Duas semanas atrás, Yann Matheus Ferreira de Melo, garotinho de 14 anos de idade, nascido e criado em Campo Grande, divertiu-se ao seguir até o aeroporto da cidade, com a irmã Yasmine, afinal, seria a sua primeira viagem de avião rumo a capital Brasília.
O passeio tinha motivação inédita: Yann havia superado a esperteza de dois mil colegas estudantes e vencido a 2ª Olimpíada Nacional de Eficiência Energética.
O prêmio é uma iniciativa da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel e coordenado pelo Instituto da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.
A olimpíada é realizada entre as concessionárias de energia que operam em 22 estados e no Distrito Federal, entre as quais a Energisa de Mato Grosso do Sul.
Pelo feito, Yann levou para a casa um notebook e um certificado que concedeu-lhe uma bolsa de estudo no valor de R$ 3 mil.
"Quando soube que tinha vencido nem acreditei" , disse sorrindo o aluno acostumado e ir bem no ensino e a conquistar elogios e até broncas por isso, desde pequeno, assim que conheceu uma sala de aula.
Já nas primeiras séries e hoje cumprindo jornada escolar extra numa unidade educacional para estudantes identificados com altas habilidades, sabia ler e escrever.
Na olimpíada vencida por ele, Yann disse ter superado o raciocínio dos concorrentes em questões ligadas ao consumo de energia elétrica de maneira sustentável.
Nas provas, conta o aluno, surgiram perguntas com respostas fáceis e outras nem tanto como cálculos acerca do consumo em quilowatt-hora na conta de luz.
Tido como aluno superdotado, portador de altas habilidades, Yann disse que tal condição não o difere dos colegas com os quais estuda, no colégio Marista Alexander Fleming.
"Gosto de vídeo game, jogo futebol, tenhos amigos, vou ao shopping, normal", sustentou Yann.
O estudante afirmou ainda não ter preferência e "nenhuma" dificuldade em compreender as disciplinas as quais estuda hoje.
"Gosto e tenho facilidade de aprender matématica, português, história, geografia, ciências, todas", garantiu ele que revelou ainda um inusual meio de estudar em casa: "Sempre que vou aprender algo, estudar para a prova, por exemplo, faço isso andando ao invés de sentar-se numa mesa".
Arteiro
Ainda coforme o estudante, ele sabe regular seu tempo de estudo e a hora do lazer.
A única irmã, Yasmine, formada advogada aos 23 anos de idade, disse que o irmão, "um pouco arteiro" em casa, às vezes exagera nas tarefas escolares.
Certa vez, num sábado recente, recordou a advogada, ela levou o irmão a uma festa de aniversário, por volta das 14h e o buscou às 22h.
Ao retornar, o irmão, ao invés de ir dormir, disse ela, avisou que iria "estudar um pouco" para a prova que tinha de fazer na segunda-feira.
Yann, que cursa o 9o ano (ele disse ter sido matriculado pela primeira vez um ano depois da idade mínima porque era visto como de estatura pequena demais pelos pais) disse que desde que estuda a menor nota que recebeu em provas foi um 7.8, mas que hoje suas avaliações oscilam entre 9.5 e 10.
Ele revelou ainda que, por resolver rápido as atividades escolares, dentro da sala, logo que frequentou os primeiros meses de escola, era mal interpretado pelos professores.
"Terminava as tarefas e ficava conversando com os colegas".
A rotina dele, por conta da rapidez no raciocínio fez com que a professora chamasse a mãe ao colégio.
"Ela [mãe] aconselhou a professora a passar atividades a mais. Depois, assim que terminava minhas obrigações, ensinava os colegas", gaba-se o aluno.
Estudar na USP
Hoje, além das aulas normais, Yann assiste aulas no Centro Estadual de Atendimento Multidisciplina para Altas Habilidades/Superdotação, a Ceams/AHS, unidade educacional pública vinculada à Coordenadoria de Políticas a Educação Especial.
O premiado estudante disse que planeja estudar na USP (Universidade de São Paulo), a de maior peso no país, e lá cursar cirurgia plástica, especialidade médica.
Ele não soube explicar ao certo o motivo da profissão que quer, mas deixou a entender que vê nela uma "remuneração melhor".
De acordo com a assessoria de imprensa da Energisa MS, a Olimpíada em questão foi promovida entre agosto e dezembro deste ano.
Para chegar ao resultado final, professores e estudantes passaram por uma capacitação prévia à realização dos desafios e provas.
A disputa incluiu as etapas de formação de professores por meio da plataforma digital, multiplicação de conhecimentos entre os estudantes e a realização das provas que permitirão a aferição do aprendizado.
Todas aconteceram de forma monitorada e com a possibilidade de utilização de conteúdos online e off-line, incluindo a realização de provas em braile, denotando o caráter inclusivo do certame.
Vencedores do prêmio em MS
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º Lugar - Yann Matheus Ferreira de Melo - Colégio Alexandre Fleming - Campo Grande
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º Lugar - Henrique Biscaro de Sena - E.E. Blanche dos Santos Pereira - Campo Grande
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º Lugar - Daiane Santos Carvalho - E. M. Ada Moreira Barros - Aquidauana
º Professor premiado: Darinei Marcos de Lima - E. M. Ada Moreira Barros - Aquidauana
Todos foram premiados com um notebook e o aluno que ficou em primeiro lugar, o Yann, recebeu ainda uma bolsa de estudos de R$ 3 mil.
Um detalhe interessante, informou a assessoria, é que o professor premiado e a aluna que ficou em terceiro lugar, são de uma escola rural de um distrito próximo á cidade de Aquidauana.