Todo início de ano a pauta invariavelmente circula para “os melhores” dada a “temporada de premiações” do cinema e da TV internacionais.
Em 2023, com o Golden Globes voltando a ser exibido depois de um hiato controverso, já podemos desenhar os favoritos e prováveis vencedores.
Com os votos de jornalistas estrangeiros baseados em Hollywood, o Golden Globes sempre abre o ano e tem sido eficaz em seu termômetro, mas é uma loteria.
Uma festa ampla, que inclui TV e Cinema, teria credibilidade para destacar os conteúdos mais relevantes, não fosse um histórico complicado de propinas e influências que estão tentando combater. Por outro lado, os indicados e vencedores abrem uma lista que veremos se repetir até março (com o Oscar).
Nela temos um Steven Spielberg fazendo um filme autobiográfico com chances de vir a ser o “filme da Academia” e uma Cate Blanchett favorita para o seu terceiro Oscar como Atriz interpretando Lydia Tár, a compositora e maestrina homossexual em um espiral psicológico denso, sem eliminar as chances de Michele Yoh na categoria. Do lado masculino a briga não está fácil.

Não se enganem com a disputa confirmada entre Colin Farrell e Austin Butler para Melhor Ator, o favorito ainda é Brendan Fraser por The Whale. Ah, e sim, depois da Copa do Mundo a Argentina deve mais uma vez fazer a festa do Oscar com 1985.
Mas se queremos mesmo antecipar os vendedores do Oscar e do Emmy de 2023, são os prêmios dos Sindicatos – Atores, Diretores e Roteiristas – que nos dão as dicas mais certeiras.

Isso porque mais de 80% dos votantes são os mesmos nas premiações e sinalizam para que lado as categorias estão pendendo de verdade. Dito isso, olhei para a lista de indicados com uma pontada de tédio, afinal serão nomes e discursos repetidos a exaustão seja nos palcos ou nos tapetes vermelhos, e não têm tantas surpresas.
Quer dizer, mais ou menos. A esnobada em House of the Dragon, que não recebeu sequer uma indicação por seu elenco no SAG Awards, pode ser um argumento de que tem chance reduzida no Emmy desse ano.
Em seu lugar, confirmamos o favoritismo de The White Lotus, a série que fechou o ano como uma febre mundial. Por outro lado, me parece uma certa inércia (e injusta) manter The Crown entre os indicados quando a última temporada foi bem menos impactante do que as anteriores.

Na luta de plataformas, que deixa HBO e Netflix sempre à frente, o duelo se mantém, mas a grande vencedora nas indicações ao SAG foi mesmo a Netflix, que conseguiu ter Ana De Armas por Blonde, Adam Sandler por Hustle e o incrível Eddie Redmayne por The Good Nurse entre os indicados.
A Apple TV Plus não deve ser subestimada (Severance está com força) e emplacou indicados com chances de ganhar, como Paul Walter Hauser mais uma vez excelente e elogiado em Blackbird.
Como cantei a pedra em 2022, as categorias de minisséries são todas – sem exceção – “bioseries” e/ou “psycho series”, ou seja, histórias de pessoas reais ou dramas sobre psicopatas e crimes.
Ou os dois. Embora
Emily Blunt (The English), Jessica Chastain (George & Tammy), Julia Garner (Inventing Anna) e Niecy Nash (Dahmer) estejam espetaculares, a franco favorita segue sendo Amanda Seyfried por The Dropout.
Se é que podemos palpitar desde já, diante das cinco indicações ao SAG para cada filme, Everything Everywhere All at Once e The Banshees of Inisherin são os queridos da hora.
Além de Melhor Elenco (que é o sinônimo de Melhor Filme) para ambos, traz suas estrelas ocupando as vagas nas categorias de Atriz, Ator e Coadjuvantes.

E desenha o próximo Oscar como o da inclusão asiática em Hollywood, porque tem Michele Yoh, Stephanie Hsu e Ke Huy Quan na disputa, com Hong Chau de The Whale na frente como Atriz Coadjuvante.
Hong tem apenas em Angela Bassett uma adversária potencial pois a atriz traz uma bela história para o Oscar, sua atuação emocionante em Pantera Negra: Wakanda Forever, quase 30 anos depois de ser indicada como Atriz quando interpretou Tina Turner em What’s Love Got to Do with It?. Hollywood ama uma homenagem como essas…
Saberemos a lista das indicações ao Oscar na manhã de 24 de janeiro, mas os votos já começaram. Será que teremos surpresas?