Cerca de 80 dias após o pecuarista Marcos Antônio de Souza Vieira, de 59 anos, alvejar a ex-companheira em um posto de gasolina, nesta segunda-feira (18) ocorre a primeira audiência do caso de tentativa de feminicídio.
Nessa audiência, serão ouvidas as testemunhas de acusação.
Marcos Antônio teve um relacionamento de três anos com Luciene Borges Nunes, de 58 anos, e eles estavam separados. Ele a seguiu até a residência em que a vítima estava residindo, no dia 29 de maio de 2025, e a obrigou a entrar no veículo Hyundai HB20 de cor branca.
Populares que viram o ocorrido chegaram a acionar a polícia e denunciaram um suposto sequestro.
No percurso, tomou o celular de Luciene e dizia que iria matá-la. Em dado momento, ela pediu para ir ao banheiro, e ele parou o veículo em um posto de gasolina, na Rua da Divisão.
Pensando em fugir, a mulher saiu correndo e pedindo socorro, mas foi perseguida por Marcos Antônio, que alvejou a vítima com diversos tiros nas costas, mesmo quando ela estava caída no chão.
Após balear a ex-companheira, a polícia localizou o veículo. Marcos Antônio desobedeceu à ordem de parada e iniciou fuga, mas terminou sendo interceptado na Avenida Bandeirantes. Em um vídeo, ele confessou os disparos e justificou estar sendo “sacaneado” pela ex-companheira.
Em conversa com a polícia, relatou que estavam juntos há aproximadamente três anos e meio e casados há cerca de um ano e três meses. A mulher havia entrado com pedido de divórcio, e ele, não aceitando, decidiu matá-la.
A arma foi adquirida por um terceiro, no município de Bela Vista, identificado apenas como “Julião”.
Preocupação
Em entrevista ao Correio do Estado, o filho da vítima, Edson Matheus, de 28 anos, afirmou esperar que o julgamento sirva de exemplo no combate à violência contra a mulher no Estado.
“Minha mãe sobreviveu. Mas, de lá para cá, nenhuma sobreviveu. Quantos filhos estão sem mãe neste momento? Quantos irmãos choram de saudades? Sabe, nossa expectativa é a punição máxima, sem nenhum tipo de clemência”, disse Edson Matheus.
Ele comentou que o trauma em sua mãe é grande e que não têm sido dias fáceis para a família, que é de origem simples e não tem como recomeçar em outro lugar, onde Luciene poderia ficar longe de Marcos Antônio, que, mesmo preso, deixou marcas profundas na ex-companheira.
Recuperação
Conforme acompanhou o Correio do Estado, a família relatou que Luciene passou por uma grande batalha ao dar entrada na Santa Casa de Campo Grande.
Edson Matheus disse que as balas atravessaram o corpo da mulher, atingindo o intestino e um dos pulmões. A cirurgia terminou por volta das 22h. O filho, que não deixou o hospital desde a tentativa de feminicídio, descreveu o episódio como “uma grande batalha”, a qual a mulher venceu.
Apesar de ter ficado algumas horas no Centro de Terapia Intensiva (CTI), ela reagiu bem ao procedimento e logo foi transferida para o quarto.
Com a melhora, a equipe médica liberou a paciente para permanecer no quarto, acompanhada pelo filho, que ouviu o relato do horror que ela sofreu enquanto permaneceu no veículo com seu algoz.
“A gente sofreu bastante com o acontecido. Eu estou aqui desde ontem, sem comer, sem dormir, só ao lado da minha mãe. Orando, mandando energias positivas e buscando justiça. Eu quero justiça, para que isso não fique impune”, disse o filho, e completou:
“Não só pela minha mãe, mas por todas as mulheres. Eu sou casado, tenho uma esposa linda, uma filha maravilhosa. Então, tenho que zelar por esse respeito, porque preciso ser exemplo dentro da minha casa. Se eu vejo uma coisa dessas e me omito, fico quieto, estou sendo um péssimo filho, um péssimo marido, um péssimo pai.”




