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Luiz Fernando Mirault Pinto: "O tom das cinzas"

Físico e Administrador

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A queimada da floresta amazônica gera uma quantidade preocupante de cinzas, produzindo o cálcio na forma de cal viva que se transforma em carbonato de cálcio (cal), que adicionando água resulta no hidróxido de cálcio (cal extinta).
Quanto às cinzas resultantes das queimadas, estas alteram a composição química do solo, a acidez e o oxigênio do meio ambiente; em contato com os rios, modifica propriedades importantes necessárias ao equilibro e sobrevivência da fauna, das espécies do meio aquático, resultando em prejuízo para as vias respiratórias de animais e humanos presentes na área. Quando atingem as águas subterrâneas, carreiam elementos químicos como nitratos e potássio, alterando os níveis de potabilidade para o consumo.

Excluindo as razões objetivas de agricultores que se servem do fogo para limpeza dos terrenos pela praticidade, economia, tradição, cultura e total ignorância; pela falta de apoio governamental sobre os males produzidos pela queima da vegetação; ou os naturais incêndios sazonais da região, chega-se a irracionalidade demonstrada recentemente, e de modo contumaz, por grileiros com a participação demente de alguns proprietários de terras, que se autodenominam da classe ruralista, capazes de se mobilizarem por meio da mídia para incendiar as margens de rodovias (Altamira-Pará) em ato insano (Dia do Fogo) para demonstrar apoio às políticas governamentais “liberalizantes” e “desregulamentatórias”, como o afrouxamento da fiscalização pelos órgãos responsáveis e a sonhada promessa do perdão das infrações cometidas ao Meio Ambiente, divulgadas irresponsavelmente “ao léu”.

O “tom das cinzas mais escuro” das queimadas do Norte foi observado pelos paulistas, que coletaram a “chuva negra”, um material particulado produzido pelos incêndios silvestres proveniente da região amazônica, atingindo a região Sudeste a 3.000 km de distância. Pior foi o tom da acusação do chefe de governo às ONGs que têm projetos para a região, sendo responsabilizadas como pirotécnicas com apoio financeiro de países, associando à defesa populista da “soberania amazônica”, afirmando “em vias de internacionalização” e de interesses escusos como a competição e o impedimento do desenvolvimento econômico e estratégico ou em oposição ao progresso sustentável, que têm uma coloração fora das paletas normais aceitáveis.

Metaforicamente a fumaça cinza, tal como as palavras deseducadas e proferidas com a intenção de causarem mal, espanto, ou desvarios produzidos por uma mente insalubre – ainda que vagarosamente poluidoras do ambiente –, dissipa-se na atmosfera do esquecimento. As cinzas assim, como as imagens, não se esvaem facilmente; permanecem respectivamente se depositando no corpo e na mente ou produzindo efeitos nocivos que se acumulam na nuvem condensada em forma de fuligem particulada, que de modo recorrente volta nocivamente pelas chuvas; ou então pelo armazenamento das imagens e informações numa nuvem da web (cloud computing), que permanecem disponibilizadas e independentes de gerenciamento ativo, mas que ciclicamente retornarão às lembranças desses momentos lamentosos.

As  queimadas propositais, tanto da vegetação das florestas quanto dos insultos expressos, injurias ocorridas e emitidas recentemente, demonstram as atitudes ou a falta delas em relação aos procedimentos comportamentais inerentes a chefes de governo quanto à concretização (ou não) de uma intenção ou propósito de alguém (anímico) que tem e preza sua alma e um caráter comedido. 

Afirmativas de que ocorrem incêndios na Amazônia constantemente são reles justificativas, assim como a falsidade dos índices de desmatamento. Convivemos diariamente com pesquisas fabricadas e “fakeadas” dessa mesma origem e somos submetidos ao constrangimento pelas palavras incendiárias que nos colocam atônitos diante dos despropósitos replicados na mídia. 

Nestes termos, não há comparação entre as discussões dos mandatários envolvidos no confronto atual quanto à educação e o respeito ao considerar que, para ser educado, é preciso tratar o adversário político com o respeito próprio que o cargo exige, pois cabe a um presidente eleito de um país uma visão real de futuro; saber mobilizar e defender as grandes causas sociais, exercer liderança com sabedoria, concisão, precisão, prestar contas sem ambiguidades, falsidades, patacoadas e impropérios.

O histórico das queimadas leva a “queima do nosso filme” no planeta.

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O papel da IA no bem-estar moderno

21/03/2025 07h45

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Os últimos anos foram marcados por transformações em várias esferas da sociedade, e um dos conceitos que mais mudou e ganhou novos significados foi o de bem-estar. Se antes ele era relacionado principalmente com a saúde mental e física, hoje em dia já abrange diversos outros fatores, como qualidade de vida, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, segurança e experiências personalizadas.

Esse cenário levou ao crescimento da economia do bem-estar, que, segundo dados do Global Wellness Institute (GWI), alcançou US$ 6,3 trilhões em 2023, montante 25% maior do que o valor avaliado em 2019 (US$ 4,9 trilhões). Para 2028, a expectativa é que o setor chegue a US$ 8,9 trilhões, o que reforça como essa pauta já é uma forte tendência.

Porém, vale destacar que os avanços nesse mercado foram possíveis, entre outros fatores, por conta da evolução da tecnologia, que ampliou o acesso a soluções inovadoras, otimizou processos e possibilitou a personalização do bem-estar de acordo com as necessidades individuais. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental, contribuindo ainda mais para que o bem-estar seja mais acessível e flexível.

Temos diversos exemplos que comprovam como as soluções inovadoras trazidas pela popularização da IA impactam diretamente o autocuidado e a forma como interagimos com o mundo: no setor da saúde, startups brasileiras como a Pipo Saúde utilizam a tecnologia para oferecer suporte a diagnósticos e otimizar o atendimento médico, permitindo que milhões de pessoas tenham acesso a serviços de saúde de forma mais eficiente. O bem-estar emocional também foi impulsionado com soluções como a da Vittude, uma plataforma que conecta pacientes a psicólogos por meio de IA, democratizando o acesso a cuidados mentais.

No que diz respeito ao bem-estar corporativo, ferramentas desenvolvidas por empresas como a Gupy ajudam organizações a monitorar o nível de satisfação dos funcionários e sugerem ações para melhorar o ambiente de trabalho, reduzindo o estresse e, consequentemente, aumentando a produtividade.

Outro exemplo do impacto positivo da IA no bem-estar moderno está na personalização do entretenimento, com plataformas como Spotify e Netflix, que usam IA para sugerir conteúdos que correspondem aos interesses do usuário, e do aprendizado, com ferramentas como o Duolingo, que usam IA para personalizar o ensino, tornando essa jornada mais eficaz e menos desgastante para os estudantes.

Acredito que essa tendência de sofisticação das tecnologias baseadas em IA vai tornar a busca pelo bem-estar completo ainda mais fácil. Desde aplicativos que monitoram padrões de sono e alimentação a assistentes virtuais que ajudam a gerenciar tarefas cotidianas, é fato que a tecnologia seguirá transformando a forma como cuidamos do nosso corpo, mente e relações.

Porém, não podemos esquecer que o segredo para o uso eficaz da IA nesse contexto inclui necessariamente o desenvolvimento ético dessas tecnologias, para que sejam seguras, inclusivas e realmente focadas no bem-estar humano.

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Financiamento rural e a reforma tributária

21/03/2025 07h15

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Os Fiagros são os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais. Criados em 2021, são ativos de investimento do agronegócio, seja de natureza imobiliária rural, seja de atividades relacionadas ao setor. O Fiagro acabou se tornando uma fonte alternativa de financiamento para o produtor rural, de modo a não depender exclusivamente dos bancos e do Plano Safra.

Entretanto, em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta a reforma tributária, mas vetou trechos que previam a isenção de tributos para os Fiagros e para os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). Esses trechos isentariam tais fundos da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

A justificativa do governo para o veto foi a ausência de autorização constitucional para que esses fundos não fossem considerados contribuintes do IBS e da CBS. Isso pode impactar diretamente o crédito para os produtores rurais. É uma insensatez e ilógico o que o presidente fez.

Os Fiagros são fundos em que as pessoas podem investir e que funcionam como fontes de financiamento para o agronegócio. No mundo inteiro, os fundos já são mais representativos do que os bancos. Esse tipo de fundo tem crescido bastante, pois permite também que investidores urbanos participem do setor agroindustrial, aproveitando o potencial do agronegócio brasileiro.

O Brasil conta com cinco grandes bancos e cooperativas de crédito, além de seis linhas de crédito disponíveis para o agronegócio. Há também o Plano Safra, que atende apenas uma pequena parte da produção. Dessa forma, os agricultores ficam nas mãos desses bancos e frequentemente enfrentam desafios para a concessão de crédito, tornando-se dependentes das instituições financeiras, que impõem taxas, garantias e burocracias muitas vezes incompatíveis com a realidade do setor.

Prova maior da importância de financiamentos alternativos é a notícia da suspensão do Plano Safra. O Tesouro Nacional decidiu suspender novas contratações dessas linhas de financiamento 2024-2025. A medida vale a partir de 21 de fevereiro. O governo, sempre correndo para remediar em vez de prevenir, editou a MP nº 1.289/2025, liberando 4,17 bilhões para conter a pressão do segmento. Ainda assim, é insuficiente para o que o setor demanda de fomento. 

Os fundos representam um novo universo, uma nova possibilidade de financiamento com juros menores, pois, muitas vezes, esse capital vem do exterior. Os investidores estrangeiros não estão acostumados com os juros elevados do Brasil e, portanto, taxas mais baixas já são atrativas para eles. O Fiagro é exatamente isso: uma fonte de financiamento. Além de financiar o campo, atualmente beneficia cerca de 600 mil investidores.

No momento, o Fiagro só paga imposto se houver mais de 100 cotistas no fundo, não sendo tributado pelo Imposto de Renda. Caso tenha menos de 100 cotistas, há a incidência de 15% de Imposto de Renda, cobrado apenas no momento do resgate do resultado pelo cotista. Além disso, o Fundo não paga PIS, Cofins ou ISS. Contudo, com esse veto presidencial, os Fiagros passarão a pagar os tributos previstos na reforma tributária, especificamente o IBS e a CBS. Isso significa uma alíquota de até 28,5%, o que inviabilizará completamente esses fundos.

É importante lembrar que a logística no Brasil é muito cara, os produtores gastam muito com transporte, e os custos trabalhistas e tributários são elevados. Agora, o governo tenta transferir mais essa responsabilidade para o produtor. Vale ressaltar, mais uma vez, que quanto mais difícil for a vida do produtor, mais difícil será a vida do consumidor, que verá o impacto nos preços dos produtos agropecuários nas prateleiras dos supermercados.

A nossa expectativa é que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifeste firmemente sua discordância com o veto e atue no Congresso para derrubá-lo. A tributação desses fundos compromete a competitividade do setor, aumenta os custos para os produtores, reduz a oferta de crédito no agronegócio e, por consequência, eleva os preços dos alimentos para o consumidor final.

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