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Lucro dos sheiks árabes nas usinas de cana de MS despenca

Na safra que acabou em março do ano passado, o lucro das unidades de Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul somou R$ 553,2 milhões. Agora, R$ 69,2 milhões

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Dados de duas das três usinas da Atvos em Mato Grosso do Sul, cujo sócio de referência é o fundo de investimentos Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, divulgados nesta semana revelam que o lucro das processadoras de cana despencou 87,5% na safra que acabou em 31 de março. 

Na safra anterior, as usinas Eldorado e Santa Luzia, instaladas em Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul, respectivamente, fecharam com lucro líquido de R$ 553,2 milhões. Agora, este valor despencou para R$ 69,2 milhões. 

A unidade de Rio Brilhante, que na safra anterior havia apresentado lucro de R$ 279,5 milhões, contabilizou prejuízo de R$ 22,9 milhões neste ano. A Santa Luzia, por sua vez, foi um pouco melhor. Mesmo assim, o lucro caiu de R$ 273,7 milhões para R$ 92,2 milhões. 

Em meados de 2023, a Atvos, cujos sheiks árabes do petróleo são os "sócios de referência", prometeu investir R$ 4,6 bilhões nas oito usinas da Atvos em todo o Brasil (a terceira está localizada em Costa Rica) e ativar 100% da capacidade de moagem das empresas. 

Na última safra, porém, a usina Eldorado moeu menos cana que na safra anterior. Sua capacidade é para até 4,8 milhões de toneladas, mas processou apenas 3,7 milhões, o que significa 300 mil toneladas a menos que no ciclo que acabou em março de 2024. Por conta disso, sua receita operacional caiu de R$ 1,129 bilhão para R$ 1,089 bilhão.

A Santa Luzia processou 9,4 milhões de toneladas nas duas últimas safras, sendo metade no ciclo 23/24 e a outra metade na safra 24/25. Isso lhe garantiu receita operacional de R$ 1,291 bilhão, ante R$ 1,159 bilhão no ano anterior. 

A queda da ordem de meio bilhão de reais no lucro possivelmente não mudará a vida dos bilionários integrantes do Mubadala, que continuarão destinando milhões e milhões para atletas de times como Bahia e Manchester City (da Inglaterra). 

Porém, para os trabalhadores das duas usinas, a queda no lucro já pesou no bolso. No ano passado, funcionários da Eldorado dividiram entre si R$ 9,1 milhões a título de participação nos lucros. Neste ano, foram R$ 5,5 milhões, o que representa queda de R$ 3,6 milhões.  No caso da Santa Luzia, o valor caiu de R$ 7,3 milhões para R$ 6,3 milhões. 

Além da estagnação e queda e na produção de cana, outra explicação para redução dos lucros é a retração na venda dos chamados créditos de descarbonização. Na safra anterior, segundo o balanço do ano passado, o faturamento das duas usinas chegou a R$ 86,8 milhões. Neste ano, foram apenas R$ 2,83 milhões

Em Mato Grosso do Sul, o conglomerado controla ainda a usina de Costa Rica, cujo balanço não foi publicado. A usina, que tem capacidade para 4 milhões de toneladas, também conseguiu sair da situação de recuperação judicial e era controlada pelo grupo Odebrecht. 

Ao final do investimento de R$ 4,6 bilhões no Estado, o grupo promete aumentar a capacidade de produção de cana em mais de três milhões de toneladas nas três unidades de Mato Grosso do Sul, onde estão empregadas em torno de quatro mil pessoas. 

O Correio do Estado procurou a assessoria do Grupo Atvos na última quarta-feira (9) em busca de explicações para a queda no lucro. Mas, apesa das promessas, não houve retorno.

FORÇA DO SETOR

Na última safra, conforme dados divulgados pela Biosul o volume de cana-de-açúcar processado no Estado ficou em 48,5 milhões de toneladas, ante 50,5 milhões de toneladas no ciclo anterior. Na última safra foi colhida cana em 694 mil hectares, uma área de 20 mil hectares superior ao ano anterior.

Atualmente, 19 unidades usinas de cana estão em operação, todas produtoras de etanol hidratado; 12 produtoras de anidro. Somente dez produzem açúcar. Todas as plantas geram eletricidade, somando 2 milhões de MWh de abril a dezembro e 12 exportam o excedente para a rede nacional de energia elétrica.

As lavouras de cana se estendem por cerca 916 mil mil hectares, ficando atrás apenas das áreas ocupadas pela soja, milho e dos plantios de eucaliptos. O setor sucroenergético está presente em mais de 40 municípios do Estado e é responsável por cerca de 30 mil empregos..

Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

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Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

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