Giuliana nunca pensou em subir um morro ou se aventurar na cachoeira até perceber que a relação com a única filha estava estremecida. A chegada da adolescência começava a demonstrar mudanças no comportamento de Giovana e, para a mãe, transformar a relação era uma emergência.
“Ela está entrando naquela fase que é difícil para todo mundo, a pré-adolescência. A amizade entre nós que sempre foi muito forte começou a ter diferenças, acabamos nos distanciando e algumas brigas bobas surgiram. Percebi isso e fiquei com muito medo de não termos mais aquela conversa entre mãe e filha”, explica Giuliana Cristina de Oliveira, 42 anos.
Típica adolescente, Giovana está com 12 anos e conectada sempre com o celular. “Ficava no quarto dela, que eu chamo de ‘caverna’”, brinca Giuliana. Com medo de que a situação piorasse, a mãe resolveu sugerir que as duas fossem para o meio do mato, ou melhor, participassem de um grupo de trilha.
“Eu perguntei se ela topava e por incrível que pareça ela topou. Durante as trilhas, ela nem se importa com o celular, só usa para tirar fotos e nossa relação melhorou muito. Nossas brigas deram uma cessada, o diálogo recomeçou e ela até me cobra quando demora para ter uma trilha”, conta Giu.
As duas não têm só o nome semelhante, Giuliana e Giovana são muito parecidas fisicamente e, agora, apaixonadas por trilha.
“Minha mãe nunca foi dessas coisas, ela chegou e falou: ‘Domingo vamos fazer uma trilha juntas’. No começo eu achei estranho, mas, quando cheguei lá, gostei bastante”, confessa Giovana Oliveira.
HOBBY
O medo da separação diminuiu e ter um hobby juntas tornou o relacionamento entre mãe e filha cada vez mais saudável.
“Nosso tempo juntas era pouco, por mais que estivéssemos na mesma casa, ela ficava na ‘caverna’ e eu fazia as minhas coisas. Não tinha uma atividade, um hobby e a trilha se tornou justamente isso. Foi a ideia que eu tive que fosse de comum acordo e que talvez as duas gostassem. O bom é que ela gostou mais do que eu, se tornou uma coisa muito prazerosa para a gente, nós vamos no caminho rindo, cantando, é o que nos aproximou e diminuiu as brigas”, afirma a mãe.
NATUREZA
De poucas palavras, Giovana concorda. “Ficamos mais tranquilas, eram brigas bem chatas e agora estamos próximas de novo”. Mesmo apaixonada pelo celular, ela confessa que até esquece a existência dele quando está na cachoeira.
“É uma sensação boa ficar mais perto da natureza, eu adoro”, acredita.
As fotos lindas que as duas tiram incentivam até os colegas de Giovana a seguirem pelo mesmo caminho. “Tem uma amiga minha que deseja vir a uma das trilhas”.
Para Giu, toda a história mostrou um lado que as duas não conheciam. “Adversidades sempre vão ter de mãe e filha, mas o que importa é estarmos juntas”.