Cidades

TRANSPORTE PÚBLICO

Consórcio diz não ter recursos e greve por tempo indeterminado pode começar no sábado (21)

Enquanto motoristas esperam aumento salarial e incorporação de benefícios, concessionária aguarda que Prefeitura estabeleça e cumpra a tarifa técnica

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Mais uma vez a questão do transporte público chega à um impasse em Campo Grande, com o Consórcio Guaicurus alegando não ter recursos para assumir as despesas solicitadas pelos motoristas, que por sua vez esperam ajuste salarial, incorporação de benefícios e, com edital lançado, categoria pode entrar em greve por tempo indeterminado já no sábado (21). 

Na manhã desta quarta-feira (18) as ruas da Capital amanheceram sem ônibus nas ruas e, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU-CG), Demétrio Freitas, a categoria não queria chegar até esse ponto mas, após dois meses de negociação essa foi a única forma que a classe encontrou de ser ouvida. 

"Agora a gente vai fazer a coisa legal, com edital, assembleia, aí sim uma greve. Se não chamarem a gente até lá, aí não tem dia, é tempo indeterminado", disse. 

Com a categoria tendo seu último reajuste salarial ainda em 2021, para a negociação atual, segundo Demétrio, o Consórcio apresentou apenas o acumulado de 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor, que equivale a um reajuste de 6,5%, bem distante dos 16% buscado pelos motoristas. 

"Nossa data-base é 18 de novembro. Fizemos quatro rodadas de negociações antes da virada do ano. Aí foi pedido para a gente segurar, primeiro até o dia 10, quando eu oficializei que não dava para esperar mais. Pediram para aguentar até dia 17, quando me chamaram e disseram que não tinha jeito e que sentar a gente não ia mais", explica o presidente do STTCU-CG.

Segundo Demétrio, desta vez, quando apontado pela concessionária que o aumento era inviável, até mesmo o índice foi retirado. 

"E nós temos que discutir outras questões, como de alimentação; saúde; Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que nós temos também. Tudo tem que ser discutido... nem isso nas reuniões eles entraram em discussão, foi só o salário oferecendo a reposição". 

Ainda, ele frisa que não pretendiam chegar nesse ponto [de paralisação] e que, na verdade, enquanto sindicato, não participam das reuniões que acontecem entre a Prefeitura e o Consórcio Guaicurus. 

"Não sei o que se discute lá. Se não dá, a gente toma uma atitude, o que não dá é para ficar esperando pois já estamos nessa há dois meses. Nosso serviço é essencial, não pode estar parando porque tem consequência. Da última vez que paramos fui parar no tribunal", comentou. 

Busca por direitos

Ele lembra que, pelo trâmite legal para instauração de uma greve, a categoria fica à mercê do que é decidido pelo tribunal, por muitas vezes sendo obrigada a manter um percentual da frota rodando. 

"Só que esse tipo de paralisação que fizemos hoje, é realmente para ter impacto... já fizemos um estrago hoje. Quando você faz uma paralisação toda programada, igual vai ser caso não tenha acordo, todo mundo já está esperando e preparado", comenta o presidente.

Demétrio ainda destaca que, inclusive pelo trabalho da imprensa de divulgar com antecedência a paralisação, o movimento dos motoristas não pegou muita gente de surpresa.  

"Estamos esperando, tomara que chamem a gente, que não chegue nesse caso de parar por tempo indeterminado. Já teve caso aqui de paralisação de 10 dias direto lá no passado. POrque um dia ou dois não dá nada, agora é ver até quando o consórcio vai aguentar, que para eles não é viável", aponta.  

Lado do Consórcio 

Em entrevista ao Correio do Estado, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, explica que a concessionária não encerrou as negociações com a categoria. 

"Chegamos num estágio que não temos como avançar nas negociações, definindo as despeses que envolvem aumento e custeio da folha de pagamento", pontuou. 

Alegando não ter recursos financeiras para assumir o que seria uma depesa, com o reajuste salrial, ele afirma que o Consórcio não pode sequer renovar frota ou investir em novas tecnologias, dependendo de uma atualização da tarifa técnica por parte da prefeitura. 

"Não estou jogando pedra no poder público. Em uma comparação simplista, você deve gastar de acordo com o que você recebe, então não vamos assumir um compromisso que não iremos conseguir cumprir". 

Ele lembra que, em 2019, o Tribunal de Contas realizou auditoria no sistema de transporte, fiscalizando as agências de de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (Agereg) e Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), por onde foi constatada 19 irregularidades.

Depois, foi fixado um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG), que por sua vez foi assinado pela Prefeitura e Câmara Muncipal, além do própria concessionária. 

"Entre essas [irregularidades], eu chamo de principal o recurso financeiro, pois é mola propulsora para essas discussões. A prefeitura ainda não cumprir, não trouxe de volta a segurança financeira e juridica ao transporte, então ela está deixando o sistema frágil". 

Rezende explica que, em janeiro do ano passado, a atual gestão chegou ao cálculo da tarifa, que elevava a passagem para R$ 5,15, mas o então prefeito - Marquinhos Trad - decretou o preço ao público em R$ 4,40 e, conforme o presidente do Consórcio justamente essa diferença entre os valores seria o que o sistema precisa receber para funcionar. 

"Fica parecendo que é o consórcio o causador de toda essa paralisação. O transporte é um serviço público, igual um posto, escola, igual coleta do lixo,. é obrigação da prefeitura de deixar funcionando e não é com recurso de empresário privado, tem que ser com subsídio", complementou.

Ainda, vale lembrar que atualmente o Consórcio Guaicurus recebe subsídios que garantem a gratuidade de estudantes, tanto municipais quanto estaduais, além de idosos e pessoas com deficiência que, segundo João Rezende, seria para poder complementar a tarifa de 5,15 que a prefeitura não decretou.

Por fim, sobre o possível movimento grevista, ele expõe que o Consórcio continua "se movimentando", para poder evitar que uma nova paralisação, dessa vez em greve, se repita e que as partes cheguem o quanto antes a uma decisão. 

"Pra mim pode chamar do que quiser, parada, paralisação, não interessa, interessa que o povo tá rodando a pé. Não quero tirar das nossas costas e colocar na gestão municipal. O transporte público é um serviço que é obrigação da prefeitura financiar. Quem tem que pagar pelo transporte é a prefeitura e quem usa. E o empresário tem que receber o que precisa, se não, não toca".

 

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Espaço

Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena

Eles detectaram impressões digitais químicas de gases.

17/04/2025 23h00

Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena

Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena Divulgação

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Em uma descoberta potencialmente marcante, cientistas que utilizam o Telescópio Espacial James Webb obtiveram o que consideram os mais fortes sinais de possível existência de vida além do sistema solar, detectando na atmosfera de um planeta alienígena as impressões digitais químicas de gases que na Terra são produzidos apenas por processos biológicos.Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígenaCientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena

Os dois gases -- sulfeto de dimetila e dissulfeto de dimetila -- envolvidos nas observações do planeta denominado K2-18 b pelo Webb são gerados na Terra por organismos vivos, principalmente vida microbiana, como o fitoplâncton marinho.

Isso sugere que o planeta pode estar repleto de vida microbiana, disseram os pesquisadores. Eles enfatizam, no entanto, que não estão anunciando a descoberta de organismos vivos, mas sim de uma possível bioassinatura - indicador de um processo biológico -- e que os resultados devem ser vistos com cautela, sendo necessárias mais observações.

Os cientistas manifestaram entusiasmo, no entanto. Esses são os primeiros indícios de um mundo alienígena que pode ser habitado, disse o astrofísico Nikku Madhusudhan, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, principal autor do estudo publicado no Astrophysical Journal Letters.

""Este é um momento transformador na busca por vida além do sistema solar, em que demonstramos que é possível detectar bioassinaturas em planetas potencialmente habitáveis com as instalações atuais. Entramos na era da astrobiologia observacional", afirmou Madhusudhan.

Ele observou que há vários esforços em andamento na busca de sinais de vida no sistema solar, incluindo suposições de ambientes que podem ser propícios à vida em lugares como Marte, Vênus e diversas luas geladas.

K2-18 b é 8,6 vezes mais maciço que a Terra e tem diâmetro cerca de 2,6 vezes maior que o do nosso planeta.

Ele orbita na "zona habitável" -- distância em que a água líquida, um ingrediente fundamental para a vida, pode existir em uma superfície planetária -- em torno de uma estrela anã vermelha menor e menos luminosa que o nosso Sol, localizada a cerca de 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, ou seja, 9,5 trilhões de quilômetros. Outro planeta também foi identificado orbitando essa estrela.

Mundo oceânico

Cerca de 5.800 planetas além do nosso sistema solar, chamados exoplanetas, foram descobertos desde a década de 1990. Os cientistas levantaram a hipótese da existência de exoplanetas cobertos por um oceano de água líquida habitável por microorganismos e com atmosfera rica em hidrogênio -- os chamados mundos oceânicos.

Observações anteriores do Webb, que foi lançado em 2021 e entrou em operação em 2022, identificaram metano e dióxido de carbono na atmosfera do K2-18 b, primeira vez que moléculas à base de carbono foram descobertas na atmosfera de um exoplaneta na zona habitável de uma estrela.

"O único cenário que atualmente explica todos os dados obtidos até agora pelo JWST (James Webb Space Telescope), incluindo as observações passadas e presentes, é aquele em que o K2-18 b é um mundo oceânico repleto de vida", disse Madhusudhan. "No entanto, precisamos estar abertos e continuar explorando outros cenários."

Madhusudhan disse que com os mundos oceânicos, se existirem, "estamos falando de vida microbiana, possivelmente como a que vemos nos oceanos da Terra".

A hipótese é que seus oceanos sejam mais quentes do que os da Terra. Questionado sobre possíveis organismos multicelulares ou até mesmo vida inteligente, Madhusudhan disse: "Não poderemos responder a essa pergunta neste estágio. A suposição básica é de vida microbiana simples".

O DMS e o DMDS, ambos da mesma família química, são considerados como importantes bioassinaturas de exoplanetas. O Webb descobriu que um ou outro, ou possivelmente ambos, estavam presentes na atmosfera do planeta com um nível de confiança de 99,7%, o que significa que ainda há chance de 0,3% de a observação ser um acaso estatístico.

Os gases foram detectados em concentrações atmosféricas de mais de 10 partes por milhão por volume.

"Para referência, isso é milhares de vezes mais do que suas concentrações na atmosfera da Terra e não pode ser explicado sem atividade biológica com base no conhecimento existente", afirmou Madhusudhan.

Cientistas que não participaram do estudo aconselham cautela.

"Os dados ricos do K2-18 b o tornam um mundo tentador", disse Christopher Glein, cientista principal da Divisão de Ciências Espaciais do Southwest Research Institute, no Texas.

"Esses dados mais recentes são uma contribuição valiosa para nossa compreensão. Entretanto, devemos ter muito cuidado para testar os dados da forma mais completa possível. Estou ansioso para ver trabalhos adicionais e independentes sobre a análise de dados, que começarão já na próxima semana."

*(Reportagem adicional de Stuart McDill)

Guerra

Rússia e EUA discutem proposta de paz para Ucrânia em conversa entre Lavrov e Rubio

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, abordaram os esforços para encerrar o conflito na Ucrânia

17/04/2025 20h00

Rússia e EUA discutem proposta de paz para Ucrânia

Rússia e EUA discutem proposta de paz para Ucrânia Divulgação

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Em conversa telefônica nesta quinta-feira, 17, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, abordaram os esforços para encerrar o conflito na Ucrânia, com Washington apresentando uma proposta de paz e Moscou mantendo sua disposição ao diálogo, segundo comunicados oficiais de ambos os países.

O Ministério das Relações Exteriores russo informou que Rubio, que está em Paris para discussões com aliados europeus e ucranianos, detalhou a Lavrov seus recentes contatos diplomáticos. O ministro russo "reafirmou a disposição de Moscou em continuar o trabalho conjunto com os colegas americanos para eliminar de forma confiável as causas fundamentais da crise ucraniana", segundo a nota da Rússia.

Do lado americano, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que Rubio apresentou a Lavrov a mesma proposta de paz discutida com europeus e ucranianos. "O presidente Donald Trump e os EUA querem que esta guerra termine, e apresentaram a todas as partes os contornos de uma paz duradoura e sustentável", declarou.

A nota americana destacou a "recepção encorajadora" à proposta em Paris, sugerindo abertura das partes para negociações. Enquanto isso, o comunicado russo enfatizou o acordo em manter "comunicação ativa", especialmente antes das próximas reuniões diplomáticas previstas para a semana que vem.

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