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Com recurso de R$ 18 milhões, Ladário remodelará orla fluvial

Empreendimento é um dos maiores da cidade e custo do projeto é 23% do orçamento anual do município

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Em Ladário, uma proposta de remodelação do porto vem sendo discutida há mais de uma década, porém a implantação estava longe de ocorrer até esta semana.

 O investimento milionário para esse tipo de obra brecava esse sonho. 

O que mudou de cenário a partir desta terça-feira (7) é que o recurso para implantação da modernização da orla portuária de Ladário foi sinalizado e o projeto tramitando na Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste) passou a caminhar. 

A obra vai custar mais de R$ 18 milhões e o dinheiro para financiar a construção será do governo federal, a partir de emendas.

Apesar da tradição portuária, a região de Corumbá e Ladário, cidades que ficam às margens do rio Paraguai, há tempos não tem uma área remodelada e moderna para barcos atracarem no porto desses municípios.

 Muito menos o uso dessas áreas com paisagismo adaptado para o turismo.  

Integrante da Comissão Mista de Orçamento da União, o deputado Dagoberto Nogueira (PDT) veio ao município de 22 mil habitantes para confirmar que o recurso será disponibilizado.

Em outro movimento para permitir que o investimento seja viabilizado, a prefeitura local foi a Brasília (DF) nesta semana e protocolou na Sudeco, nesta quarta-feira (8), documentação que era exigida para haver análise e designação da licitação.

A Sudeco e a Prefeitura de Ladário passaram a tratar do convênio para obras de modernização da Orla Fluvial no município em 2020. 

O convênio nº 90575/2020 foi celebrado em 31 de dezembro de 2020 e tem valor previsto de R$ 18.251.743,92. 

Esse volume de investimento para a cidade é considerado muito alto, principalmente na comparação com a previsão de receitas para 2021 de Ladário que, conforme legislação, é de R$ 76.500.000,00. 

A previsão de remodelação da orla corresponde a cerca de 23% do total orçamentário do governo municipal. Além do investimento federal, a prefeitura local tem contrapartida de R$ 184.791,60.

Esse contrato de obra milionária foi firmado entre a superintendente substituta Franciane Soares do Nascimento e o prefeito Iranil de Lima Soares (DEM), com vigência de duração até 31 de dezembro de 2022. 

Por conta desse prazo, a corrida para garantir que o recurso fosse viabilizado era urgente e mesmo com a autorização ocorrendo neste mês de dezembro, é provável que o contrato precisará ser aditado porque a obra da remodelação tem previsão, no projeto executivo, para durar 30 meses, ou 2 anos e meio.

“A obra da revitalização da Orla Turística Portuária de Ladário não estava travada." 

"Recebemos o recurso através de emenda do senador Nelsinho Trad (PSD), que destinou R$ 18 milhões para esse projeto, e seguimos todos os trâmites necessários junto a Sudeco para aprovação do projeto de engenharia." 

"São várias fases a serem cumpridas e o município tem obtido êxito em todas elas”, aponta o secretário de Administração Luciano Jara, que foi a Brasília com o prefeito para tratar da proposta.

Quando um município de pequeno porte como Ladário envolve-se em um projeto de grande estrutura, muitas vezes a equipe disponível para cuidar de toda a burocracia nem sempre é suficiente. 

“Reunimos com a Diretoria de Implementação de Programas e Gestão de Fundos, bem como setor técnico para tratar dos últimos detalhes antes de recebermos a autorização para licitar os serviços, inclusive a cláusula suspensiva já foi superada, ou seja, o município já atendeu as condicionantes técnicas necessárias para aprovação do projeto”, assegura o secretário de Administração de Ladário.

O projeto da remodelação da Orla Fluvial de Ladário já está cadastrado na plataforma Mais Brasil, do governo federal. Esse é o sistema que aponta os convênios que a União tem com os municípios. 

Todos os projetos aprovados precisam aparecer nesse sistema e estarem com cláusulas livres para que a licitação seja liberada para ocorrer.

 Com a entrega do projeto de engenharia feita na quarta-feira (8), um novo passo é aguardado para tornar o projeto realmente realidade e em canteiro de obras. 

“Estamos aguardando autorização da Sudeco para licitar. Tãologo seja autorizado, estaremos licitando”, assegura Luciano Jara.

Por conta da magnitude da proposta, essa construção, quando estiver pronta, representará um divisor de águas para Ladário. 

Atualmente, o porto está obsoleto e praticamente sem estrutura para que barcos ancorem e incentive a visita de moradores e turistas.

A Prefeitura de Ladário ainda não concluiu o estudo direto do impacto econômico que a obra irá gerar no caixa, mas o secretário de governo sugere que será possível tratativas para aumentar o número de empresas de barcos-hotéis que utilizam a região.

“Trará enormes benefícios à população, fomentando o turismo e a economia local." 

"Os barcos-hotéis da região já procuram se instalar na cidade para poder atender os turistas. A expectativa é a melhor possível em termos de aumento de arrecadação”, indica Jara.

No porto do município, só três empresas atualmente utilizam a estrutura para embarque e desembarque de turistas. 

A grande maioria desse tipo de serviço hoje está concentrada em Corumbá, que apesar de também não ter uma Orla Fluvial estruturada, possui melhor capacidade que a Pérola do Pantanal.

As empresas que operam na cidade foram procuradas, mas algumas retornaram para a reportagem que ainda tinham poucas informações em torno do projeto e não iriam pronunciar-se.

RECURSO CURTO

A viabilidade de criar uma orla portuária adequada para Ladário vinha sendo tratada na região há mais de 10 anos.

 Porém, o que não avançava era que o tamanho do investimento exigido representava em verba que o município não obtinha e também não tinha caixa para bancar.

O primeiro passo para conseguir avançar nessa medida foi a obtenção do projeto executivo da obra, que foi garantido após uma parceria da Prefeitura com a Vale.  

A empresa bancou R$ 685 mil para que essa etapa fosse cumprida. Em 2014, por exemplo, a previsão de investimento para revitalizar a orla estava na faixa dos R$ 11 milhões.  

Sem garantir o financiamento, o projeto seguiu adormecido e voltou a ser tratado em 2017, quando o valor já havia subido para R$ 14 milhões.

Sem a liberação efetiva de recursos, novamente o tema ficou no ostracismo. 

Agora em 2020/2021, os sinais mais claros de que seria possível viabilizar o empreendimento surgiu, e com um custo de mais R$ 18 milhões, cerca de 63% acima do que era previsto quando o tema estava sendo discutido inicialmente.

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baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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