contumaz, por grileiros com a participação demente de alguns proprietários de terras, que se autodenominam da classe ruralista, capazes de se mobilizarem por meio da mídia para incendiar as margens de rodovias (Altamira-Pará) em ato insano (Dia do Fogo) para demonstrar apoio às políticas governamentais “liberalizantes” e “desregulamentatórias”, como o afrouxamento da fiscalização pelos órgãos responsáveis e a sonhada promessa do perdão das infrações cometidas ao Meio Ambiente, divulgadas irresponsavelmente “ao léu”.
O “tom das cinzas mais escuro” das queimadas do Norte foi observado pelos paulistas, que coletaram a “chuva negra”, um material particulado produzido pelos incêndios silvestres proveniente da região amazônica, atingindo a região Sudeste a 3.000 km de distância. Pior foi o tom da acusação do chefe de governo às ONGs que têm projetos para a região, sendo responsabilizadas como pirotécnicas com apoio financeiro de países, associando à defesa populista da “soberania amazônica”, afirmando “em vias de internacionalização” e de interesses escusos como a competição e o impedimento do desenvolvimento econômico e estratégico ou em oposição ao progresso sustentável, que têm uma coloração fora das paletas normais aceitáveis.
Metaforicamente a fumaça cinza, tal como as palavras deseducadas e proferidas com a intenção de causarem mal, espanto, ou desvarios produzidos por uma mente insalubre – ainda que vagarosamente poluidoras do ambiente –, dissipa-se na atmosfera do esquecimento. As cinzas assim, como as imagens, não se esvaem facilmente; permanecem respectivamente se depositando no corpo e na mente ou produzindo efeitos nocivos que se acumulam na nuvem condensada em forma de fuligem particulada, que de modo recorrente volta nocivamente pelas chuvas; ou então pelo armazenamento das imagens e informações numa nuvem da web (cloud computing), que permanecem disponibilizadas e independentes de gerenciamento ativo, mas que ciclicamente retornarão às lembranças desses momentos lamentosos.
As queimadas propositais, tanto da vegetação das florestas quanto dos insultos expressos, injurias ocorridas e emitidas recentemente, demonstram as atitudes ou a falta delas em relação aos procedimentos comportamentais inerentes a chefes de governo quanto à concretização (ou não) de uma intenção ou propósito de alguém (anímico) que tem e preza sua alma e um caráter comedido.
Afirmativas de que ocorrem incêndios na Amazônia constantemente são reles justificativas, assim como a falsidade dos índices de desmatamento. Convivemos diariamente com pesquisas fabricadas e “fakeadas” dessa mesma origem e somos submetidos ao constrangimento pelas palavras incendiárias que nos colocam atônitos diante dos despropósitos replicados na mídia.
Nestes termos, não há comparação entre as discussões dos mandatários envolvidos no confronto atual quanto à educação e o respeito ao considerar que, para ser educado, é preciso tratar o adversário político com o respeito próprio que o cargo exige, pois cabe a um presidente eleito de um país uma visão real de futuro; saber mobilizar e defender as grandes causas sociais, exercer liderança com sabedoria, concisão, precisão, prestar contas sem ambiguidades, falsidades, patacoadas e impropérios.
O histórico das queimadas leva a “queima do nosso filme” no planeta.