Economia

IPCA

Inflação de Campo Grande é quase o dobro da brasileira no acumulado do ano

Em 2020, o indicador acumula alta de 2,22% no País e de 4,36% na Capital

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Campo Grande acumula inflação de 4,36%, de janeiro a outubro de 2020. O resultado é quase o dobro do índice nacional, que foi a 2,22%. 

Em 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, registrou alta de 3,92% no Brasil e na Capital a inflação chega a 6,42%. O aumento nos preços de alimentos puxou o indicador para cima.

O doutor em economia Mateus Boldrine Abrita explica que o poder de compra do morador do Estado é reduzido com o aumento da taxa. 

“Com uma inflação mais alta, a chamada renda real fica mais baixa, o que significa um poder de compra prejudicado caso o trabalhador não tenha um reajuste de salário dessa mesma magnitude”, explica.  

Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação do índice foi puxada pelo grupo alimentação e bebidas, que registra 10,62% de aumento no ano. 

A maior alta foi observada no preço do arroz, que aumentou 58,80% no ano. Ainda entre os alimentos, o óleo de soja subiu 37,33%; a laranja, 34,07%; pescados, 18,15%; e carnes, 15,67%.

Os outros grupos de produtos e serviços que servem como parâmetro para o cálculo do índice também inflacionaram no ano. 

O grupo transportes foi a 4,29%; habitação (4,06%), artigos de residência (3,75%), comunicação (2,60%), saúde e cuidados pessoais (1,42%), vestuário (0,87%), despesas pessoais (0,87%) e educação (0,24%).

A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, ressalta que ou as pessoas precisam reduzir o consumo ou gastar mais. 

“Quando temos uma inflação para Campo Grande maior [que a do País], significa que a perda do poder de compra do campo-grandense está bem maior que a média dos brasileiros em geral. O preço do arroz, óleo de soja, feijão e leite são os principais vilões porque estão mais altos. E além dos alimentos básicos terem aumentado, temos outros produtos também. Tudo vai recair sobre o bolso do consumidor e, dependendo da renda, ele não consegue se adequar a esses novos preços”, diz a economista.  

Daniela ainda destaca que a inflação afeta a vida das pessoas porque começa a interferir no bolso. 

“A partir do momento que você vai ao supermercado e não consegue comprar as mesmas coisas que comprava antes pelo mesmo valor que havia sido reservado do orçamento, significa que os preços estão mais altos, e se você mantiver a mesma renda, ou vai comprar menos ou reservar uma fatia maior do orçamento. Se a minha pretensão era comprar uma dúzia de ovos, por exemplo, eu terei de comprar meia dúzia. Ou buscar substitutos”, exemplifica.  

No acumulado do ano, a capital sul-mato-grossense tem a maior inflação do País (4,36%), seguida por Recife (3,62%), Rio Branco (3,55%) e Fortaleza (3,40%). 

Quando observado o intervalo interanual (em 12 meses), Campo Grande também desponta com o maior índice nacional (6,42%). Na sequência vêm Belém (5,37%), São Luís (5,02%) e Fortaleza (4,95%).

Mensal

Em outubro, o IPCA subiu 0,91%, cerca de 0,35 ponto porcentual abaixo da taxa registrada em setembro (1,26%). 

É a quinta alta consecutiva do índice em Campo Grande. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, todos tiveram alta em setembro. 

A maior variação (1,82%) e o maior impacto (0,39 p.p.) no índice do mês vieram do grupo alimentação e bebidas, que desacelerou em relação a setembro (3,60%). 

A segunda maior variação veio dos artigos de residência (1,74%), seguidos por vestuário (1,41%), transportes (0,91%), habitação (0,53%), despesas pessoais (0,47%), comunicação (0,37%), saúde e cuidados pessoais (0,28%) e educação (0,03%).

A alta nos preços do óleo de soja (12,07%), mamão (14,67%) e a batata-inglesa (22,47%) influenciaram na elevação da taxa. 

Segundo a supervisora de informações do IBGE, Elenice Cano, os alimentos continuam sendo os principais responsáveis pela inflação local.

 “Nos outros meses tivemos a alta dos combustíveis, mas no mês de outubro foram os alimentos, principalmente o arroz e o óleo de soja”, disse.

Cesta básica fica R$ 110 mais cara em um ano

Pesquisa da cesta básica realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que o conjunto básico de alimentos ficou R$ 110,82 mais caro em um ano. 

Em outubro de 2019 era preciso desembolsar R$ 409,30, enquanto no mês passado a mesma cesta passou a R$ 520,12, diferença porcentual de 27,08%.

A cesta familiar, que tem itens para atender uma família composta por quatro pessoas, fechou outubro a R$ 1.560,36, um aumento de R$ 276,28 na comparação com o mesmo período do ano passado, quando custo foi de R$ 1.284,08.

Entre os itens que mais subiram no mês de outubro se destacam óleo de soja, arroz, tomate e carne bovina.

 “O que temos observado é que não só a demanda interna continua aquecida, quanto a demanda internacional. E a gente tem que ver que alguns países da Europa já estão falando em segunda onda da Covid-19, e com isso aumentam as exportações. Enquanto o mercado internacional estiver aquecido, os preços continuarão altos. E tem a questão da carne, que além dos volumes exportados têm diminuído a quantidade de animais para abate no campo. Não temos perspectivas de melhora de preços”, informou a supervisora técnica do Dieese, Andreia Ferreira.

Conforme o levantamento, o litro do óleo de soja saiu de R$ 3,86 em outubro do ano passado para R$ 6,74. O pacote de arroz de 5 kg saiu de R$ 13,55 em 2019 para R$ 23,90 neste ano. 

Enquanto a média de preços do quilo de cortes bovinos como patinho, coxão duro e coxão mole saltou de R$ 20,36 em 2019 para R$ 30,99 em 2020.

Para adquirir o conjunto de alimentos é necessário investir 53,81% de um salário mínimo. 

Economia

Caged registra criação de 132,7 mil postos de trabalho em outubro

Mês teve recuo, mas saldo do ano passa de 2 milhões de vagas criadas

27/11/2024 21h00

Foto: Agência Brasil

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A criação de emprego formal caiu em outubro. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, 132.714 postos de trabalho com carteira assinada foram abertos no último mês. O indicador mede a diferença entre contratações e demissões.

Em relação aos meses de outubro, o volume é o menor desde 2020, quando se iniciou a metodologia atual do Caged. A geração de empregos caiu 30,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2023, tinham sido criados 190.366 postos de trabalho, nos dados com ajuste, que consideram declarações entregues em atraso pelos empregadores.

Em entrevista coletiva, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que os juros altos contribuíram para a desaceleração na abertura de vagas.

“Espero que a transição do Banco Central venha a ajudar isso no tempo. Creio que o Banco Central não foi colaborativo nesse período de analisar completamente os indicadores macroeconômicos e ajudar nas decisões para a gente não perder o ritmo de crescimento. Houve uma desaceleração [na criação de empregos]”, disse o ministro.

Saldo acumulado

Nos dez primeiros meses do ano, foram abertas 2.117.473 vagas. Esse resultado é 18,6% mais alto que no mesmo período do ano passado. A comparação considera os dados com ajustes, quando o Ministério do Trabalho registra declarações entregues fora do prazo pelos empregadores e retifica os dados de meses anteriores.

O resultado acumulado é o maior desde 2022, quando tinham sido criados 2.341.665 postos de trabalho de janeiro a outubro. A mudança da metodologia do Caged não torna possível a comparação com anos anteriores a 2020.

Setores

Na divisão por ramos de atividade, três dos cinco setores pesquisados criaram empregos formais em outubro. A estatística foi liderada pelos serviços, com a abertura de 71.217 postos, seguidos pelo comércio, com 44.297 postos a mais. Em terceiro lugar, vem pela indústria (de transformação, de extração e de outros tipos), com a criação de 23.729 postos de trabalho.

O nível de emprego diminuiu na construção civil, com o fechamento de 767 postos. Com a pressão pelo fim da safra de vários produtos, a agropecuária eliminou 5.757 vagas no mês passado.

Destaques


Nos serviços, a criação de empregos foi puxada pelo segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com a abertura de 41.646 postos formais. A categoria de administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais abriu 10.698 vagas.

Na indústria, o destaque positivo ficou com a indústria de transformação, que contratou 23.800 trabalhadores a mais do que demitiu. Em segundo lugar, ficou o segmento de eletricidade e gás, que abriu 124 vagas.

As estatísticas do Caged apresentadas a partir 2020 não detalham as contratações e demissões por segmentos do comércio. A série histórica anterior separava os dados do comércio atacadista e varejista.

Regiões
Todas as cinco regiões brasileiras criaram empregos com carteira assinada em outubro. O Sudeste liderou a abertura de vagas, com 65.458 postos a mais, seguido pelo Sul, com 34.372 postos. Em seguida, vem o Nordeste, com 18.345 postos. O Norte abriu 7.349 postos de trabalho, e o Centro-Oeste criou 4.457 vagas formais no mês passado, tendo o menor desempenho por causa do fim da safra.

Na divisão por unidades da Federação, 24 das 27 registraram saldo positivo. Os destaques na criação de empregos foram São Paulo (+47.255 postos); Rio Grande do Sul (+14.115), em recuperação após as fortes enchentes que atingiram o estado; e Rio de Janeiro (+10.731). Os três estados que fecharam vagas foram Bahia (-579 postos), Mato Grosso (-172) e Goiás (-45).

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Economia

Pacote de cortes de gastos abordará supersalários e grandes fortunas

Ministro do Trabalho, Luiz Marinho adiantou pontos das medidas

27/11/2024 20h00

Pacote de cortes de gastos abordará supersalários e grandes fortunas

Pacote de cortes de gastos abordará supersalários e grandes fortunas Agência Brasil

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O pacote de corte de gastos a ser anunciado nesta quarta-feira (27) pelo governo federal abordará supersalários no serviço público e imposto sobre grandes fortunas, disse há pouco o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. Em entrevista coletiva para explicar a criação de 132,7 mil postos de trabalho em outubro, o ministro adiantou alguns pontos das medidas.

“Supersalários, imposto para super-ricos, vem tudo aí. Pacote completo”, disse Marinho. Perguntado se o pacote também envolve aumento de correção na tabela do Imposto de Renda, o ministro simplesmente disse: “Tudo”, sem entrar em detalhes.

Em relação ao seguro-desemprego, Marinho declarou que não haverá mudança de regra. Segundo o ministro, a ideia chegou a ser discutida no pacote, mas não avançou.

“Não há mudança de regra para o seguro-desemprego, por exemplo, mas vamos aguardar os detalhes. Se não eu vou furar o olho do colega [ministro da Fazenda, Fernando Haddad]. [O pacote] será muito diferente do que estava sendo desenhado até então”, disse. Em relação ao abono, Marinho nem confirmou nem negou alterações.

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Marinho confirmou que o pacote a ser anunciado às 20h30, em cadeia de rádio e TV, pelo ministro Haddad será detalhado nesta quinta-feira (28) em entrevista coletiva. Há um mês, o governo tenta enviar medidas de corte de gastos obrigatórios que impeçam, até 2027, o estouro do limite das despesas do arcabouço fiscal. Em vigor desde o ano passado, o marco fiscal restringe o crescimento real (acima da inflação) das despesas do governo a 70% do crescimento real das receitas, limitado a 2,5% acima da inflação por ano.

Debates

Em outubro, Marinho chegou a anunciar que pediria demissão se o Ministério do Trabalho não fosse ouvido na elaboração do pacote. Nesta quarta-feira, o ministro disse ter mudado de opinião porque conseguiu botar as “impressões digitais” nas medidas.

“Eu disse [em outubro] que, se não fosse ouvido, eu pediria demissão. Mas fui envolvido. Participei do debate. Hoje Haddad fará o pronunciamento. Amanhã serão anunciados os detalhes. Lá tem as minhas digitais nos debates lá colocados”, declarou.

Outras medidas

Na segunda-feira (25), Haddad confirmou que o pacote também trará medidas para reformar a previdência dos militares, reformular o Vale Gás e limitar os supersalários no funcionalismo público federal.

Na entrevista de hoje, Marinho disse que o pacote de corte de gastos é necessário para ajustar o ritmo de crescimento dos gastos ao das receitas. “A PEC [proposta de emenda à Constituição] da Transição resolveu um problema herdado do governo anterior e resolveu que a economia funcionasse por dois anos. Agora é preciso ajustar a velocidade de despesas com receitas. No ano passado, o Congresso não aprovou todo o desejado [pelo governo]”, declarou.

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