A Câmara Municipal, em defesa da citricultura, aprovou por unanimidade o Projeto de Lei nº 51, que proíbe o plantio e determina a eliminação da murta em Três Lagoas.
Apesar de já existir uma lei estadual que proíbe o plantio e a comercialização o projeto em questão foi aprovado como uma regulamentação específica para o município.
Com esse passo, Três Lagoas espera consolidar uma política rígida em benefício da produção de citros em Mato Grosso do Sul. Já que o município abriga a produção da Cutrale, um dos maiores exportadores de suco de laranja do mundo.
Segundo dados da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Três Lagoas possui cerca de 167 hectares de laranja plantados.
Para se ter ideia, em maio de 2024, a previsão para o município que ocupa a costa leste do Estado era de que a área ocupada pela citricultura pudesse chegar a 15 mil hectares. Isso ocorreu por conta do investimento de empresários paulistas.
A murta é uma planta comumente encontrada em Mato Grosso do Sul, utilizada como cerca viva. Durante a noite, exala perfume; no entanto, é portadora do psilídeo, inseto responsável pelo greening, que pode afetar a produção da citricultura.
Combate ao greening
Em Aparecida do Taboado, a população recebeu orientação da prefeitura para realizar a substituição da murta por outras plantas, com o objetivo de atrair mais empresas do ramo da citricultura.
recebeu representantes do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) para fortalecer as ações contra a doença que pode afetar a cadeia produtiva.
O engenheiro agrônomo do Fundecitrus, Éder José Cardoso, destacou que, como o município possui várias propriedades de citros, é importante que o controle sanitário seja rigoroso.
“É fundamental que os citricultores dessa região adotem medidas de controle nos pomares comerciais e ao redor das fazendas, realizem ações conjuntas e comprem mudas certificadas. Assim, os novos pomares crescerão saudáveis, e a citricultura da região continuará em expansão”, afirmou Éder José.
Vale da citricultura
Os produtores iniciaram a transferência da produção para Mato Grosso do Sul após terem tido as plantações afetadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Para se ter ideia, o greening afetou quase 80% da produção na região conhecida como Cinturão Citrícola, em São Paulo, no ano de 2024.
O Triângulo Mineiro, que também faz parte do cinturão, embora tenha registrado uma incidência de casos menor que a de São Paulo, precisou ser monitorado, conforme levantamento da Fundecitrus.
Com isso, a Cutrale, que possui sede em Araraquara (SP), transferiu parte de sua produção para terras sul-mato-grossenses, com um investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares em uma fazenda Aracoara, localizada entre Sidrolândia e Campo Grande.
Cabe ressaltar que a empresa já possuía pomares na região e, a depender da proporção da produção, uma indústria de processamento de suco de laranja no Estado pode ser viabilizada.
A expectativa, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), é que, até abril de 2026, a fazenda da Cutrale tenha 4,8 mil hectares plantados, com estimativa de produção, em oito anos, de 8 milhões de caixas de laranja por ano.
A quarta a anunciar a vinda foi a Citrosuco, que possui sede em Matão (SP), com investimentos anunciados de R$ 2,1 bilhões.
Outros grupos, como o Junqueira Rodas, sediado em Monte Azul (SP), também estão investindo na plantação de laranja, enxergando o potencial de Mato Grosso do Sul, especialmente pela legislação firme no combate ao causador da doença huanglongbing (HBL), conhecida como greening dos citros.
O Grupo Junqueira Rodas, que, em abril de 2024, apresentou um projeto de plantio de 1,5 mil hectares nos municípios de Paranaíba e mais 2,5 mil Naviraí, ou seja, um total de R$ 400 milhões.
E o mais recente anúncio foi da empresa Cambuhy Agropecuária (Grupo Moreira Salles), que confirmou o investimento de R$ 1,2 bilhão no Estado, que é considerado o “novo cinturão citrícola” do Brasil.
** Colaborou Súzan Benites




