A lógica original do Smart Fortwo é bem direta: ser um carrinho prático, com dimensões enxutas, fácil de transitar e estacionar nas caóticas ruas das grandes metrópoles. A lógica indireta é esbanjar charme. Daí as primeiras revendas da marca suíça, que pertence à Daimler, terem sido abertas em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre: cidades com trânsito pesado e um mercado de luxo respeitável. Na Europa, é comum se deparar com vários exemplares nas ruas das principais cidades do continente onde, inclusive, há vagas específicas para o pequeno modelo. Por aqui, o caráter exclusivista é reforçado pelo desenho bastante peculiar, mas também por conta do preço. O Fortwo Coupé começa em R$ 57.900. Ou seja, custa o mesmo ou até mais que muitos hatches e sedãs médios. Ou seja, não é um modelo indicado para quem quer comprar carro a metro. Com 2,69 metros de comprimento, 1,56 m de largura, 1,54 m de altura e 1,87 m de distância entre-eixos, tem a limitação imposta pelas dimensões enxutas: carrega apenas duas pessoas e oferece um porta-malas com apenas 220 litros. Com isso, acaba por se tornar um carro de nicho. Ou seja, o tal lado racional acaba suplantado pelo design. Mas o carrinho da Smart também tem as virtudes peculiares dos modelos vendidos na Europa. Por conta disso, ele chega ao mercado brasileiro com controles eletrônicos de estabilidade e de tração, freios com ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência, assistente de arrancada em subidas e air bags frontais, laterais e do tipo cortina. Além disso, para compensar as diminutas dimensões em colisões, o carro conta com estrutura de monobloco batizada pela montadora como “crash management system”, com 50% da estrutura reforçada de aço de alta resistência e célula de segurança tridion, um sistema em que até as rodas são utilizadas como zona de deformação. A modernidade do carrinho também está no motor. O Fortwo conta com um propulsor 1.0 com três cilindros em linha, 12 válvulas e turbocompressor. A unidade de força fica posicionada à frente do eixo traseiro, sob o piso do pequeno porta-malas, inclinada em 45º. O motor trabalha em conjunto com um câmbio automatizado sequencial de cinco marchas, com borboletas atrás do volante para trocas manuais. Ele fornece 84 cv de potência aos 5.250 rpm e 12,2 kgfm de torque máximo aos 3.250 giros às rodas de trás do carrinho. Trata-se de um motor compacto, para poupar espaço e peso no Fortwo e torná-lo mais eficiente para emissões e consumo, duas virtudes bastante exploradas pelo modelo. Segundo a Smart, o Fortwo emite 116 g de CO2 por quilômetro rodado e alcança o consumo médio de 20,4 km/l – o modelo testado obteve média de 12,7 km/l com uso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada. Na busca por eficiência, conta com direção elétrica, outro bom aliado na redução de peso. Mas no mercado brasileiro, um carro de R$ 57.900 tem que vir bem forn ido também em itens de conforto. O Fortwo que chega ao mercado brasileiro tem arcondicionado automático, trio elétrico, rádio/CD/MP3 com subwoofer, sensor de chuva, travamento das portas na chave, entre outros. Na parte estética, além do visual peculiar, rodas de liga leve, aro 15 e teto panorâmico. Isso sem falar da possibilidade de várias combinações bicolores na carroceria, no chamado sistema bodypanels, pelo qual é possível encaixar painéis de fibra de cores diferentes na carroceria. Afinal, para um carro de nicho, personalizar é preciso.
Desempenho Os 84 cv do motor turbo emprestam certa desenvoltura ao carrinho de pouco mais de uma tonelada. Mas trata-se de uma performance adequada para a proposta urbana do Fortwo. Estabilidade O carrinho da Smart foi feito para se andar na cidade e principalmente em velocidades civilizadas. Em trecho plano e reto, acima de 100 km/h a comunicação entre rodas e volante começa a vacilar e o Fortwo passa a flutuar bastante. A sensação de imprecisão fica ainda mais gritante quando um veículo de grande porte, como caminhões ou ônibus, passa ao lado do carrinho na estrada. Nas freadas, o ABS e o EBD ajudam a manter o carro na trajetória, mas nas arrancadas o modelo levanta um pouco a carroceria. Consumo O modelo testado fez a média de 12,7 km/l em uso 2/3 na cidade, longe dos 20,4 km/l alardeados pela Smart, mas louváveis em uma época de modelos compactos beberrões. Tecnologia O carrinho ganhou uma nova geração em 2006 e conta com estrutura em aço reforçado, além de um moderno sistema de absorção e distribuição de impactos. O motor turbo e o câmbio automatizado também merecem elogios e o Fortwo conta com vários itens de segurança indispensáveis para um carro pensado para o mercado europeu. Conforto É um carro para apenas duas pessoas e pessoas de estatura normal. Motoristas com mais de 1,80 m tendem a raspar a cabeça no teto, enquanto condutores obesos inevitavelmente vão esbarrar joelhos e pernas por painéis e alavanca do câmbio. O espaço para pernas do carona é um pouco melhor. Acabamento Apesar das muitas peças em plástico, o Fortwo conta com revestimentos que aparentam qualidade. Os tecidos nas portas e bancos são de boa qualidade e o volante conta com acabamento em couro. Design É um carro que pela sua proposta já chama a atenção. Com dois lugares, tem desenho incomum e ainda oferece combinações moderninhas de cores. Custo-benefício O subcompacto da Smart parte dos R$ 57.900, mais caro que hatches médios com motores mais potentes e muito mais espaço interior. Mas não seria mesmo o custo-benefício que motivaria a compra de um modelo que oferece prioritariamente design, charme e requinte.