Cidades

APAIXONADA POR DOCES

Publicitária cria empresa de "gordices" funcionais para comer sem culpa

Ideia surgiu após ela não encontrar loja especializada em doces saudáveis

MARESSA MENDONÇA

03/09/2016 - 12h30
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"Eu lembro até hoje. Estava andando de carro, olhei para uma casa de bolos convencionais e falei: 'tem tanta casa de bolo em Campo Grande e se a pessoa quiser comer um bolo fit? Não tem'. Aí falei: 'uma casa de bolo fit funcional'. É isso'". A descrição é do momento exato em que a publicitária Thatiana Lobo Ramos teve a ideia de deixar o emprego com carteira assinada e abrir o próprio negócio, a Sabor Fit Gourmet, em junho de 2015. 

Aquele "estalo" na mente da empresária foi resultado de dois traços do comportamento dela: o desejo de empreender e o desprezo por alimentos gordurosos. "Eu não achava lugar que pudesse me oferecer, do jeito que eu pensei em fazer e estou conseguindo realizar hoje em dia", conta. 

O diferencial a que ela se refere é o de fazer doces saudáveis de "encher os olhos", como ocorre quando se trata das "gordices" propriamente ditas. Leite condensado é substituído por biomassa de banana, chocolate por cacau puro, açúcar refinado por demerara e a farinha de trigo não tem vez. 

INÍCIO 

Antes da abertura da empresa, Thatiana trabalhava em agência de publicidade. Nas horas vagas, ela esquecia do computador e se ocupava de receitas culinárias. "Primeiro, fazia pra mim porque eu gosto muito de doces. Depois comecei a fazer os bolos pra vender. Abri o instagram, quando ainda estava trabalhando. Eu voltava pra minha casa e fazia bolo. Na hora do almoço eu fazia bolo, de madrugada eu fazia bolo", lembra. 

O número de clientes crescia ao mesmo tempo em que a insatisfação de Thatiana com o trabalho aumentava. "Chegava cansada, reclamando. Meu pai falou: 'filha você nunca vai ser feliz trabalhando do jeito que você trabalha para os outros. Não adianta mudar de emprego. Você precisa ter o seu próprio negócio'". 

Thatiana lembra que depois do conselho, o pai fez um questionamento seguido de uma resposta. "'O que você quer fazer, filha? Porque você vai ser feliz quando você for empresária".

Em busca desta satisfação, ela pediu demissão."Saí da empresa já com todo o gás para o meu empreendimento. Eu sabia que ia dar certo, que já tinha dado certo". 

O NEGÓCIO 

Para dar forma aos bolos, Thatiana pesquisava receitas na internet. "Eu testava, reinventava algumas receitas, mudava algumas coisas, mas depois fiz cursos com grandes nomes da confeitaria fitness", conta ela, se referindo principalmente a Nanda Carneiro e Mila Cozzi. 

Uma amiga da empresária também teve papel fundamental, quando ela decidiu abrir o próprio negócio. Ela orientou Thatiana sobre as regras básicas que funcionam para todo e qualquer bolo. "Fazer para você é uma coisa; é fácil. A partir do momento que começa a vender para outras pessoas, muda. É um fermento que tem que ser na medida, é um forno que já tem que estar ligado. Você não pode abrir antes de tal hora". 

De junho a outubro de 2015, a empresa funcionou na casa de Thatiana, mas depois ela decidiu alugar um espaço. "No começo chegava 7h e ia embora 20h. Eram 12 horas direto. Eu não comia direito, pensando tenho que fazer isso, tenho cardápio, tenho que fazer aquilo", lembra. 

Pouco tempo depois, a empresária teve de contratar funcionária para fazer os bolos enquanto ela ficou responsável pelos outros doces. 

São pavês, brigadeiros, brownies e pães de mel sem glúten, sem lactose e, na maioria das vezes, sem açúcar também. Em relação as calorias, Thatiana explica que as receitas sempre têm valor calórico menor que as "gordices", ao mesmo tempo em que trazem algum benefício para o organismo. "Ou para a pele, para o intestino. Alguma coisa vai ter de função, por isso funcional". 

EMPREENDEDORA 

Os detalhes de cada receita são preocupação constante para Thatiana, que diz não cansar de criar novas fórmulas ou incrementar as já conhecidas pelos clientes.

"A vida de empresário é o contrário do que muitas pessoas pensam. É muito difícil, a gente se preocupa o tempo todo. É complicado" pontua ela, afirmando trabalhar mais hoje, em comparação ao período em que era funcionária. 

Mas ela ressalta não ter se arrependido da escolha. "Não tenho medo das coisa, eu faço. Quero fazer, eu faço. Sempre com pensamento positivo. Eu queria o empreendedorismo. É o que eu sou. Hoje posso falar que sou absolutamente feliz na minha vida profissional". 

Thatiana não tem intenção de expandir o cardápio a ponto de acrescentar receitas salgadas, porque pensa em aperfeiçoar diariamente o ramo da confeitaria funcional, mas estuda a possibilidade de oferecer cursos. 

"Ainda quero fazer nutrição para me aprimorar cada vez mais, mas é isso. Hoje sou plenamente feliz", conclui. 

Sabor Fit Gourmet fica na Rua Joaquim Murtinho, 2034. 

 

Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

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Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

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