A instabilidade climática causada por uma frente fria associada a um ciclone extratropical, estacionado no Oceano Atlântico, provocou chuvas intensas em Mato Grosso do Sul na noite desta segunda-feira (2). O fenômeno atingiu diversas cidades do Estado, e em Aral Moreira foram registrados quase 235 milímetros nas últimas 24 horas.
O meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Vinicius Sperling, explicou ao Correio do Estado que as chuvas registradas em Mato Grosso do Sul são resultado de uma baixa pressão atmosférica vinda do Paraguai e da Bolívia, que se chocou com a frente fria associada ao ciclone estacionado no Oceano Atlântico, longe do continente. Por isso, a influência do ciclone no Estado foi indireta.
"Como mostram as imagens, o ciclone não atingiu o continente, afastando-se de vez. Em Mato Grosso do Sul, a instabilidade registrada nas últimas horas não foi causada diretamente pelo fenômeno, mas ele contribuiu para o aumento da instabilidade no tempo", relatou.
Sobre as chuvas intensas que atingiram Aral Moreira nas últimas horas, o meteorologista Vinicius Sperling destacou que o ocorrido foi uma situação atípica que requer maior atenção. A média de precipitação esperada para todo o mês na cidade é de 181 milímetros, mas, em apenas um dia, o acumulado superou essa expectativa mensal.
"Aral Moreira não é uma cidade localizada em um vale onde as nuvens tendem a ficar estacionadas. O que ocorreu foi que as nuvens permaneceram girando sobre a região e, devido à ausência de ventos fortes, acabaram se concentrando na cidade, provocando essa quantidade impressionante de chuva nas últimas horas. Desde que estou à frente do Cemtec, nunca presenciei um volume tão intenso de precipitação em tão pouco tempo", relatou.
Madrugada chuvosa
Além de Aral Moreira, o município de Maracaju, a 159 quilômetros de Campo Grande, acumulou 105 milímetros de chuva nas últimas 24 horas. No ano passado, neste mesmo período, a cidade registrou 30 milímetros, enquanto a média histórica de precipitação na região é de 200 milímetros.
Outro município que registrou chuvas intensas foi Juti, com 92 milímetros de precipitação em poucas horas.
As chuvas em Mato Grosso do Sul devem persistir até a próxima quinta-feira (5). A previsão do tempo divulgada pelo Cemtec indica variação na nebulosidade, com chuvas de intensidade fraca a moderada, de forma isolada.
Ainda segundo os dados meteorológicos, há possibilidade de chuvas mais intensas, acompanhadas de raios, rajadas de vento e, eventualmente, queda de granizo.
Cemaden envia alerta
Campo Grande registrou 12,6 mm de chuva nas últimas 24 horas. Embora o valor seja relativamente baixo, uma quantidade dessa em poucas horas pode causar estragos e alagamentos.
Preocupado com a possibilidade, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) emitiu um alerta para a ocorrência de eventos hidrológicos nas regiões centro-norte de Mato Grosso do Sul, especialmente na região metropolitana de Campo Grande. O alerta se deve à previsão de pancadas de chuva isoladas, que podem ser localmente fortes, aumentando o risco de alagamentos urbanos em áreas com drenagem deficiente, enxurradas e inundações bruscas de córregos.
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), preocupado com a segurança da população, emitiu um alerta sobre o ciclone extratropical, informando que as precipitações em todas as cidades de Mato Grosso do Sul devem variar entre 30 e 60 mm/h, podendo alcançar até 100 mm por dia.
Os avisos meteorológicos indicam possibilidade de queda de granizo e risco de interrupção no fornecimento de energia elétrica, além de danos a plantações, queda de árvores e alagamentos.
Em caso de rajadas de vento, evite se abrigar sob árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas. Além disso, não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de publicidade. Se possível, desligue os aparelhos elétricos e o quadro geral de energia em situações de risco.
Informações, entre em contato com a Defesa Civil no 199 e também com o Corpo de Bombeiros no 193.