Quase meia tonelada da substância entorpecente foi encontrada em meio à "mocó", prática antiga de tráfico pelas rodovias sul-mato-grossenses
Quase meia tonelada de cocaína foi encontrado na noite desta terça-feira (03), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Dourados, disfarçada e escondida entre um carregamento de calcário, mostrando que a velha prática entre organizações criminosas de mascarar substâncias entorpecentes em meio à cargas lícitas segue ativa.
Segundo a PRF em nota, equipes durante fiscalização de trecho da BR-163 abordaram "um caminhão Iveco atrelado a dois semirreboques", que de forma suspeita apresentava alterações na carroceria.
Conforme boletim de ocorrência, abordado próximo ao Km 165, o condutor de 49 anos, Marcio Oliveira, trazia carga de calcário devidamente ligada ao Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), mas o veículo continha marcas de solda.
Ainda de acordo com o B.O, essas marcas de solda nas laterais inferiores indicam que possíveis compartimentos ocultos foram feitos para acomodar substâncias ilícitas, o popular "mocó".
Diante das suspeitas, foi retirada a carga lícita de calcário, que revelou o compartimento oculto no reboque, dentro do qual estavam acomodados e escondidos vários tabletas da substância análoga à cocaína.
Ao todo, esses tabletes, que conforme boletim de ocorrência continham cloridrato de cocaína, pesaram 430 quilos, sendo que a substância; caminhão e o preso foram levados até a Polícia Civil em Dourados.
"Mocó" em calcário
Essa apreensão que beira meia tonelada, apesar de recente, mostra que uma antiga prática entre o crime organizado segue ativa: o uso de "mocós" para acomodar as substâncias distribuídas no tráfico de drogas.
Ainda em maio deste ano, a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar) tirou de circulação 643 quilos de cocaína, apreendidos em uma oficina de Bela Vista.
"Coincidentemente", essa apreensão - que havia sido a maior do ano até então - também estava "mascarada" entre carregamento de calcário.
Além disso, conforme o delegado da Narcóticos, Hoffman D’Ávila, em coletiva à época, a quadrilha em questão sempre adotava a mesma estratégia e já havia feito inúmeras viagens.
Na ocasião, houve prisão inclusive de um dono de oficina especializada na confecção dos mocós, que admitiu para o delegado que já havia escondido as drogas em uma série de veículos de carga e que o destino da maior parte era o porto de Santos, onde os entorpecentes são colocados nas embarcações até por mergulhadores, detalhou o delegado.
Entretanto, apesar dos esforços da Polícia com prisões de "mulas" e até de braços como o dono da oficina, a apreensão recente mostra que as organizações criminosas seguem recorrendo a essa prática.
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