Cidades

TRAGÉDIA

Queixadas na pista podem ter provocado acidente aéreo no Pantanal

Ao avistar os porcos na pista, o piloto teria tentado arremeter a aeronave, momento em que o avião perdeu força, caiu e pegou fogo

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O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul (CBM/MS), investiga a hipótese de que a queda do avião que matou quatro pessoas em uma fazenda na área rural de Aquidauana, pode ter sido causada pela presença de porcos selvagens na pista de pouso, que fizeram com que o piloto tentasse arremeter a aeronave de pequeno porte. A tentativa não teve sucesso e o avião caiu a cerca de 100 metros da cabeceira da pista.

A informação é com base em relatos de trabalhadores rurais que estavam na fazenda no momento da queda, que aconteceu no final da tarde de ontem (23), na Fazenda Barra Mansa, onde foram filmadas as duas versões da novela Pantanal.

Ainda conforme os Bombeiros, o avião foi encontrado destruído, com as rodas para cima e as quatro vítimas estavam queimadas devido a explosão após o acidente. No final da manhã desta quarta-feira (24), a informação era que os corpos já estavam no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana.

Além disso, a operação de resgate demorou cerca de nove horas e envolveu três militares e uma viatura, isso porque, o acesso difícil e as condições do terreno dificultaram o trabalho.

Diante dessa tragédia, a Força Aérea Brasileira (FAB) foi acionada e afirmou em nota que, o Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), investigará o caso.

IRREGULARIDADES

O avião no qual estavam o piloto e mais três ocupantes tinha um longo histórico de irregularidades, conforme revelam investigações do setor de Operações Aéreas do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), departamento da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

O Cessna, conforme revela o site A Princezinha, de Aquidauana, á havia sido apreendido em 2019, durante a Operação Ícaro, na pista de pouso de Aquidauana. Na época, exames periciais teriam atestado que plaquetas de identificação estavam adulteradas e que o avião operava com certificado de aeronavegabilidade cancelado. 

Depois de apreendido, o avião ficou sob os cuidados do DRACCO por três anos e foi devolvido ao piloto Marcelo Pantaneiro, como é conhecido, em 2022. O piloto e proprietário do avião é um dos mortos no acidente. 

Cabe ressaltar que, de acordo com as informações iniciais da Agência Nacional de Aviação Civil(ANAC), o avião Cessna, prefixo PT-BAN, fabricada em 1958, não estava habilitada para fazer o serviço de táxi aéreo. 

VÍTIMAS

Ainda na noite de terça-feira (23), a delegada Ana Cláudia Medina, do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), confirmou as identidades das vítimas, sendo elas:

  • Marcelo Pereira de Barros (piloto e proprietário da aeronave);
  • Kongjian Yu;
  • Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz;
  • Rubens Crispim Jr.

Conhecido como Marcelo Pantaneiro, o piloto tinha vasta experiência no transporte aéreo de turistas pela região pantaneira.  Natural de São Paulo, se dizia apaixonado pela região pantaneira e por isso tinha longo histórico em sobrevoar as áreas naturais de Aquidauana, atividade que unia sua profissão à admiração pela natureza local. Junto com amigos, foi um dos fundadores da Aerotrip, empresa que oferecia voos panorâmicos e experiências aéreas na região.

Além dele, estavam na aeronave um arquiteto e paisagista chinês identificado como Kongjian Yu, e os documentarista que trabalhavam com ele identificados como Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispin JR. 

Segundo amigos, Luiz Ferraz e Kongjian Yu trabalhavam juntos em um projeto de documentário sobre o conceito de “cidades esponja”, que busca soluções sustentáveis para os grandes centros urbanos.

O arquiteto Kongjian Yu era um dos nomes mais respeitados da arquitetura paisagística mundial. Professor na Universidade de Pequim e fundador da premiada Turenscape, seu trabalho revolucionou o urbanismo sustentável com projetos como o conceito de “Cidades-Esponja”, voltado à integração ecológica nas metrópoles.

Rubens Crispin Jr. era documentarista, diretor de fotografia e produtor independente.  Nascido e residente em São Paulo, Rubens era formado em Artes Plásticas pela USP (2002). Sua carreira teve destaque em 2006, quando venceu o reality “Projeto 48”, do canal TNT, com o curta “Os 400 Golpes”, exibido em toda a América Latina.

Ele tinha passagens passagens por produtoras e canais como Discovery Channel, National Geographic, Arte 1, TV Globo, TV Cultura e a plataforma Cultura em Casa, Rubens também fundou a produtora Poseídos, atuante há quase 20 anos no mercado.

Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz era cineasta e documentarista, conhecido principalmente por trabalhos ligados ao tema de cidades-esponja e participação em festivais internacionais de cinema.

SEGUNDO CASO

A tragédia desta terça-feira ocorreu oito dias depois do acidente que no dia 16 resultou na morte do  pecuarista e médico Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos. O médico pilotava sua própria aeronave, que saiu de Araçatuba e caiu próximo da divisa de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso, no Pantanal.

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baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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