É recentíssima, interessante, dramática, assustadora a reportagem que nos ofereceu à leitura, pelo Correio do Estado, o perspicaz jornalista Silvio de Andrade, pesquisador das coisas do Pantanal ao destacar a evolução das águas que extravasam os contornos do quase furibundo rio Taquari.
Quem conheceu de antanho esse caudal d’água como uma importante via para a integração territorial de nosso País, condena seu estado de torpor, manifesta sua decepção pela ausência do poder público que se nega voltar-lhe a atenção que merece. O rio Taquari é um desastre ecológico. Extensas áreas estão cobertas por um manto d’água, onde nem peixe frequenta. O sofrido homem pantaneiro já denominou tais áreas como “um deserto de águas”.
Como senador da República, juntei-me aos senadores Delcídio Amaral e Wlademir Moka e fomos presentes para clamar do governo federal providências para a recuperação do Taquari: audiências públicas, reuniões com ministros de estado, órgãos da administração superior (IBAMA, SUDECO, etc) foram amiudadas. Delas obtivemos promessas, promessas! Nos escaninhos dos ministérios existem substanciosos relatos da situação calamitosa do rio Taquari, estudos técnicos de viabilidade. No entretanto, percebi não há vocação governamental para iniciar um efetivo processo de enfrentamento por uma solução – um pontapé inicial. Uma modorra governamental, isto sim.
Recursos orçamentários foram incluídos por emenda conjunta por nós, então senadores sul-mato-grossenses. Para iniciar os trabalhos de recuperação do rio Taquari desde suas nascentes na região planaltina foram adequados recursos, só que não há, absolutamente não tem havido, o senso público das autoridades da República. É lamentável a realidade.
Tudo irá ficar na lembrança como hecatombe de um rio que foi o caminho fluvial para a conquista e extensão do território brasileiro para os largos horizontes do oeste sul-americano. No passado, foi o condutor do ouro lendário extraído das bandas cuiabanas. Foi e ainda o é, nas imensas planícies que o margeiam, fonte a verter o criatório bovino, uma economia vibrante que nos orgulha. Toda essa riqueza está no limiar de um sonho tumultuado de uma tempestosa noite de verão.
Confesso que mantenho a esperança. Claro, não com esse insensível governo federal. Sua inanição administrativa flagrante não inspira mais confiança em ações concretas em favor do desenvolvimento nacional, nada obstante sua falácias. A minha confiança se estratifica no estado de espírito pela preservação de nosso meio ambiente – que é de sopro internacional – que há de acicatar com programas inclusive da recuperação do leito histórico do nosso Taquari, salvando-o do estado agônico atual.