Cidades

SUMIU O PÓ DA DELEGACIA

Delegado que furtou cocaína queria interceptar promotores em estrada para não ser descoberto

Queria tomar provas colhidas pelo Gaeco com comparsa

RAFAEL RIBEIRO

30/08/2019 - 16h14
Continue lendo...

A denúncia entregue pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul à Justiça sobre o furto de quase 100 quilos de cocaína de dentro do 1º DP de Aquidauana complicou de vez a situação do então delegado titular do local, Eder Oliveira Moraes, preso pelo crime. Em escutas telefônicas grampeadas de conversas dele com a advogada Mary Stella Martins de Oliveira, outra acusada do caso, ele sugeriu "interceptar" carro com promotores que cumpriram mandados de busca e apreensão na cidade e na casa dela. Para o MPE, o plano era de matar os servidores do judiciário se isso servisse para impedir que se descobrisse sua participação no caso.

A conversa que veio à tona aconteceu em 11 de junho, após o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) entrar no caso junto da Corregedoria da Polícia Civil. Na ocasião, estava em suspeita a participação de Mary Stella no caso. E foi feita uma busca em sua e escritório particular. 

No mesmo dia, segundo os autor na Justiça, Moraes comprou um novo chip de celular para conversar com a cúmpllice. 

Segundo a transcrição da conversa, o tom foi duro. Para não descobrirem sua participação no caso, o delegado sugeriu que o veículo do MPE fosse "interceptado" na BR-262 antes que chegasse em Campo Grande. 

O entendimento dos promotores é que a quadrilha faria de tudo, inclusive matar os ocupantes do veículo, para reaver as provas, principalmente um dos celulares da advogada por onde os dois conversavam. A ideia foi refutada por ela.

DETALHES

Ainda de acordo com a denúncia, o MPE apontou que Moraes deixou destrancada a janela da sala onde ficou a carga de cocaína de propósito, para facilitar o acesso dos contratados ao local.

Os 101,1 quilos de cocaína foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal no dia 30 de maio. A droga teria como destino São Paulo (SP). O primeiro contato do delegado com a advogada para organizar o furto aconteceu no dia 3 de junho.

Segundo a denúncia, a imensa quantidade de droga, de qualidade pura, disponível sob seus cuidados, despertou a cobiça de Moraes. Na organização do crime, o delegado e Ronaldo Alves de Oliveira, marido de Mary Stella, calcularam que poderia ganhar até R$ 25 mil por quilo.

Ainda de acordo com a denúncia, o delegado indiciou o trajeto dos contratados para o serviço fazerem até a sala, não só quebrando a tranca interna da janela e deixando a do banheiro aberta, como deixando luzes acessas e apagadas de forma estratégica.

O CASO

A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul descobriu que o furto de quase 100 quilos de cocaína de dentro do 1º DP de Aquidauana foi o estopim de um esquema de corrupção policial que vai além da negociação de drogas e outros itens apreendidos pelos investigadores: extorsão e venda da liberdade de presos pelo antigo delegado titular do local, Éder de Oliveira Moraes.

O Correio do Estado apurou que há pelo menos três anos Moraes, preso desde o dia 24 de junho, atuava em parceria com a a advogada Mary Stella Martins de Oliveira, outra detida pela Corregedoria no caso do furto da cocaína.

O acordo era claro: no início, presos de menor potencial ofensivo, como devedores de pensão e portadores de pequena quantidade de droga, eram extorquidos pelo delegado, que exigia pagamento de uma quantia para liberá-los sem registro da ocorrência. 

Com o tempo, Mary se envolveu com Moraes e acusados presos por crimes de maior potencial, como roubos e tráfico, tinham a advogada recomendadapara fazer sua defesa. Novamente não se era feito o registro oficial dos procedimentos policiais. E a dupla dividia entre si a propina paga.

Nas investigações da Corregedoria, houve a apreensão de celulares e autorização de acesso a dados dos telefones dos dois, que ligaram o envolvimento do delegado, a advogada e seu marido, mais um dos detidos pelo caso, que já havia sido preso com 200 quilos de cocaína no interior de São Paulo e, em 2012, foi preso com 900 quilos de maconha no Estado.

Moraes é policial há 19 anos e já trabalhou nas delegacias de Rio Negro, Juti e Rio Verde. Ele estava há quatro anos como delegado em Aquidauana. Desde fevereiro a suspeita da relação dele com a advogada fez com que o Gaeco investigasse seus passos.

Mary, por outro lado, foi ex-procuradora jurídica da prefeitura de Aquidauana. Em 2010 foi condenada a três anos e seis meses de detenção por contratar, sem licitação, dois advogados para representar o município em um ação contra a Receita Federal.

A própria denúncia feita pelo MPE aponta como improvável não só a recuperação da droga, como a identificação dos compradores. Dois deles, identificados em extratos bancários da advogada, tiveram o pedido de prisão recusado pela Justiça.

O delegado foi denunciado por peculato e Lei de Drogas (concorreu para que outrem trouxesse consigo, transportasse, guardasse, vendesse e fornecesse drogas, sem autorização e em desacordo com a lei). 

Além dele e do casal, outras cinco pessoas foram acusadas formalmente.

Cidades

Pai e filho são presos por roubarem e sequestrarem idoso em MS

Um dos suspeitos já estava sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, mas havia instalado dois bloqueadores de sinal para dificultar o monitoramento pela AGEPEN

20/03/2025 17h00

Pai e filho são presos por roubarem e sequestrarem idoso em MS

Pai e filho são presos por roubarem e sequestrarem idoso em MS Divulgação

Continue Lendo...

Três homens, incluindo pai e filho, foram presos por envolvimento em um roubo cometido contra um idoso de 66 anos no município de Miranda, ocorrido na noite do dia 18 de março de 2025.

Na ocasião, os homens invadiram uma conveniência em Miranda, onde, além de subtrair jóias e outros pertences da vítima, mantiveram o idoso sob ameaça, utilizando uma arma de fogo. Após tomar conhecimento do crime, o DRACCO iniciou as investigações para identificar os responsáveis, recuperar os objetos roubados e apreender a arma usada no crime.

A operação contou com a troca de informações entre as equipes do DRACCO e as Polícias Civil e Militar de Bonito. Após diligências, os policiais identificaram três suspeitos: I.P.O. (50), líder do grupo, seu filho W.F.O.L. (26) e J.S.R.J. (34).

Já na tarde da última quarta-feira (19), o líder do grupo foi localizado enquanto se deslocava para Campo Grande, dirigindo um veículo GM/Onix de cor prata. Durante a busca no veículo, os policiais encontraram as jóias roubadas, que foram prontamente reconhecidas pela vítima.

Além disso, foi constatado que o suspeito estava sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, mas havia instalado dois bloqueadores de sinal para dificultar o monitoramento pela AGEPEN/MS.

Dando continuidade às investigações, policiais civis e militares de Bonito conseguiram prender W.F.O.L. e J.S.R.J. e apreenderam a arma usada no crime um revólver calibre .38 além de roupas e outros objetos relacionados ao crime.

Os três suspeitos foram autuados em flagrante pelos crimes de roubo contra pessoa idosa, com as qualificadoras de concurso de agentes, emprego de arma de fogo e restrição da liberdade da vítima. Vale ressaltar que tanto I.P.O. quanto seu filho W.F.O.L. possuem passagens na polícia, por crimes como roubos e extorsão mediante sequestro.

Assine o Correio do Estado

Cidades

Polícia indicia "falsa biomédica" que deformou paciente em Campo Grande

A suspeita, que não possui nível superior, foi investigada após quatro mulheres que passaram por procedimentos estéticos irem parar no hospital, e uma delas ficar com deformidades

20/03/2025 15h33

Crédito: Freepik

Continue Lendo...

Uma mulher de 27 anos, que atendia pacientes se passando por biomédica e esteticista e levou pacientes a diversas internações após o atendimento, foi indiciada pela Polícia Civil de Campo Grande.

A investigação teve início quando quatro mulheres que foram atendidas pela suspeita, que atuava em um espaço de coworking, apresentaram sintomas graves após um tratamento estético de preenchimento labial em setembro de 2024.

A suspeita sequer possui formação superior e, ainda assim, se apresentava para as clientes como biomédica e esteticista.

Para se ter ideia, depois de realizar o procedimento, as vítimas foram parar no hospital, passaram por atendimento médico e, em um dos casos, uma paciente precisou ser submetida a uma traqueostomia.

Os laudos do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) indicaram que, ocorreram lesões de natureza gravíssima, já que uma vítima acabou com deformidade permanente na região da mandíbula em decorrência de fibrose.

Investigação

Policiais da Segunda Delegacia de Polícia (2ª DP) apreenderam, na residência da investigada, medicamentos de uso estético que só podem ser utilizados por profissionais formados em medicina, odontologia e biomedicina.

Além disso, a medicação não estava armazenada da maneira indicada. Outro ponto é que os produtos não possuíam registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e foram importados ilegalmente.

Na casa da “falsa biomédica”, a equipe localizou um diploma de estética falsificado em nome de uma faculdade de Campo Grande, o que, segundo a investigação, foi utilizado para induzir os pacientes ao erro, já que confiavam na suposta formação técnica da profissional.

Ao analisarem o certificado, os peritos constataram que o documento era falso.

Com isso, a Polícia Civil acionou a Justiça, que proibiu a mulher de continuar atuando como esteticista. A suspeita foi indiciada por lesão corporal de natureza gravíssima, uso de produto medicinal sem registro na Anvisa, indução do consumidor a erro e uso de documento falso.

O próximo passo fica a cargo do Ministério Público, que definirá por quais crimes ela será denunciada. Para se ter ideia, somando apenas as penas mínimas dos delitos cometidos, a reclusão ultrapassa dez anos e pode chegar a mais de 25 anos no máximo.

“São, em geral, métodos invasivos, com injeção de medicação além da derme”, explica a delegada que atuou no caso, Bárbara Alves. “São procedimentos caros, então o interessado deve sempre desconfiar de preços muito promocionais e pesquisar antes se o profissional possui registro no conselho de sua categoria”, alertou a Polícia Civil.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).