Abandonado desde dezembro do ano passado, o prédio onde funcionava o mercado Ki Frutas, localizado na Vila Glória, em Campo Grande, se tornou ponto de encontro entre traficantes, usuários de drogas e ladrões. A unidade foi à falência, acabou desativada da noite para o dia e agora é alvo de disputa judicial. A situação expõe a risco a segurança de moradores e comerciantes da região.
Mário Name, 53 anos, gerente de uma empresa de instalação e manutenção de ar condicionado, que fica aos fundos do prédio, na Rua Calarge, teve prejuízo com furto nos últimos dias. Na madrugada do dia 10 de setembro, ladrões invadiram o pátio da empresa por meio da antiga sala de máquinas do mercado, arrombaram dois carros e levaram cerca de R$ 4 mil em duas caixas de ferramentas e escadas.
Como se não bastasse, no último dia 1º o local voltou a ser alvo de ataque. "Como nós já estávamos nos precavendo, furtaram apenas uma máquina de solda que estava na garagem, avaliada em R$ 350", contou ele que, diante da situação caótica, tomou medidas por conta própria. "Eu mesmo entrei no mercado e soldei a porta do fundo da casa de máquinas e, sempre que há suspeita chamamos a polícia", disse.
Reduto da violência
Há décadas vivendo ao lado do supermercado, o comerciante Nelson Hokama, 66, relata que a movimentação começa sempre a partir das 22 horas. Grupos se reúnem para usar e distribuir drogas, e muitos cometem delitos para manter o vício. Produtos, fios, lâmpadas, torneiras e vários outros objetos que faziam parte da estrutura do Ki Frutas foram levados. Diante da escassez acentuada do que furtar, os ladrões invadem outros imóveis e não deixam nada para trás; nem mesmo produtos de limpeza escapam.
Por esta razão, Nelson não sai mais de casa, principalmente porque o quintal fica ao lado das janelas do prédio. "A gente tem medo e não deixa mais a casa sozinha, ainda mais à noite. Se tem que fazer alguma coisa urgente fora, peço para meu filho ir ou então ficar aqui para eu ir", explicou ele, lembrando que moradores de rua têm feito o imóvel de lar. "A gente escuta eles conversando à noite", pontuou.
Dono de uma distribuidora de água de coco em frente, Altair Soares Pereira, 62, conta que não é só criminoso pobre que leva perigo. "Certa vez parou uma van aqui na frente e começou a carregar vários móveis e equipamentos. A gente questionou, mas disseram que era parte de um acordo com a proprietário, mas não acreditamos e chamamos a polícia", pontuou.
A Polícia Militar, por sinal, é acionada com frequência pelos comerciantes das imediações, mas segundo relatado por eles mesmo, nem sempre comparece. Porém, nesta madrugada, indivíduos foram detidos no local. O Ki Frutas, localizado no cruzamento da Rua Calarge com a Pedro Celestino, fechou às portas no dia 22 de dezembro, deixando vários funcionários com salários atrasados. O responsável não foi localizado para comentar a situação.


