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DE CG PARA O MUNDO

Representante de MS na Filarmônica de Israel volta à Capital para show com Eduardo Martinelli

Ao lado do maestro, o então violista Brenner Rozales começou na Fundação Barbosa Rodrigues e uma década depois pôde tocar, na orquestra em Tel Aviv, sob regência do lendário Zubin Mehta

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Brenner Rozales, hoje aos 28 anos, voltou a Mato Grosso do Sul após dois anos tocando junto da Orquestra Filarmônica de Israel e, após ser regido inclusive pelo lendário Zubin Mehta, tem encontro marcado com o primeiro maestro que ajudou a trilhar sua carreira, Eduardo Martinelli, com quem o violista toca em Campo Grande no próximo dia 14 de outubro. 

Há mais de uma década Brenner conhecia pessoalmente os trabalho iniciados por Martinelli, junto à Fundação Barbosa Rodrigues, instituição que - à época - apoiava um projeto embrionário que mudaria os rumos culturais da própria Capital com os talentos que sairiam dali.

Como esclarece o maestro Eduardo, a ideia consistia em arrumar instrumentos, ir até a periferia e ensinar uma "molecada" que, como ele bem frisa, não teria condições de comprar e pagar por uma aula para vivenciar isso. Era preciso primeiro vencer a barreira da dúvida para que o projeto rendesse seus frutos, o que não demorou para acontecer. 

"Em cinco anos de projeto já estávamos na iminência de gravar o DVD, os jovens já tinham ido para dois festivais fora do Estado para aperfeiçoamento; viagem internacional envolvendo o Chile, Argentina e Paraguai", cita Eduardo Martinelli. 

Passados 15 anos, período extremamente curto se comparado com a história da própria música clássica, Eduardo classifica a Capital sul-mato-grossense como "bem servida" de projetos com mesmo teor que a ação da Fundação Barbosa Rodrigues, que modificou o cenário da Capital e deu exemplo para demais instituições, de que esse tipo de iniciativa dá certo, cita o maestro. 

“Isso modifica não só a vida do camarada que está ali. Começa modificando a vida dele, mas depois passa a mudar a família; depois, de quem está mais próximo; depois a sociedade e aí os gostos das pessoas. Por quê a sinfônica de Campo Grande tem os concertos completamente lotados, porque é gente da gente tocando, o público vai assistir e se identifica, já acompanham a história dessas pessoas, é realmente uma orquestra que faz parte da realidade cultural da cidade", afirma Martinelli. 

Além de Brenner, outros dois casos tiveram renome internacional, com um migrando para Londres, e outro que termina seu doutorado em Regência de Orquestra com bolsa do governo do Canadá. Assim como nomes que estão pelo Brasil afora, ou mesmo na Capital, que seguem com seus projetos na área da música de concerto, orquestral e clássica. 

"Esse projeto que ele fez parte, foi o primeiro na nossa capital nesses moldes. Começou em 2005 e, até 2016, onde durou, a gente 'soltou uma porrada' de profissionais no mercado. Fora os outros que estão pelo Brasil afora, ou aqui, e continuam em projetos na área da música de concerto, orquestral e clássica, quase todos são oriundos desse primeiro projeto que desenvolvemos", diz Martinelli. 

Da Capital até Tel Aviv

Depois de sua iniciação no violino e migração para a viola sinfônica ainda na Fundação Barbosa Rodrigues, Brenner começou a deixar seu nome marcado nos mais diversos festivais a partir de 2015, performando em Brasília e Campos do Jordão (SP). Ainda naquele ano ele se mudaria para São Paulo e, por mais que não soubesse, o feito exclusivo do sul-mato-grossense estaria cada vez mais perto. 

"Lá já encontrou um lugar dentro dos melhores jovens do Estado, consequentemente entre os melhores do País. A partir dali já começou a estar na sinfônica jovem de SP e em todas as atividades desenvolvidas, que eram turnês; gravação de CD... além do trabalho como instrumentista na orquestra, teve um quarteto de cordas que ele tinha muito destaque", frisa Martinelli. 

Em entrevista ao Correio do Estado, Brenner revela que começou a tocar violino ainda na igreja e, antes de conhecer o projeto da Fundação, sequer sabia que era possível levar a música clássica como profissão.

Já na viola, que - apesar de tirar som através da fricção de cordas, como o violino -, possui som mais encorpado, grave e menos estridente que seu parente, Brenner realizou apresentações ao lado de nomes lendários, como Andrea Bocelli e até cantores nacionais, como Chitãozinho e Xororó, em incursões orquestrais. 

Há cerca de dois anos ele seria então premiado com a bolsa para bacharelado no exterior, pela The Buchmann Mehta School of Music, na Universidade de Tel Aviv, em Israel, considerada uma das mais estruturadas universidades de música do mundo. 

Sendo um dos instrumentos que compõem as primeiras filas em frente ao maestro, a viola permitiu que Brenner ficasse a poucos passos do lendário Zubin Mehta, uma conquista e tanto para amantes da música clássica. 

“Foi uma coisa que nunca senti em nenhum outro lugar. A presença dele, quando ele entra, não foi só eu, é uma coisa coletiva, todo mundo sente”, disse Brenner sobre a experiência, que aconteceu em 2021, em período pós-covid. 

Mudanças pela música

Sobre as rotinas em outro continente, ele destaca que não saber falar hebraico em um primeiro momento foi, sim, um obstáculo, já que não existem muitos brasileiros falando português em Tel Aviv, o que torna muito fácil ficar “perdido” caso o inglês não esteja em dia, mas que a música foi a linguagem universal que ajudou nessa conexão. 

"É bem intenso, eles fazem três programas desses por semana. Então é um dia de ensaio e no mesmo um concerto. A conexão que tenho com a orquestra que toco, é uma parte do curso da universidade em que toco para ganhar crédito no curso. E sempre tenho essa oportunidade, posso pedir para participar de determinado programa, tocar com tal pessoa, eles me encaixam na semana de rotina deles", diz o jovem músico. 

Ainda, Brenner comenta a importância da gravação do DVD pelo grupo em Campo Grande, ainda em 2011, sendo o ponto de início de como deveriam ser as dedicações e estudos do jovem pelo caminho que escolhia traçar, o que facilitou o costume com as preparações que tem de encarar para se apresentar em Israel.

"Eles ensaiam em um dia um programa inteiro, de até duas horas e meia. No outro dia é a passagem de som e o concerto. E é sempre lotado, por mais que os ingressos sejam caríssimos, as pessoas têm sede disso lá, e vai gente de todo o mundo também. Mas é maravilhoso, o som que a orquestra produz eu não tenho palavra para explicar", confirma o violista. 

Tocando com, talvez, um dos últimos maestros vivos lendários do século XX, simplesmente Zubin Mehta, nomeado como consultor da Filarmônica de Israel ainda em 1969, elevado para diretor artístico em 1977, cargo que se tornou vitalício em 1981, em Tel Aviv conseguiu um feito nunca alcançado por um morador de Mato Grosso do Sul. 

“Ele é o único sul-mato-grossense da história a tocar com a filarmônica de Israel, uma das maiores orquestras do mundo - como a de Berlim, Chicago e Londres, pilares da música clássica internacional -, e ainda tocou com o Zubin Mehta regendo… o programa internacional que ele participa, o Zubin que fundou. Isso é um ponto único, já para brasileiro não é muito fácil, imagino que para um sul-mato-grossense é inédito”, salientou Eduardo Martinelli. 

Para a dupla, a valorização da música clássica enriquece a produção artística local, descrita por Martinelli como, possivelmente, “a coisa mais que pode ter acontecido com Campo Grande”. Ainda assim, mesmo que esse gênero ainda esteja em constante popularização e ainda tomando seu espaço, o maestro cita que em 300 anos essa música ainda não morreu. 

"Quando as pessoas veem uma orquestra tocando ao vivo, acontece uma coisa muito mágica, você está reproduzindo exatamente aquilo que foi feito há 250 anos, com pessoas tocando na mesma organicidade, você está dando vida de novo ao pensamento e construção de alguém que não está mais aqui", expõe o maestro. 

Brenner complementa que, sendo a Fundação Barbosa Rodrigues seu primeiro contato com estudo diário de música, mesmo quando ainda estava em São Paulo, vinha constantemente para Campo Grande com a ideia de visitar o projeto, dizendo que um de seus objetivos é justamente agregar essa iniciativa com cada nova coisa que aprende.

“Por mim, já me sinto realizado... eu só não quero ser o único a ter ido para lá. E para isso acontecer, os projetos precisam continuar, com mais pessoas. Quero que venha mais gente, não só para Israel, mas para todo lugar do mundo”, conclui.

Com apresentação marcada para o próximo dia 14 de outubro, às 20h no Teatro do Mundo - que fica na rua Barão de Melgaço, n.º 177 -, a Brenner Rozales e Eduardo Martinelli deixaram uma palinha que você confere logo abaixo: 

 
 

ORQUESTRA JOVEM

'Show' de fim de ano da Fundação Barbosa Rodrigues une novos e velhos talentos no palco

Noite de apresentações marcada para às 20h de segunda-feira (09), no Teatro Aracy Balabanian, mostra os talentos musicais lapidos em Campo Grande

04/12/2024 13h00

Apresentação do dia (09) traz apresentação com novos alunos dos projetos da Fundação, mas também rememora antigos talentos formados pela Fundação

Apresentação do dia (09) traz apresentação com novos alunos dos projetos da Fundação, mas também rememora antigos talentos formados pela Fundação Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Marcada para 20h do dia (09) de dezembro, no Teatro Aracy Balabanian, a apresentação de fim de ano da Fundação Barbosa Rodrigues traz um verdadeiro show para Campo Grande, com novos e velhos talentos que foram lapidados nos mais diversos projetos musicais da organização que há quase meio século estimula a cultura local. 

Concerto de encerramento das atividades anuais, do projeto social de ensino de música, a noite do dia (09) dezembro traz apresentação com novos alunos dos projetos da Fundação, mas também rememora antigos talentos formados pela Fundação.

É o caso de Brenner Rosales, que chegou a representar Mato Grosso do Sul como violista da Filarmônica de Israel, e está de volta em território brasileiro, em colaboração com renomadas orquestras nacionais. 

Além dele, outro músico de renome na apresentação da segunda-feira (09) é Matheus Coelho, que nos dias atuais atua como regente no Canadá, com uma trajetória internacional que reflete o impacto do projeto em sua formação.

Monitora de Projetos na Fundação Barbosa Rodrigues, Juliana Bezerra Pereira da Silva também foi "fruto" da Orquestra, mas ressalta que projetos como a "Orquestra Jovem" servem não só para despertar talentos musiciais, mas também ajuda no desenvolvimento socio emocional, além de agir até como auxílio educacional. 

Passando pela turma de violino de 2015, o que ela cita ter sido uma experiência incrível, para Juliana Bezerra a "Orquestra Jovem" é uma porta a ser aberta para esse grupo de crianças entre 04 a 16 anos,. 

"Não permaneci devido a ter tendinite no braço que seria de apoio do instrumento. Mas pude retornar para a Fundação em 2023, onde voltei a ter contato com esse projeto lindo que fez e faz a diferença na vida de muitas crianças e jovens, seja no auxílio educacional, seja como ajuda socioemocional, ou como perspectiva profissional para eles", afirma. 

Resultados para vida

Apesar de ser instrumento de formação de novos musicos, os projetos da Fundação auxiliam não somente quem um dia sonhou em seguir carreira musical, caso de Pâmela Rodrigues, que afirma ter sua vida "completamente mudada" pela iniciativa. 

"Independente de não estar seguindo com a música hoje, foi algo que me ajudou muito como pessoa, Desenvolvi uma habilidade com a música que não conhecia. Fiz amizades que levo até hoje, conheci cidades e lugares incríveis, tive experiências únicas que levo comigo na memória", expõe ela. 

Ela cita que, além do aprendizado musical, a Fundação foi uma rede de apoio e incentivo do crescimento pessoal, pelo simples fato de conectar pessoas com o mesmo interesse em um espaço de colaboração. 

Integrante da fase inicial da Orquestra Jovem, ela diz que leva a música hoje como um "hobby", mas de forma série, sendo fote de "paz, calmaria, conforto, alegria".

"A Orquestra Jovem sempre fará parte da minha vida e sempre é um prazer poder voltar a tocar. Esse tipo de projeto tem como missão ajudar a descobrir um propósito maior, moldar a visão de mundo. Proporciona uma experiência prática valiosa, que me ajudou na construção de confiança e no entendimento de como as ações podem ter um impacto direto na comunidade ou no mundo", completa. 

Advogada, Fabíola Borges também é outro nome que passou pelo projeto da Fundação Barbosa Rodrigues e, mesmo que tenha seguido caminhos distintos da música, afirma que a arte foi sua base desde a infânica. 

"Me ensinou desde criança a ter compromisso, a ser mais cuidadosa, me trouxe amigos verdadeiros que se assemelham a uma familia e fez eu enxergar o mundo de uma maneira mais artística - essa é a parte incrível. Apesar de ter seguido outro caminho profissional foi a música que me guiou até aqui", completa.

Projetos

Como bem esclarece o Maestro Eduardo Martinelli, as atividades da Fundação registraram uma expansão em suas atividades aducacionais, com mais turmas e maior amplitude de seu alcance. 

Entre os cursos oferecidos na Fundação Barbosa Rodrigues aparecem: 

  • Coro infantil, 
  • Violão clássico, 
  • Teclado, além de 
  • Musicalização para pais e filhos.

Pioneira no projeto social da Fundação Barbosa Rodrigues, a musicalização para pais e filhos, por exemplo, favorece o aprendizado musical, mas também torna os laços familiares mais fortes, através de ambiente de interação e cooperação entre as gerações. 

"Estudos comprovam que a educação musical compartilhada entre pais e filhos pode ter um impacto profundo no desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças, além de promover a construção de um vínculo mais estreito e positivo entre pais e filhos. A interação durante as aulas contribui para o fortalecimento da comunicação e colaboração familiar, essencial para o desenvolvimento integral das crianças", expõe o maestro. 

O Teatro Aracy Balabanian fica dentro do Centro Cultural José Octávio Guizzo, localizado Rua 26 de Agosto, número 453, localizado na região central de Campo Grande. 
 

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PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Prédio do ILA é abandonado em Corumbá

Prefeitura recebeu recursos para conservação de edifício histórico do Instituto Luiz Albuquerque em Corumbá, mas obra de restauração não foi concluída

04/12/2024 10h00

Edifício histórico no centro de Corumbá sofre com o abandono

Edifício histórico no centro de Corumbá sofre com o abandono Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

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A falta de conservação dos prédios históricos de Corumbá, seja no porto geral, seja no entorno da área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é o retrato do abandono da cidade, em que moradores convivem com escuridão nos bairros, acúmulo de lixo, arborização em declínio e ausência de políticas públicas. Imagens que chocam entre o passado e o presente.

Entre os casarões que apresentam aspecto de desmazelo se destaca o Instituto Luiz de Albuquerque (ILA), cuja calçada da sua imponente fachada está tomada pelo mato. A prefeitura recebeu R$ 3,2 milhões do governo federal para sua reforma, após a transferência do bem pelo Estado, mas a obra iniciada em 2021 foi paralisada um ano depois e sem previsão de continuidade.

Ficaram as marcas nas paredes de uma intervenção malsucedida – a prefeitura culpa a empreiteira, que teria descumprido o contrato –, impactando um belo exemplo da arquitetura em estilo eclético que compõe o conjunto histórico da cidade. Construído entre 1918 e 1922 para ser um grupo escolar, situa-se na Praça da República, de frente para o Rio Paraguai e o Pantanal.

Riscos de incêndio

Com grandes salões e janelas, o prédio conta ainda com um pátio, onde a reforma demoliu um espaço coberto que sediava oficinas de arte e eventos culturais. Abrigando um valioso acervo e duas das maiores bibliotecas do Estado, tornou-se nas últimas décadas uma verdadeira casa da cultura sul-mato-grossense. Porém, em nenhum momento passou por um restauro efetivo.

A falta de manutenção e conservação ocasionou sucessivas interdições, uma delas motivada por Ação Civil Pública do Ministério Público Federal (MPF), com base nos riscos de incêndio e na necessidade de se tomar medidas de segurança na edificação. Em 2014, foi realizada uma reforma paliativa, contemplando o telhado, que estava desabando.

O casarão centenário está fechado há 10 anos. Na retomada da reforma, foi transferido para outros espaços o acervo que inclui 12 mil jornais catalogados dos séculos 19 e 20 e duas mil fotos antigas da cidade, o Museu Regional do Pantanal e a Biblioteca Municipal Lobivar Matos, com 16 mil livros. Por último, de centro cultural, passou a ser sede da Defesa Civil local.

Nova licitação

Em julho de 2020, foi anunciada a tão esperada restauração, com recursos do Iphan repassados ao município. O projeto incluía intervenções em toda a estrutura (como janelas, portas, piso de madeira, escadaria, área externa, telhado, ladrilhos, hidráulica e elétrica) e instalação de um elevador acoplado ao prédio.

A prefeitura prometeu finalizar a obra em um ano, relatando que o maior problema do prédio era o telhado, ameaçando ruir. A requalificação envolveria as áreas externas, como praças e ruas, agregando mais conforto, iluminação, segurança, beleza e qualidade de vida ao espaço público, valorizado por outro prédio centenário, a Igreja de Nossa Senhora da Candelária (1885).

No entanto, o que se vê hoje é uma obra (entre tantas) abandonada, “um verdadeiro sinistro”, como definiu um ativista cultural da cidade.

O prefeito eleito Gabriel Oliveira garantiu a retomada imediata da reforma, que será relicitada nos primeiros meses de 2025. Também anunciou a criação da Fundação do Patrimônio Histórico para fazer a gestão real desse bem material.

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