Cidades

BRASIL

Mandetta reunirá lideranças de etnias para discutir saúde indígena

Ministro foi ao Senado debater em Comissão de Assuntos Sociais

RAFAEL RIBEIRO (com assessoria)

27/03/2019 - 18h06
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O Ministério da Saúde irá se reunir nesta quinta-feira (27) com representantes de etnias indígenas de diversas regiões do país, iniciando negociações visando a definição de um novo modelo de assistência de saúde para essas populações. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, durante debate nesta quarta-feira (26) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado.

A reunião na CAS foi acompanhada por lideranças de diversas etnias, que inclusive abordaram o ministro durante e após a audiência. Eles demonstraram preocupação, com a informação de que o Ministério fecharia a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), e que municipalizaria os serviços. Porém, Mandetta negou que essa seja a intenção da pasta, e que dialogará com as lideranças indígenas e autoridades de saúde estaduais e municipais, na busca de um modelo mais eficiente para as populações. O Ministério Público Federal, informou, também participará das negociações.

Modelo corrupto

Para o ministro, o atual modelo é ineficiente na sua concepção, e tornou-se um campo aberto para fraudes em licitações, compadrios políticos e acertos corruptos.

Mendetta lembrou que em 2011 foi o primeiro deputado a solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma fiscalização sobre o sistema, que na época já havia identificado diversas irregularidades. O ministro acrescentou que é necessário que o orçamento para o setor (cerca de R$ 1,8 bilhão por ano) atendam efetivamente o seu objetivo.

Observada pelos senadores da Rede Randolfe Rodrigues (ao seu lado) e Flávio Arns, a deputada Joenia Wapichana, de Roraima, participou da audiência com o ministro da Saúde no Senado

"O setor vem sofrendo com esquemas de fraudes endêmicas por exemplo em licitações de aeronaves, helicópteros, aviões, planos de voo... A saúde indígena como um todo sofre uma perigosa associação entre ONGs, seus funcionários e prestação de contas. Há também pagamentos sem parâmetros de valores vultosos para assessorias contábeis, que chegam a R$ 400 mil ou para assessoria advocatícia, que chegam a R$ 200 mil. Na licitação que mandei fazer no Ministério, já detectei também conluios no aluguel de carros na Bahia. Também há casos de funcionários fantasmas nas ONGs e desvios de funções. Enfim, as irregularidades são inúmeras", informou.

Novo modelo

Mandetta ainda confirmou que o Ministério está fazendo uma auditoria nos recursos destinados às ONGs, mas que não interrompeu os repasses, "para que o sistema que está aí possa andar". Mas a pasta está determinada a fazer com que as verbas cheguem de fato ao atendimento na saúde dos povos indígenas, alertando que a fiscalização será rigorosa e as negociações pela definição de um novo modelo seguirão seu curso.

E o ministro negou a possibilidade de municipalização da prestação de serviços de saúde aos indígenas:

"Em toda a região Amazônica por exemplo, não existe condição nenhuma da saúde indígena ser sequer estadualizada, quanto mais municipalizada. Esse papel é e continuará sendo da União, isso não tem volta. Mas e os índios da aldeia Jaraguá por exemplo, que vivem no perímetro urbano de São Paulo e tem uma unidade básica de Saúde da Família ao lado? Será que não é mais eficiente que São Paulo cubra? Situações muito semelhantes a essa estão presentes especialmente na Região Sul, em cidades como Passo Fundo (RS) e nas cidades catarinenses", exemplificou.

Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Telmário Mota (Pros-RR) confirmaram que em seus estados a saúde indígena está "dominada por esquemas de corrupção". Mas ambos solicitaram que a prestação de serviços seja mantida, com a punição de quem cometeu as irregularidades. Randolfe definiu a saúde indígena no Amapá como um "antro de corrupção e bandalheiras", e Telmário denunciou superfaturamentos no aluguel de aviões e helicópteros em Roraima. Mandetta ainda lembrou que o prédio onde funcionava a gestão do sistema em Boa Vista foi alvo de um incêndio que queimou toda a documentação.

"Colocaram fogo no prédio com todos os documentos dentro", registrou o ministro.

Lideranças indígenas, preocupadas com mudanças no atual modelo de atendimento à saúde de suas comunidades, acompanharam a audiência com o ministro na CAS

Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

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Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

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