Cidades

Declaração

Sócios do Consórcio Guaicurus pagam para trabalhar, diz diretor

Em entrevista nesta manhã, Themis de Oliveira declarou que empresários têm feito "esforço hercúleo" para manter transporte público

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Em entrevista a Rádio Difusora na manhã desta segunda-feira (14), o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, declarou que os sócios da empresa responsável pelo transporte público de Campo Grande, neste momento, pagam para trabalhar.

De acordo com Oliveira, os acionistas do consórcio têm dificuldades para custear salários e até mesmo diesel, manobra que classificou como  um "esforço hercúleo" da manutenção do transporte coletivo em Campo Grande. 

"Hoje o consórcio opera no vermelho, e os acionistas colocam recursos para não parar. Estamos com algumas dificuldades para pagar salário, dificuldades para pagar diesel porque não chegam os recursos necessários e os acionistas têm de maneira hercúlea, comparecido e dado suporte para a operação continuar andando", declarou o diretor, que está à frente da pasta desde janeiro deste ano. 

Questionado sobre a atual situação da empresa, Themis disse acreditar que caso tivesse assumido o consórcio em uma situação de "zero a zero", a conjuntura atual seria melhor. Contudo, disse que a administração municipal também tem culpa sobre a má condição do transporte local. 

"Estaria em uma situação melhor, mas volto a dizer, se não tiver o compromisso do município em criar corredores de ônibus, não vai. Cidades como São Paulo possuem sistemas informatizados, com IA (Inteligência artificial), se organizaram, e isso melhorou as condições", declarou Themis.

Para ele, de nada adianta os acionistas investirem em ônibus enquanto a estrutura do trasnporte público não melhorar. 

"As pessoas querem tempo, querem sair um pouco mais tarde e chegar mais cedo em casa para conviver com a família. Isso passa pela organização do trânsito, que em Campo Grande não é possível ()de ser feito), se não mexer nisso, novos ônibus não vão resolver muita coisa Para investir R$ 500 milhões, R$ 700 milhões do jeito que está, é melhor levar esse dinheiro para o mercado financeiro".

Cabe destacar que logo em sua primeira coletiva à frente da pasta, cobrou o cumprimento do contrato por parte da prefeitura municipal. No dia 7 de janeiro, disse esperar que a administração determinasse o reajuste anual da tarifa. Na ocasião, citou que as normas estabelecidas no contrato de concessão, assinado em outubro de 2012. 

"O contrato tem normas estabelecidas para fazer o reajuste, e tem que ser de forma paramétrica onde entra custo do diesel, aumento do salario dos trabalhadores. A única coisa que a gente coloca para a prefeitura é que o contrato seja cumprido, nada mais do que isso", falou. À época, o diretor já havia declarado insatisfação com o aumento sobre o diesel utilizado nos coletivos. 

"Nós reajustamos o salário, o diesel no último mês subiu 10% e ele compõe o preço da tarifa. A única coisa que a gente discute com a prefeitura é que a fórmula que foi contratada há muitos anos seja cumprida", acrescentou o novo diretor-presidente.

Duas semanas após tomar posse, a prefeitura municipal subiu em R$ 0,20 o passe de ônibus, que saltou de  R$ 4,75 para R$ 4,95. A homologação da tarifa foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Município de hoje, pela Agência Municipal de Regulação dos Serviços Púlicos (Agereg).

Recentemente

Na última semana, após a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do transporte coletivo expor o descumprimento do contrato celebrado em 2012, tanto pela prefeitura como pelo Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, disse que apenas um novo termo entre as partes poderia resolver o problema e que este seria o momento ideal para se discutir um novo contrato de concessão.

“Estou disposto e disponível para conversar com a prefeitura, a Câmara Municipal e o Ministério Público para fazer uma grande negociação e chegar a um acordo de repactuação de contrato”, declarou Themis de Oliveira.

O diretor-presidente também acrescentou, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, que nesta repactuação seria possível acertar e propor soluções para os itens do contrato de concessão que não foram cumpridos pela prefeitura, como a efetivação dos corredores de ônibus e as reformas nos terminais.

Além disso, com a implementação por completo das melhorias no transporte mencionadas, o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus disse que as medidas causariam redução na quilometragem dos veículos.

“Com o processo de repactuação, vai melhorar para todo mundo, tanto para o Consórcio Guaicurus como para a população. Se a velocidade média avançar, por exemplo, com ganho de 10 minutos, uma linha onde preciso de seis ônibus por dia, pode começar a rodar com cinco, levando 50 minutos, assim, posso retirar um ônibus da linha e, tirando um ônibus, eu baixo o meu custo", exemplificou Themis de Oliveira. 

CPI 

No dia 18 de junho o diretor foi um dos ouvidos pela CPI do Ônibus. Na ocasião, estava no comando da empresa há apenas cinco meses. Em análise a sua participação nas oitivas, disse que a Comissão Parlamentar de Inquérito pode contribuir para a melhoria do transporte coletivo da Capital.

“Esta CPI é muito importante. Quando ela foi proposta, tinha um viés bem restrito, de olhar como estava a qualidade dos ônibus do Consórcio Guaicurus, depois foi ampliada para discutir todo o contrato e a situação do transporte coletivo de Campo Grande. Eu acho que a CPI chegou a uma compreensão que é um momento propício para discutir a mobilidade urbana, nas últimas oitivas ficou claro que o transporte não é só ônibus”, opinou.

Rotas

Themis de Oliveira também já falou sobre a necessidade de o município criar um novo projeto de mobilidade urbana municipal. “Um estudo amplo de mobilidade, se for feito, pode revelar quais são as principais necessidades urbanísticas, deixando um legado para a cidade”, declarou.

Themis citou mudanças que um estudo de mobilidade pode estabelecer: criar vias ou rotas exclusivas para tráfego de ônibus, táxis e motoristas de aplicativo; ampliar vias para ônibus; criar mais calçadões para pedestres; construir pequenos terminais de ônibus de integração na cidade; e estudar a possibilidade de implementação de uma rede de veículos leves sobre trilhos (VLT), entre outras propostas.

*Colaborou Judson Marinho

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Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

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Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

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