Cidades

CASO MARCEL COLOMBO

Milícia dos Name tinha braço nos três poderes, diz policial

Quatro testemunhas foram ouvidas no primeiro dia do julgamento sobre a execução do "Playboy da Mansão", que deve seguir até esta quinta-feira (19)

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Segundo o ex-investigador da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras) Jean Carlos, “a milícia dos Name tinha braço nos Três Poderes”.

A fala foi proferida durante júri popular que teve início ontem e que levou ao tribunal quatro réus acusados de envolvimento com a execução de Marcel Colombo, o Playboy da Mansão.

Durante o julgamento nesta segunda-feira, no período da tarde, Jean Carlos, o qual foi ouvido como testemunha do processo, informou que durante a realização da Operação Ormetá Marcelo Rios – um dos réus – disse ao investigador que o seu patrão, Jamil Name, estava envolvido em diversos homicídios em Campo Grande.

Nessa conversa entre Jean Carlos e Rios, o ex-guarda municipal teria informado que Jamil Name Filho, o Jamilzinho, mandou matar Colombo por conta de um desentendimento entre os dois em uma boate na Capital.

Jamil Name Filho e Marcel Colombo tiveram uma discussão em uma boate em Campo Grande, e depois dessa briga que eles tiveram o Jamilzinho teria ficado obcecado para tirar a vida do Marcel”, declarou Jean Carlos no julgamento, citando os dizeres de Rios para ele no decorrer da investigação da Operação Omertá.

O investigador também declarou em depoimento que Rios disse a ele que Guri (termo que usava para se referir a Jamilzinho) o entregou R$ 50 mil para matar o Playboy da Mansão no período em que Colombo estava preso, ficando assim livre de qualquer suspeita, porque a vítima morreria dentro do sistema prisional.

“Esse crime não aconteceu na prisão, ocorreu que Marcel Colombo acabou sendo beneficiado por um alvará de soltura e saiu do sistema penal, e por isso o Jamilzinho começou a cobrar mais o Marcelo Rios para que ele terminasse de cumprir o plano que ele tinha de matar o Marcel Colombo. E se não o matou lá [no presídio], ele tinha que se virar para matar na rua”, disse Jean Carlos.

A execução do Playboy da Mansão ocorreu quando a vítima e mais dois amigos estavam sentados à mesa de um bar quando, por volta da meia-noite de 18 de outubro de 2018, um homem chegou ao local de moto, estacionou atrás do carro da vítima e, ainda usando capacete, se aproximou pelas costas e atirou.

A vítima morreu no local e um jovem de 18 anos foi atingido no joelho. De acordo com a investigação do caso, feita pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), José Moreira Freires, Marcelo Rios e o policial federal Everaldo Monteiro de Assis (ambos réus no julgamento) foram os intermediários do crime, sendo encarregados de levantar informações sobre a vítima. Ainda, o foragido Juanil Miranda teria sido o executor dos disparos.

A defesa de Rios, durante o julgamento, indagou Jean Carlos sobre o registro dessas conversas com o réu no Garras, alegando que essas falas proferidas em julgamento não estão formalizadas no relatório do investigador. Jean Carlos informou que nem todas as conversas informais registradas em 56 páginas do relatório estão contidas nele, porém, essas afirmações de Rios foram de fato ditas a ele.

A BRIGA

Segundo Marcelo Oliveira Provenzi, testemunha de defesa ouvida no Tribunal do Júri,  o desentendimento entre Jamilzinho e Playboy da Mansão começou quando o Colombo pegou com a mão cubos de gelo da mesa em que Jamilzinho estava sentado, em uma boate em Campo Grande.

“Marcel passou uma e duas vezes mexendo no balde de gelo, e Jamilzinho disse [‘por que você está metendo a mão no meu balde de gelo?’], e assim começou uma confusão”, declarou Provenzi ao júri.

BILHETE

Acostumado a interrogatórios e depoimentos, o delegado Tiago Macedo dos Santos foi aos prantos, na manhã de ontem, ao falar como testemunha do julgamento sobre um bilhete elaborado por um interno da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), em que informava que a família Name estaria tramando sua morte e a de outros integrantes da força-tarefa da Omertà.

O bilhete foi escrito em um pedaço de papel higiênico por um detento que acompanhava conversas entre Jamil Name – que morreu em 2021 no presídio de Mossoró antes mesmo de ser julgado –, seu filho, Jamilzinho, e outros integrantes da suposta milícia de extermínio que estavam presos naquele complexo prisional.

No bilhete desse interno, cuja identidade foi preservada durante o júri, mas que veio a público durante as investigações, constava a informação de que, além de Santos, havia um plano para executar o delegado Fábio Peró e seus familiares, o qual comandou as operações que resultaram na prisão e nas condenações da milícia. Nesse bilhete, segundo o depoimento, também constava o nome de um promotor.

No período da tarde, prestou depoimento como testemunha o delegado João Paulo Sartóri, que também foi questionado com relação aos supostos bilhetes.

“Esse bilhete foi apreendido pela Penitenciária Federal de Mossoró e, entre os fatos, constava ameaças [a membros] que atuam na investigação: promotores e defensores públicos. Também foi mencionada a arma que teria executado Marcel, a qual teria sido ocultada por Antunes”, disse Sartóri.

Ainda conforme o relatado pelo delegado, o teor do bilhete indicava que Rios deveria assumir toda a culpa do crime contra a vida do Playboy da Mansão. E reforçou que, pelas circunstâncias em que foi apreendido o bilhete, não havia dúvidas sobre a sua origem. (Colaborou Naiara Camargo)

Saiba

Ao contrário do julgamento da morte de Matheus Teixeira, em que o plenário nos dias do julgamento estava lotado, no primeiro dia do caso Playboy da Mansão havia poucas pessoas acompanhando a fala das testemunhas no Tribunal  do Júri de Campo Grande.

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TENSÃO

Lula e Riedel discutem suposto elo entre narcotráfico e retomadas indígenas

Os dois falaram por vídeo nesta quarta-feira (18), após a morte de um indíngena em Antônio João. Nesta quinta, Riedel promete levar a Brasília um relatório comprovando a ação do narcotráfico entre os indígenas

18/09/2024 19h15

Pela manhã, depois que o confronto com a PM resultou em uma morte de indígena, Eduardo Riedel reuniu parte do secretariado

Pela manhã, depois que o confronto com a PM resultou em uma morte de indígena, Eduardo Riedel reuniu parte do secretariado

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Horas depois da morte de um indíngena em meio a uma operação da Polícia Militar em Antônio João, no extremo sul do Estado, o O governador Eduardo Riedel discutiu com o presidente Lula, no final da tarde desta quarta-feira (18), um relatório sobre o conflito fundiário na região de fronteira com o Paraguai. 

"Estamos empenhados em que não haja mais conflitos", frisou o governador Riedel ao presidente Lula, indicando também que já solicitou abertura de inquérito para apuração das circunstâncias que levaram ao óbito, informou nota divulgada pela assessoria.

Na manhã desta quarta-feira, ogovernador e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, atribuíram a tensão e o próprio confronto entre policiais e indígenas, a uma suposta atuação do narcotráfico, que estaria "exportando" indígenas paraguaios para o lado brasileiro a fim de empliar seu poder de domínio e facilitar o escoamento da maconha que é produzida do lado paraguaio. 

De acordo com a assessoria do Governo, Riedel e Lula falaram abertamente sobre as suspeitas que envolvem o narcotráfico na região, com roças de maconha localizadas do outro lado da fronteira, próximas à propriedade ocupada no Brasil, e a presença de facções criminosas que estariam aliciando pessoas dentro das comunidades indígenas.

Ainda conforme a assessoria, um relatório da inteligência produzido pelas forças de segurança de Mato Grosso do Sul será apresentado pelo governador a representantes do Governo Federal e no STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quinta-feira (19).

No confroto ocorrido no começo da manhã desta quarta-feira foi morto o indígena Nery da Silva, da etnia Guarani Kaiowa. Os indígenas reivindicam uma propriedade que desde 2005 está homolgada, mas até agora está na posse de fazendeiros. 

Para atender decisão da Justiça Federal, cerca de 100 policiais foram à região para, segundo o secretário de segurança, garantir a ordem na região e acabaram entrando em confronto com o grupo que está na fazenda Barra faz semanas. Esses povos originários residem na Terra Indígena batizada de Nanderu Marangatu, onde ainda existe uma propriedade que seria a última na posse de outros que não os povos originários. 

"Nós percebemos que nos últimos dias foi acirrando com a presença de 'índios paraguaios'. Nós estamos ali numa região onde a fronteira é um rio pequeno, facilmente transponível; e do lado de lá nós temos diversas plantações de maconha... então há um interesse de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas", afirmou o secretário na manhã desta quarta-feria. 

Segundo Videira, a Fazenda Barra fica menos de 5 km da linha internacional de fronteira, com informações da inteligência apontando a região como "estrategicamente posicionada" para escoar a produção do tráfico de drogas. 

"A grande produção de toda essa região tem como destino grandes centros, por meio de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande; Dourados; e aí ter acesso aos maiores centros consumidores", afirmou o Videira.

Tensão

O governador, por sua vez, reforçou que o Estado "tem buscado avançar" nas políticas públicas voltadas para as comunidades indígenas e seu desenvolvimento. 

"Sou representante dos governadores na mesa de conciliação do STF, é um tema complexo, difícil, mas o que nós estamos vendo aqui foge completamente a essa discussão", afirmo Riedel. 

Com base no que lhe foi repassado pelo setor de inteligência, Riedel apontou para a versão de "disputa de facções criminosas paraguaias", destacando que a ordem recebida judicialmente é para que se mantenha a ordem.

"Em uma propriedade que está em litígio, do ponto de vista fundiário, mas que tem uma família morando na casa e que não sai de lá, dizendo que vão morrer lá. A decisão é que o Estado garanta a segurança dessa família e o acesso das pessoas nessa propriedade", reforçou o governador. 

 

Cidades

Após morte de indígena, deputados devem enviar pedido de solução à Lula

Crime ocorreu na madrugada desta quarta-feira (18) quando atiradores atacaram propriedade localizada em Antônio João

18/09/2024 18h15

Após morte de indígena, deputados devem enviar pedido de solução à Lula

Após morte de indígena, deputados devem enviar pedido de solução à Lula Reprodução

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Após registro de morte de um indígena, em confronto com a polícia durante a madrugada de hoje (18), em território Nanderu Marangatu, deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) se reuniram na sessão plenária para planejar um pedido urgente de solução que deve ser entregue ao presidente Lula (PT) pelos ministros Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).

“Não estou acusando a polícia, mas o tiro não caiu do céu, partiu da arma de alguém e uma coisa tem que ser registrada: nesses conflitos somente indígenas morrem. Eles são vulneráveis, passam fome, tem crianças, idosos, mulheres. Há mais de 20 anos eu faço a defesa pacífica dos conflitos, dando logo a indenização aos fazendeiros, porque é irracional deixar as partes brigando, em um bang bang sem fim”, criticou Kemp.

O parlamentar fez um apelo para a Polícia Federal intervir, investigar e elucidar o caso. O deputado Zeca do PT (PT) relembrou que já falou ao presidente Lula sobre o assunto em seu primeiro mandato. 

“Levei para o presidente Lula, que se interessou, conversei com ministro na sequência, mas aí depois vieram [os presidentes] Dilma, Temer, Bolsonaro e agora de novo Lula e nada se resolveu. Absolutamente não dá mais para ter conflitos”.

Já a deputada Gleice Jane (PT) disse que na vinda de Lula a Corumbá (MS), o presidente discursou a membros de diversas comunidades e ao governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), dizendo que tem a intenção de resolver.

Gleice ainda ressaltou que policiais também são vítimas de um sistema que não protege o trabalhador, mas que por outro lado chamou a atenção a quantidade de policiais da tropa de choque em defesa de uma propriedade privada. “Não podemos ver privilégio a alguns em detrimento de outros”, considerou.

O caso ocorrido nesta madrugada fez com que o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul convocasse a sala de situação onde o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, culpou "índios paraguaios a serviço do tráfico de drogas" pelo acirramento dos confrontos no interior de MS. 

"Nós percebemos que nos últimos dias foi acirrando com a presença de 'índios paraguaios'. Nós estamos ali numa região onde a fronteira é um rio pequeno, facilmente transponível; e do lado de lá nós temos diversas plantações de maconha... então há um interesse de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas", afirma o titular da Sejusp. 

Segundo Videira, que há um ano soltou a afirmação: "Policial meu não vai morrer na faca com fuzil na mão", a Fazenda Barra fica menos de 5 km da linha internacional de fronteira, com informações da inteligência apontando a região como "estrategicamente posicionada" para escoar a produção do tráfico de drogas. 

"A grande produção de toda essa região tem como destino grandes centros, por meio de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande; Dourados; e aí ter acesso aos maiores centros consumidores", afirma o titular da pasta de Segurança Pública de MS.

Vale lembrar que esses povos originários residem na Terra Indígena batizada de Nanderu Marangatu, onde ainda existe uma propriedade que seria a última na posse de outros que não os povos originários, e que com homologação datando de 2005, essa propriedade estaria sobreposta em uma área voltada para ocupação tradicional dos indígenas de Nanderu Marangatu. 

Força Nacional

Apesar de acompanharem os membros da Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), agentes da Força Nacional não estavam presentes na Terra Indígena Nanderu Marangatu, da qual os povos originários foram alvos de ataques durante o fim da madrugada.

Segundo texto do Conselho Indigenista, a violência iniciada se estendeu ainda durante o período da manhã, quando a Polícia Militar teria arrastado o corpo de Neri para um pedaço de mata, o que causou comoção e revolta dos demais indígenas. 

Medidas

O governador Eduardo Riedel disse que "lamenta profundamente" o episódio, já Videira reforça que a ideia era tentar evitar confrontos, porém, que a situação fugiu ao controle. 

"Tudo o que a gente não queria era que isso acontecesse. Nós queremos de agora para frente é que se gerencie a crise para que nós não tenhamos mais nenhuma morte", cita o secretário. 

Apoiado na ordem judicial, Videira complementa que a decisão sob a qual a polícia age foi inclusive estendida, para que as forças policiais garantam o "ir e vir" dos funcionários e "proprietários" da fazenda, desde a rodovia até a sede, num percurso de mais de 10 quilômetros. 

"Temos aproximadamente 100 militares lá, de PMs; do Tático; batalhões da região; quatro equipes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e batalhão de Choque também... vamos manter porque estamos cumprindo a ordem judicial", completa o titular da Sejusp. 

Indígena morto

Em 2005 houve homologação da Terra Indígena em Antônio João como de ocupação tradicional dos indígenas de Nanderu Marangatu, na qual está sobreposta a chamada Fazenda Barra. 

Ao que tudo indica, essa seria a última propriedade sob ocupação de não indígenas, sendo que no último dia 12 houve ação de retomada, na qual foi registrada esse primeiro confronto. 

"Na madrugada [de hoje, (18)] começaram a atacar a comunidade; derrubar os barracos; queimar, e teve uma pessoa assassinada, parece que executada, que dizem que tinha atirador no meio e executou o indígena e a Tropa de Choque está lá cercando o corpo, a gente tentando que a PF vá lá retirar e fazer a perícia", afirma Anderson Santos, advogado pelo Conselho Indigenista Missionário. 

***Colaborou Léo Ribeiro e Naiara Camargo***

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