Economia

MEDIDA

Mais de 104 mil pessoas terão o décimo terceiro salário reduzido no Estado

Governo federal prorrogou suspensão de contratos e redução de jornada até 31 de dezembro de 2020

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Decreto publicado ontem (14) no Diário Oficial da União prorroga até dezembro o programa que autoriza empresas a suspenderem o contrato de trabalho ou reduzirem a jornada e os salários dos funcionários em troca da manutenção do emprego. 

Em Mato Grosso do Sul, 104.985 acordos foram celebrados com a medida. Todos os trabalhadores terão redução no décimo terceiro salário.

O benefício emergencial foi estendido até 31 de dezembro, quando se encerra o estado de calamidade pública decretado em março em razão da pandemia de Covid-19. 

O Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) foi instituído pelo governo em abril, por meio da Medida Provisória nº 936/2020, e transformado na Lei nº 14.020/2020 em julho.  

Com a medida, o empregador pode reduzir o salário e a carga horária dos empregados em 25%, 50% ou 70%, permitindo ainda que contratos fiquem suspensos, ou seja, que o trabalhador fique de “licença” e receba um benefício.

Em contrapartida, o governo federal paga um auxílio financeiro, calculado dentro de uma porcentagem do que o empregado receberia de seguro-desemprego relacionada à queda de renda.  

Conforme dados do Ministério da Economia, foram firmados 46.607 contratos de suspensão de renda em Mato Grosso do Sul. 

De acordo com o advogado Leandro Provenzano, os meses de suspensão não entram na conta para o 13º salário nem para o período de aquisição das férias.

“O período de suspensão de trabalho não será contabilizado para férias e 13º. O trabalhador só terá direito às férias quando completar o período aquisitivo de 12 meses. Com a suspensão do trabalho, suspende-se também as férias e o período aquisitivo”, explicou Provenzano.

Para exemplificar, no caso de um contrato suspenso de abril a dezembro, o trabalhador só recebe a gratificação natalina referente aos meses de janeiro a março. 

A advogada trabalhista Kelly Ferreira do Vale complementa que o benefício não tem natureza salarial.  

“Se a pessoa trabalhou até 15 dias no mês em que houve a suspensão, aquele mês conta. Por exemplo, o contrato de trabalho foi suspenso no dia 20 de junho, o mês entra no cálculo tanto do 13º quanto das férias. E no caso de o contrato ter sido suspenso no dia 6 daquele mês já não entra na conta”, exemplificou Kelly.

Redução

Na outra modalidade oferecida pela lei, da redução de jornada e salário, foram registrados 56.879 contratos firmados entre abril e outubro. 

Sendo 22.488 reduções em 50% na carga horária e nos salários; 120.316 acordos com a redução de 70% das horas e do salário; e 14.045 firmaram redução de 25%.

Segundo a advogada trabalhista, estes terão sua gratificação de Natal calculada levando em conta apenas a parte paga pela empresa, excluindo do cálculo o benefício pago pelo governo federal.  

“No caso de quem teve a jornada e o salário reduzidos, o contrato não foi suspenso, então esse período entra no cálculo do 13º e das férias. Mas o valor da base de cálculo para esse período será menor, valerá o que recebeu de salário do empregador. A parte do benefício [paga pelo governo federal] não entra como verba de natureza salarial”, detalha Kelly.

Provenzano ainda reforça que as férias daqueles que tiveram a jornada e os salários reduzidos ficarão iguais.

 “Quem teve o horário reduzido vai receber o 13º com valor reduzido e proporcional à redução, mas terá férias igualmente. A empresa só é responsável pelo pagamento da quantia do salário pago, mas jurisprudencialmente creio que a justiça poderá modificar essa parte da lei”, ressalta.

A lei também prevê que o empregado com contrato de trabalho intermitente formalizado até 1º de abril de 2020 pode receber o auxílio emergencial mensal no valor de R$ 600. Nesta situação, são 1.499 contratos no Estado.  

Prorrogação

Conforme nota da Secretaria-Geral da Presidência, a prorrogação do BEm é necessária em razão do cenário atual de crise social e econômica.

 “Essa ação permitirá que empresas que estão em situação de vulnerabilidade possam continuar sobrevivendo a este período e, desta forma, preservar postos de trabalho e projetar uma melhor recuperação econômica”, informou.

O BEm equivale a uma porcentagem do seguro-desemprego a que o empregado teria direito se fosse demitido e é pago com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

No caso da redução de jornada e salário, o governo paga um benefício emergencial ao trabalhador para repor parte da redução salarial. No total, o benefício pago pode chegar até a R$ 1.813 por mês.

Já em caso de suspensão do contrato de trabalho em empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, o trabalhador receberá 100% do valor do seguro-desemprego a que teria direito.  

Cálculo

O décimo terceiro salário é um direito garantido pelo art. 7º da Constituição Federal de 1988. Consiste no pagamento de um salário extra ao trabalhador no fim de cada ano. 

Aqueles que tiveram contratos de trabalho suspensos receberão uma média proporcional à quantidade de meses. 

Basta dividir o último salário recebido por 12 e multiplicar pelo número de meses trabalhados no ano. No caso da redução salarial, vai ser proporcional, com o total de salários recebidos em todos os meses dividido por 12.

ECONOMIA

Em MS, 13º de quase metade da população vai para o pagamento de contas

Expectativa é que festividades de fim de ano movimentem R$ 1,27 bilhão na economia local, com o Natal responsável por R$ 837 milhões e queda entre os que pretendem presentear no próximo dia 25

25/11/2024 12h51

Apesar do aumento no percentual dos que pretendem comemorar, houve queda de 10% no índice daqueles que presentearão neste 2024

Apesar do aumento no percentual dos que pretendem comemorar, houve queda de 10% no índice daqueles que presentearão neste 2024 Arquivo/Correio do Estado

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Levantamento sazonal feito pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio - MS (IPF-MS), com foco nas movimentações das festas de fim de ano mostram que, em Mato Grosso do Sul, quase metade da população que recebe 13º deve direcionar esse salário extra para o pagamento de contas. 

Por meio de entrevista em ponto de fluxo, a pesquisa entrevistou um total de 1.981 entre os dias 04 a 12 deste mês de novembro, ouvindo sul-mato-grossenses que moram nos seguintes municípios:

  • Campo Grande,
  • Dourados,
  • Ponta Porã,
  • Coxim,
  • Bonito
  • Corumbá
  • Ladário e
  • Três Lagoas.

Conforme levantamento, 44,27% devem se pagos com o 13º salário e 55,73% indicaram não receber esse dinheiro "extra", mostrando ainda que seja para os débitos do começo de ano ou que já venceram, quase metade (46,63%) deve direcionar os valores para contas. 

A grande maioria (27,48%) entre os que recebem o 13º indicaram que vão usar esse salário para o pagamento das contas que ainda vão vencer. 

Mais abaixo, 10,83% aponta que o 13º salário deve ir para as dívidas atrasadas, enquanto 8,32% indica que esse recurso vai para as tradicionais contas de início de ano, como os impostos sobre as propriedades Predial e Territorial Urbana (IPTU) e de Veículos Automotores (IPVA). 

Fora esse grupo, o ranking percentual de destino do 13º aparece com: 

  • 13,34% - Poupar/guardar o recurso
  • 11,63% - Comprar móvel/eletrodoméstico/eletrônico
  • 10,03% - Não decidiu ainda

Gastos de fim de ano

Conforme o levantamento da Fecomércio, a expectativa com as festividades de fim de ano é que o Estado movimente R$ 1,27 bilhão na economia local, com o natal responsável por R$ 837 milhões. 

Para a tradicional data do "bom velhinho", os gastos previstos estão estimados em R$ 414,8 milhões para presentes e R$ 422,6 milhões para comemorações, com outros R$ 434 milhões destinados ao Ano Novo. 

Regiane Dedé de Oliveira é economista do IPF da Fecomércio e cita o cenário tido como "positivo", apontando que o momento é oportuno para os comerciantes. 

"Oportuno para o comércio se preparar, atender bem e aproveitar o movimento gerado pelas festas de fim de ano. O gasto médio com presentes de Natal está em R$ 456, e o das comemorações em R$ 340, valores significativos que impulsionam nossa economia", diz.

Quanto ao Natal, se lançado olhar nos parâmetros de anos anteriores, é possível notar que apesar do aumento no percentual dos que pretendem comemorar, houve queda de 10% no índice daqueles que presentearão neste ano. 

No panorama do Estado, o percentual dos que comemorarão a data saltou de 54,67% para 83,49%, enquanto que, entre os que pretendem presentear o índice foi de 71,83% para 61,23%.


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DESTAQUE

Seguro rural cresce em MS, que é o 7º no ranking nacional, com 76 mil apólices

Eventos climáticos extremos são apontados como o principal motivo para a alta no número de pedidos em todo o Brasil

25/11/2024 08h30

Adversidades climáticas impactaram em queda da produtividade da safra de milho 2023/2024

Adversidades climáticas impactaram em queda da produtividade da safra de milho 2023/2024 Foto: Paulo Ribas

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Mato Grosso do Sul registrou 76.802 apólices de seguro rural até este mês, conforme aponta o relatório Atlas do Seguro Rural, elaborado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), consolidando o Estado como o sétimo maior na adesão ao serviço no País.

O avanço é impulsionado pelo aumento de eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, que levaram os produtores rurais a buscar formas de mitigar riscos e garantir a sustentabilidade de sua atividade.

Ainda conforme o Atlas do Seguro Rural, até este mês em Mato Grosso do Sul, uma área de 12.455.782 hectares foi segurada contra possíveis prejuízos. Em valores, Dourados é a cidade com o maior investimento em seguro rural no Estado, com um total de R$ 2,805 bilhões, seguida por Maracaju (R$ 2,225 bilhões) e Ponta Porã (R$ 2,008 bilhões).

Adversidades climáticas impactaram em queda da produtividade da safra de milho 2023/2024

Nos valores pagos pelas apólices acionadas neste ano, o relatório mostra um total de R$ 2,576 bilhões em Mato Grosso do Sul, com um investimento de R$ 1,722 bilhão pago pelos produtores rurais – valores conhecidos como prêmio.

O número crescente de agências de segurança rural em Mato Grosso do Sul reflete a busca dos produtores por formas de enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelas oscilações econômicas do setor.

Para o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo (SRCG) Staney Barbosa Melo, o aumento é um reflexo direto das crises que o agronegócio vem enfrentando na esfera climática.

“Com diversas crises recentes, o interesse dos produtores em proteger seus trabalhos e negócios cresceu significativamente. Neste ano, observamos uma maior adesão não só ao seguro rural, mas também a instrumentos como mercados de hedge – uma estratégia utilizada no mercado financeiro essencial para a proteção de ativos contra as incertezas e a volatilidade – e opções,  que oferecem alternativas mais seguras”, explica Melo.

O economista reforça que a imprevisibilidade climática foi um fator decisivo. Eventos extremos como as inundações no Rio Grande do Sul e a estiagem prolongada no Centro-Oeste expõem os agricultores a perdas severas.

“Em Mato Grosso do Sul, sofremos com secas intensas nos últimos anos, e isso impactou diretamente nas safras. Houve casos de replantio e perdas que superaram os 30%, como na segunda safra de milho 2023/2024. Esses sinais evidenciam que algo está fora do normal com o clima”, pontua o especialista.

Melo destaca que, embora o seguro rural seja uma ferramenta cada vez mais procurada, seu custo elevado e a falta de subsídios adequados ainda são barreiras para muitos produtores.

“Produzir alimentos é uma atividade de alto risco. Quando o clima ou o mercado desfavorável impactam uma safra, os prejuízos podem levar anos para serem consumidos. Apesar do crescimento, ainda é muito custoso para o produtor se proteger de todos os riscos, especialmente com subsídios insuficientes para tornar o seguro mais acessível”, detalha.

O economista do SRCG afirma ainda que é preciso pensar caminhos para que o produtor rural consiga produzir com alguma garantia de que, se tudo der errado, ele poderá contar com alguma proteção de preços e produção.

“Nessa quadra histórica, o agro está se mostrando muito mais desafiador do que era na década passada. É preciso ser cada vez mais competitivo, e a competitividade passa pela segurança e permanência na atividade rural”, analisa.

“O produtor rural está sentindo esse movimento e está parando de olhar apenas para dentro da porteira. Está incorporando tudo o que existe de mais moderno em sua atividade, e o seguro rural é uma importante ferramenta demandada nesse processo”, pondera Melo.

PANORAMA NACIONAL

A área segurada de soja – principal produto do País atendido pelo mercado segurador por meio do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) – já ultrapassou a de 2023.

Ao Valor Econômico, o presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (CSR/Fenseg), Glaucio Toyama, afirmou que já são 3,8 milhões de hectares de soja assegurados para a safra 2024/2025, contra 3,1 milhões de hectares no ciclo passado.

Produtores de soja de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal contrataram apólices para assegurar 1,6 milhão de hectares, acima dos 1,1 milhão de hectares na safra 2023/2024.

A Brasilseg, que lidera o segmento de seguro rural no País, relatou aumentos de 719% e 134% nas contratações de apólices para seguro floresta e pecuário, respectivamente, entre janeiro e agosto na comparação com o mesmo período de 2023.

 A área segurada de floresta plantada passou de 52 mil hectares para mais de 426 mil hectares. Já a área de pasto protegida saiu de 4 mil hectares para mais de 10 mil hectares. Mesmo com o aumento da cobertura, o ano tem sido desafiador para as seguradoras que operam com ou sem subvenção.

Até agosto, o volume de arrecadação com o seguro rural caiu 3,2% (para R$ 9,6 bilhões), conforme dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) compilados pela Confederação Nacional das Seguradoras (Cnseg). As cifras consideram também os seguros de vida e penhor rural. A entidade reduziu a projeção de crescimento para o mercado de seguro rural em setembro para 1% neste ano.

Em junho, a expectativa era de um avanço de 7,9%. No fim de 2023, de 23,1%. A justificativa para o corte foi a demora no desembolso da subvenção do PSR. Outra razão é a queda no preço médio do seguro rural (prêmio) de 7,47% para 6,86%, acompanhando o aumento da contratação fora do Rio Grande do Sul e do Paraná – historicamente, os principais consumidores do instrumento –, o que ajudou a pulverizar o risco.

O dado, da Fenseg, considera apenas o seguro das lavouras. O resultado está aquém das expectativas do mercado, que enxergava um potencial de expansão com o maior interesse dos agricultores pelas apólices, segundo Toyama. O esgotamento do orçamento do PSR, mesmo que mais tarde que o habitual, freou uma possível recuperação mais forte do mercado.

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