Cidades

237 anos

Do sarrabulho ao "s" chiado, conheça a história da "Capital do Pantanal"

Corumbá está localizada às margens do Rio Paraguai e tem casarões como patrimônio

Da Redação

21/09/2015 - 00h00
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Corumbá é conhecida como a "Capital do Pantanal" porque tem 60% do território ocupado por essa planície alagada e, só neste ano, recebeu 115,9 mil turistas. 

A 444 km de Campo Grande está Corumbá, cidade que faz jus ao nome de origem tupi-guarani 'Curupah', cujo significado é lugar distante. 

Às margens do Rio Paraguai, ela foi se desenvolvendo com a pecuária, o minério e o turismo, atividades feitas por um povo caloroso, influenciado pela irradiação constante do sol que, também ilumina os paralelepípedos do centro e os prédios históricos do município que completa 237 anos nesta segunda-feira (21).

Dentre eles, muitos holandeses, franceses e ingleses interessados na fama do lugar, considerado o quarto melhor destino para apreciação da vida selvagem do mundo.

E não são apenas as belezas naturais que atraem, mas todo o conjunto arquitetônico e paisagístico da cidade, tombado como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1993.

O INÍCIO 

A ocupação da região Corumbá começou no início do século XVI, mais precisamente no ano de 1524, quando os portugueses chegaram ao local na expectativa de encontrar ouro. 

Essa ocupação influenciou desde a culinária até a fala dos corumbaenses que também foram formados por indígenas e bolivianos, conforme explica o historiador Waldson Luciano Correa Diniz, se referindo as características da cidade já no início do século XIX.

"Tinha uma grande população de indígenas guatós nessa região e os próprios índios bolivianos e depois começaram a chegar pecuaristas", detalhou. 

​Mas segundo Diniz, o "marco" do desenvolvimento da população ocorreu depois da Guerra do Paraguai, quando foram criados os destacamentos do Exército Brasileiro e da Marinha. "Houve um incremento da população de militares na região".

Durante a guerra, entre 1864 e 1870, Corumbá foi ocupada e destruída pelas tropas de Solano Lopez, mas a partir de 1870 a cidade foi retomada por Antônio Maria Coelho e reconstruída. 

Essa reedificação teve como característica a homenagem aos "heróis da guerra" por meio da identificação das ruas e praças.

"Temos a avenida Porto Carreiro, a Praça da Independência que formam uma espécie de familiaridade dos habitantes da cidade com a toponímia - designação dos lugares pelos seus nomes. 

A VIZINHANÇA 

E pelas principais ruas de Corumbá circulam, ainda hoje, os vizinhos bolivianos, especialmente as mulheres que, com suas roupas coloridas, tentam vender mercadorias nas feiras na cidade, lutando contra as políticas de proteção para os comerciantes nativos.

"Eles (bolivianos) têm uma resistência incrível. Alugam até garagem e começam a vender em pequenas lojinhas. Eles fazem parte do cenário urbano", declara Diniz. 

A saltenha, pastel assado recheado de frango desfiado, é uma das heranças que os bolivianos deixaram para os corumbaenses nessa relação de troca cultural.

GASTRONOMIA

E não foram apenas os moradores do outro lado da fronteira que influenciaram a culinária corumbaense, mas os paraguaios, portugueses, e, claro, os pantaneiros.

Segundo a pesquisadora em gastronomia Lídia Aguilar Leite, os pratos que surgiram na cidade propriamente dita foram o sarrabulho, o pintado à urucum e o sorvete de bocaiúva.

"O mestre João recebia turistas e levava para observarem a natureza  no maciço do Urucum, depois preparava o peixe. 

Já o sarrabulho foi criado por Eleutério Gouveia, um português que trabalhava na construção da estrada que liga o Brasil e a Bolívia. 

Em Portugal, o prato é feito com miúdo de porco, mas ele resolveu fazer com miúdo de gado e foi o que deu certo. O sorvete foi inventado por uma senhora, a dona Benedita ", detalha a pesquisadora.

Da Bolívia, além da saltenha, Corumbá "aderiu" ao picalomacho e ao arroz boliviano que acabou sofrendo adaptações. 

Do Paraguai, a sopa que leva o mesmo do país, a chipa-guaçu e o bori-bori. Por fim, com os pantaneiros, os corumbaenses aprenderam a fazer o macarrão de comitiva e o quebra-torto, café da manhã reforçado, com direito a arroz carreteiro. 

SOTAQUE 

Outra característica marcante em Corumbá é a fala dos corumbaenses em que o "s" ao final das palavras assemelha-se ao som do "x". "Esse "s" veio com portugueses durante o movimento de expansão das terras e depois com essa mistura dos corumbaenses com os cariocas por causa da Marinha, acabou intensificando", explica a professora doutora Rosângela Villa da Silva. 

Ainda segundo ela,  O "t" e o "r" são pronunciados de forma diferente da dos cariocas.

"O 'r' não é tão vibrante, mas mão chega a ser retroflexo (pra dentro) como o dos paulistas, é intermediário. O 't' é mais limpo, falado com a ponta da língua encostando nos dentes superiores".  

Sobre as expressões que mais chamam atenção na cidade, a professora destaca o "ala, o vôte e o corre duro". "O vôte é uma exclamação semelhante ao 'cruz-credo', o ala também é uma exclamação e serve tanto para o positivo quanto para o negativo e o corre duro significa vai rápido, está ligado a uma ação de emergência, de necessidade, mas que também pode ser prazerosa". 

FESTAS
 

E por falar em prazer, a cidade conta com festas tradicionais.O carnaval da cidade é considerado o maior do Estado, atraindo turistas e moradores do interior para a Cidade Branca, outro apelido de Corumbá, devido a cor clara do solo. 

Nos quatro dias de festa, a avenida General Rondon é ocupada pelas escolas de samba e por blocos. 

O Festival América do Sul, que já está na 12ª edição, também faz parte do calendário da cidade. Trata-se de um evento que reúne artistas e músicos da cidade, bem como do Paraguai, da Argentina, do Uruguai e da Bolívia.

Outra tradição é a Festa de São João que, envolve a descida dos andores do santo pela Ladeira da Cunha e Cruz rumo ao Porto Geral, onde a imagem do santo é banhada nas águas do rio Paraguai. 

PONTOS TURÍSTICOS

A ladeira Cunha e Cruz também é conhecida como ladeira da Candelária, da Saúde e da Capitania. Isso porque fica em frente à Matriz Nossa Senhora da Candelária, abriga um posto de saúde e, ao mesmo tempo, está próxima da Capitania dos Portos da cidade. 

É um dos pontos turísticos do município, mas existem muitos outros como a Escadinha da Quinze, construída em 1923 que, com seus 126 degraus liga a parte alta da cidade ao Porto Geral.

O Porto é outro ponto turístico. Ele abriga os casarões construídos no passado e tombados como patrimônio histórico.

Tem também o forte Junqueira, construído depois da Guerra do Paraguai e de onde é possível avistar o pantanal. 

Outro ponto privilegiado para aqueles que querem apreciar a vista da cidade e, claro, o pôr do sol é o Cristo Rei do Pantanal, situado no Morro do Cruzeiro foi confeccionado pela artesã Izulina Xavier - cuja casa também é atração para os turistas.

A Artizu fica no centro de Corumbá e expõe os artesanatos da artista. 

Outras opções para quem gosta de artesanato é a Casa do Artesão, onde funcionava a cadeia pública da cidade até 1970, e a Casa do Massa Barro. Por fim, há também o Museu da História do Pantanal (Muphan), para aqueles que querem conhecer a história da cidade. 

CURIOSIDADES


E a história de Corumbá é repleta de curiosidades, conforme informado pela Prefeitura do município. 

"A Cidade Branca tem as terras mais baixas do Centro-Oeste, o Pantanal, com pouco mais de 100 metros acima do nível do mar, além das terras mais altas do Centro-Oeste, a Serra do Urucum, onde as altitudes superam os 2 mil metros. Tudo isso em uma distância de poucos quilômetros".

Corumbá já serviu de refúgio para Ernesto Che Guevara e de prisão para o ex-presidente Jânio Quadros, no ano de 1968.

"É o maior município estadual, ocupando quase 20% de todo território de Mato Grosso do Sul e também o embrião do Mercosul, pois foi a primeira cidade da região a manter relações comerciais com países vizinhos, em especial Paraguai e Argentina". ​

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

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