Com a chegada de festas e períodos de intensas viagens, surge também a preocupação com os animais de estimação que tanto sofrem com os fogos comuns da virada do ano, mas podem vir a sofrer com o abandono.
Aqueles que trabalham com o resgate de animais, vê esse período como crítico. A protetora de animais, Eleandra Pachuki, realiza o acolhimento desde os 14 anos. São gatos e cães, que sofreram maus tratos ou abandono. Atualmente abriga 112 animais em um espaço e nessa época o trabalho aumenta.
"Nessa época do ano tudo piora, as pessoas viajam, pois não tem onde deixar e abandona, além das festas com os fogos que ainda insistem em soltar, causando fugas dos bichinhos. Eu não entendo como um ser humano pode acreditar que na rua o animal estará bem", comenta.
Segundo Eleandra, a falta de planejamento na hora de adotar um animal é o maior problema. "As pessoas abandonam por falta de capacidade de manter, não pensam no futuro, acha bonitinho e esquece que vai crescer, que vai precisar de cuidados, terá gastos".
Na contramão, como forma de deixar os bichinhos seguros nessa época do ano, existem profissionais, babás de pet, que garantem os cuidados dos animais se os tutores precisarem sair de casa e não ter com quem deixar.
E os serviços estão disponíveis para todos os públicos, no caso da catsitter (na tradução, babá de gato), Ana Carolina Valdez, ou Tia Carol, como é conhecida, realiza o trabalho especificamente com os felinos.
"Há 8 anos atrás, por uma necessidade pessoal eu precisei de uma pessoa para cuidar dos meus gatinhos em um momento de ausência e não encontrei. Vendo uma oportunidade de negócio, busquei me qualificar e me profissionalizar em Atendimento Cat Sitter sendo pioneira com este tipo de atividade em Campo Grande", diz.
A especialista em cuidados com os gatinhos, afirma que as pessoas ainda têm o equivocado pensamento que o animal de estimação, especialmente o gato, pode ficar sozinho por dias, "só deixar mais ração e água e tá tudo certo".
"Infelizmente temos muitos casos assim. Para desmistificar esse pensamento ultrapassado, o atendimento Cat Sitter vem para provar que os gatos necessitam sim de atenção, estímulos diários, carinho, cuidado, zelo, assim como qualquer outro pet. Animais sentem falta do dono, da rotina da casa e se sentem sim abandonados quando o tutor viaja sem deixar uma pessoa qualificada para cuidar e zelar diariamente por ele", comenta.
O trabalho da Tia Carol é diário, e ela se desloca até a casa do próprio cliente. "Não fazemos atendimento intercalado justamente para não deixar o gatinho sem estímulos por mais de 24h. O ideal são duas visitas ao dia, uma pela manhã e outra à tarde. Quando estamos com o gatinho, enviamos as informações ao tutor de como o gato está, se está alimentando, se fez as necessidades, realizamos brincadeiras e muito carinho. Somos responsáveis pela vida daquele ser, então toda responsabilidade é fundamental neste tipo de atividade."
Também existem as opções para os cachorros, como a petsitter, Bianca Bianchi, que uniu a necessidade de renda extra com o amor pelos animais. "Minha carreira com pets começou em 2017, quando eu estava em um emprego e insatisfeita, com as perspectivas do trabalho e também financeiramente. Nessa época eu conversava com uma amiga que na época só cuidava de gatos. Ela me falou que uma havia uma demanda grande, principalmente em época de final de ano, para cuidar de cachorros".
Com isso, Bianca buscou por um curso de babás de animais, que pudesse fornecer a base para iniciar o trabalho, além de um curso de auxiliar de veterinário. Após isso, iniciou a divulgação dos serviços nas redes sociais.
Os serviços que a babá oferece, tem diferença dos hotéis já comuns nas clínicas veterinárias. Os animais ficam hospedas em sua própria residência
"O grande diferencial do meu trabalho pro serviço de hotelzinho é que na minha casa eles não ficam presos. Eles ficam soltos pela casa como se fossem meus. Então têm acesso ao quintal, tem acesso à parte de dentro, tem alguns cachorros que sobem no sofá, que dormem na cama comigo, ou seja, eles mantêm a rotina".
Mas o atendimento também é direcionado para os cães que por algum motivo precisam ficar em suas casas, então Bianca realiza as visitas.
Com o tempo, o negócio foi expandindo e a dogsitter, passou a ser petsitter, pois ampliou os cuidados para os gatos. "A diferença é que com os gatos não existe a possibilidade de hospedagem na minha casa. Por os gatos serem muito territorialistas, são apegados ao espaço deles. Então eu faço a visita na casa".
Para Bianca, desde que iniciou, houve um aumento na busca pelo serviço, que só diminuiu no período mais critico da pandemia.
"Pessoas que nem sabiam que existia esse tipo de serviço, famílias que deixavam de viajar, porque alguém tinha que ficar cuidando do bichinho. Sobre o abandono, infelizmente acontece das pessoas abandonarem, sim, os animais ou deixam com uma pessoa que não tem experiência em cuidar e quando começam os fogos o animal pode fugir, pode ser atropelado ou ficar perdido", conclui.