Desde 2009, pelo menos cinco pessoas morreram em silos de grãos no Mato Grosso do Sul, a maioria por soterramento, segundo aponta levantamento inédito feito pela BBC News Brasil e divulgado hoje. A pesquisa traz dados até 2017.
Comuns nas paisagens rurais, silos são grandes estrututuras metálicas usadas para armazenar grãos, evitando que eles estraguem e permitindo que vendedores ganhem tempo para negociá-los.
No levantamento feito pela BBC, foram contabilizados apenas casos noticiados pela imprensa, o que, segundo especialistas, indica que as ocorrências sejam ainda maiores, tendo em vista que nem todos os casos são divulgados.
Em geral, soterramentos em silos matam em instantes. O trabalhador é asfixiado ao afundar nos grãos e não consegue subir à superfície, como se fosse sugado por uma areia movediça.
CASOS
Em Mato Grosso do Sul, em setembro do ano passado, Adalgoberto Rodrigues Miranda, 56 anos, morreu soterrado por grande quantidade de milho em um silo, em Sete Quedas. Vítima trabalhava no local há cerca de 16 anos e tinha experiência com atividade agrícola.
Na ocasião, filho da vítima informou à polícia que o pai estava fechando o registro que abastece os caminhões, quando as chapas de metais do silo estouraram e a carga de milho caiu sobre ele.
No dia 4 de novembro de 2015, Odacir Bezerra Marques, 39 anos, morreu soterrado em um galpão de milho, em Dourados, cidade distante 225 km de Campo Grande.
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima foi até o fim do galpão desentupir uma bica por onde o milho é escoado, quando foi soterrado por uma carga de 18 a 20 toneladas do grão.
Em alguns casos, os mortos não eram trabalhadores, mas parentes que os acompanhavam e jamais poderiam ter entrado nos silos. Como é o caso de um menino de 8 anos, que em 2015, foi soterrado quando brincava em um silo na fazenda dos avós, em Três Lagoas.
Quando é envolto pelos grãos, o trabalhador raramente sobrevive. No dia 1° de julho do ano passado, um homem de 27 anos teve “sorte” e sobreviveu, após ser parcialmente soterrado por soja, em Maracaju. Leomar Antônio Gabriel ficou por mais de duas horas sob os grãos até a altura do peito e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros.
Em todo o País, segundo o levantamento, ao menos 106 morreram em armazéns de grãos. Os Estados que tiveram mais casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso (28), Paraná (20), Rio Grande do Sul (16) e Goiás (9). Houve mortes em 13 estados, em todas as regiões do País.


