Ernestina Barbosa Chaves está com quase 100 anos, mas ainda se encanta com cada sorriso de bebê que a vem visitar. “Solteirona”, como ela mesma se intitula, Ernestina nunca quis casar, rejeitou “16 pedidos de casamento”, mas cuidou de vários sobrinhos que vieram morar com ela ao longo dos anos. “Na época, elas viviam em fazendas e se mudavam para a minha casa para estudar”, explica.
Mesmo sem nunca ser avó, Ernestina não ligou para as formalidades e aproveitou no sábado, a presença de cerca de 50 crianças e jovens durante a ação “Mãos Que Ajudam”, um programa de voluntariado da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, realizado durante o dia em uma praça da cidade e à tarde na Associação dos Amigos Casa de Abraão, no bairro Taveirópolis. A iniciativa foi em homenagem ao Dia dos Avós, celebrado em 26 de julho.
Ernestina ouviu a contação de histórias dos pequenos, fez carinho em um dos bebês e riu quando as jovens quiseram pintar as suas unhas. “É divertido quando vem pessoas aqui, tem um movimento e eu me sinto bem”, afirma.
Lúcida, ela conta que nasceu em 1920 e apesar de ser registrada em outubro, veio ao mundo em novembro. “Eu costurava muito, agora não mais. Naquele tempo era tão gostoso, não que hoje não seja, mas as coisas vão mudando. Eu vi o que vocês não viram e depois vocês vão ver o que eu não vi”, reflete.
Assim como Ernestina, outra costureira nata durante a juventune foi dona Nair Pazeto, 79 anos. Risonha, ela colecionou as cartinhas entregues pelas crianças do projeto e ao contrário da colega, aceitou pintar as unhas de dourado. “Eu tenho um punhado de neto, mas eles não vem muito aqui. Eu gosto dessas ações porque animam o ambiente”, diz, em meio à sorrisos.
Nair está na casa de idosos há dois anos e para se locomover usa uma cadeira de rodas. A perda dos movimentos do lado esquerdo do corpo é uma herança da cirurgia para a retirada de um tumor no cerébro. “Um dia minha filha me deixou sozinha em casa, dormindo e acordei no chão. Meu filho quis me levar para uma casa dessas e eu disse que tudo bem. Encontraram um lugar, mas lá o valor era alto e eles não tinham condições de me manter, então conseguiram aqui”, relembra.
Para a pequena Emily Moraes Lima, de 9 anos, essas histórias são apenas uma parte da visita a Associação dos Amigos Casa de Abraão. Carinhosa, ela diz que “sentiu muito amor por eles”. Os cartões e os kits de higiene pessoal entregues como presentes foram organizados com uma semana de antecedência, também pelas crianças. “Eu ajudei com as cartinhas, a entreguar os kits e gostei muito, nunca tinha participado assim com os vovôs, mas já fiz outras coisas”, conta.
FAMÍLIA
Na Associação vivem atualmente 20 idosos, que é a capacidade máxima da instituição, sendo que apenas três deles recebem visitas. Segundo a diretora da casa Edmea Almeida Couto, mãe de uma das fundadoras da instituição, a maioria não tem a presença da família. “Eram moradores de rua ou não tiveram filhos, os irmãos já faleceram. Das mulheres que tenho aqui, apenas duas são mães, então, toda visita é bem vinda”, explica.
Apesar de funcionar ao lado do Centro Espírita Obreiros do Bem, no terreno doado pela instituição, a casa não tem vínculos religiosos e recebe ajuda de diversas crenças.
Para seu Anísio Nascimento, 79 anos, o carinho é ótimo. “Eu tenho cinco netos, cinco filhas e 1 bisneto, que me visitam. Sofri um acidente, cheguei aqui na cadeira de rodas, depois fui para a muleta e agora estou andando”, comemora. Os planos são de um dia conquistar a independência de vez. “Ver um pouco o mundo lá fora”, diz.
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