Economia

AUMENTO

Materiais para construção ficam 40% mais caros em 3 meses

Empresários apontam que o início da retomada no setor fez com que indústrias inflacionassem produtos

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Pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aponta que em todos os estados brasileiros houve aumento nos materiais para construção consultados. 

Conforme o levantamento, de março a julho, produtos como cimento e aço aumentaram mais de 10% no Estado. 

Já os produtos que vêm de outras partes do Brasil, como elétrica e hidráulica, subiram até 40%.  

De acordo com o presidente do Sinduscon-MS, Amarildo Miranda Melo, o aumento de preço dos materiais de construção durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) surpreendeu o segmento, que não parou de produzir.

 “Não é o momento para haver aumento de preço, ainda mais com porcentuais acima da inflação. O setor da construção vem demostrado sinal de recuperação e é fundamental que toda a cadeia, incluindo o setor de materiais de construção, colabore para a manutenção dessa recuperação e do aumento do emprego e da renda”, considerou.

Segundo o presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Adão Castilho, os produtos fabricados em MS não subiram acima do normal, mas os que vêm de indústrias de outros estados, sim. 

“No Estado existem fábricas de tijolos e cimento; percebemos foi questão de R$ 30 a mais no milheiro de tijolos e o cimento subiu em torno de 10%. Já o que é produto nacional, a parte de hidráulica subiu de 20% a 30%; elétrica também, pisos, muitas coisas estão subindo”, destacou.  

O construtor ainda explica que é uma questão de oferta e procura, que durante o período houve queda de 14% do número de novos empreendimentos, mas as vendas de imóveis cresceram em torno de 20%. 

“O empresário começou a visualizar que não fomos atingidos como imaginávamos, e aqueles projetos que estavam engavetados saíram da gaveta e a construção está a todo vapor. Mas as indústrias não acreditaram no mercado, então acabou que teve desabastecimento do material. Tem muitos produtos em falta, inclusive. O mercado está em aquecimento e a indústria não deveria aproveitar para subir os preços”, contextualizou Castilho.  

Para o Empresário Marcos Luiz de Oliveira, da Empresa Tecol Engenharia, o aumento de preço dos insumos contraria todas as medidas tomadas pelo governo federal para mitigar os impactos da pandemia.

“Todos sabem que nossos indicadores caíram, e nesse sentido estamos enxergando que nossos fornecedores de insumos estão na contramão, cometendo aumento de preços abusivos. Nesses últimos meses, constatamos em nosso dia a dia no Estado um aumento de preço com variação de 5% a 40%, dependo do produto”, explicou.

Itens

Conforme a pesquisa da CBIC, de março a julho, 95% das empresas identificaram alteração de até 10% nos valores cobrados pelo cimento. 

O preço do aço subiu até 10%. Houve registro de inflação nos preços do bloco cerâmico, concreto, cabos elétricos e tubulações.

O presidente CBIC, José Carlos Martins, disse que o momento não poderia ser mais inoportuno para aumentar preços. 

“É uma miopia por parte da cadeia produtiva. Em um momento em que indicadores têm mostrado sinais de recuperação no setor, quando temos a expectativa de que a construção civil possa puxar a retomada do crescimento, alguém decide levar vantagem”, disse.

Mercado externo

Exportações de carne de MS disparam e "driblam" tarifaço dos EUA

Além da carne, celulose e forte demanda chinesa ajudaram a manter vendas externas em alta e fortalecer a balança comercial

07/11/2025 05h00

Exportações de carne de Mato Grosso do Sul dispararam em 2025

Exportações de carne de Mato Grosso do Sul dispararam em 2025 Gerson Oliveira

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Após fechar o mês de outubro, as exportações de Mato Grosso do Sul caminham para mais um ano de bom desempenho, com um saldo positivo bilionário das vendas ao exterior. A projeção é de crescimento nas vendas para outros países, mesmo em meio ao tarifaço aplicado pelos Estados Unidos ao longo do ano. Carne bovina e celulose puxam o bom desempenho do Estado nas vendas externas.

No acumulado do ano, segundo os números da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) anunciados ontem, as exportações de celulose para outros países acumularam US$ 277,8 milhões no mês de outubro e US$ 2,7 bilhões no acumulado do ano.

Durante todo o ano de 2025, as exportações já são 25,6% maiores que as dos primeiros dez meses do ano passado. No comparativo mês a mês, porém, as exportações de celulose foram menores em outubro: -21,9%.

Mas a sensação deste segundo semestre é a carne bovina de Mato Grosso do Sul. O item foi o segundo mais vendido no mês passado, superando a soja, e ainda superou outra barreira: o tarifaço dos Estados Unidos imposto pela administração de Donald Trump. Atualmente, a exportação de carne brasileira para os Estados Unidos é taxada em 50%.

Isso, contudo, parece não ser problema para os frigoríficos instalados em Mato Grosso do Sul, que têm unidades conhecidas por exportar carne de alto padrão. No mês de outubro, as exportações de carne bovina atingiram US$ 185,4 milhões, um aumento de 39,6% nas vendas.

No acumulado do ano, a receita com a exportação de carne bovina chega a US$ 1,5 bilhão, aumento de 46,6% nas vendas no comparativo com os dez primeiros meses do ano passado. Já são US$ 300 milhões a mais que os US$ 1,2 bilhão vendidos ao exterior no ano passado pelos frigoríficos de MS.

A soja, outrora carro-chefe das exportações de Mato Grosso do Sul, sobretudo em receita, agora tem oscilado entre o segundo e terceiro lugar nas exportações. Em outubro, as vendas externas da soja (US$ 132,2 milhões) subiram 21,8% em relação ao mês anterior, mas trata-se de uma oscilação.

No ano, a oleaginosa teve uma receita de US$ 2,2 bilhões e amarga uma queda de 21,2% na receita das exportações, US$ 600 milhões a menos que nos primeiros dez meses do ano passado.
Açúcar, farelo de soja e milho disputam, mês a mês, as outras posições na balança comercial de Mato Grosso do Sul.

Saldo da balança

O Estado de Mato Grosso do Sul caminha para fechar o ano de 2025 com um bom desempenho nas vendas externas, superando desafios deste ano. O total de exportações já chega a US$ 9,1 bilhões, enquanto as importações atingem US$ 2,2 bilhões. O saldo na balança comercial chega a US$ 6,9 bilhões.

A tendência de bons números é o comparativo com o ano fechado de 2024, quando Mato Grosso do Sul teve um saldo de US$ 7,2 bilhões na balança comercial, a diferença dos US$ 10 bilhões nas exportações e dos US$ 2,8 bilhões de importações.

Isoladamente, outubro último resultou em uma receita de US$ 894,2 milhões com exportações e despesas locais de US$ 299,5 milhões com importações, saldo de US$ 594,7 milhões na balança.

Destinos

A China permanece sendo o principal destino dos produtos de Mato Grosso do Sul, para os três produtos que lideram as vendas externas: celulose, soja e carne bovina.

O país asiático, segunda maior economia do mundo, comprou, nos dez primeiros meses deste ano, US$ 4,1 bilhões de produtos brasileiros com origem em Mato Grosso do Sul, o que significa uma participação de 45,6% nas vendas externas locais.

Só no mês de outubro, a China comprou US$ 371,4 milhões em produtos com origem em MS, resultando em uma participação de 41,5% do total exportado.

No acumulado do ano, apesar do tarifaço de Trump, que teve início em abril (10%) e foi reajustado em agosto (para 50%), os Estados Unidos continuam mantendo a segunda posição como maior comprador de produtos de Mato Grosso do Sul, com uma participação de 4,9%.

Foram vendidos US$ 448,2 milhões em produtos para os EUA, sobretudo carne bovina nos meses de fevereiro, março e abril, em meio à véspera e início do tarifaço.

A queda brusca nas compras norte-americanas verifica-se em outubro. Os Estados Unidos compraram US$ 22 milhões em produtos sul-mato-grossenses, ocupando o sexto lugar (participação de 2,5%) entre os destinos das exportações locais. Itália (5,4% de participação), Holanda (4%), Uruguai (3,7%) e o longínquo Bangladesh (2,9%), banhado pelo Oceano Índico, estão à frente dos norte-americanos quando se trata de compras de Mato Grosso do Sul.

Importações

A queda nas importações de gás da Bolívia, o que é uma má notícia para Mato Grosso do Sul porque reduz a receita com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o gás que entra no Brasil em Corumbá, ajuda a aumentar o saldo da balança comercial.

No acumulado do ano, a Petrobras importou US$ 662,4 milhões do hidrocarboneto extraído das jazidas bolivianas, 31,5% a menos que no mesmo período do ano passado, quando já havia uma queda na compra do produto. Atualmente, o gás responde por 30,5% das importações locais, conforme os números das importações de janeiro a outubro.

No mês passado, a participação do gás natural é ainda menor. O produto representou apenas 18% das importações do Estado, e por pouco não foi superado pela compra do maquinário que será usado na megafábrica de celulose da Arauco, em Inocência.

A Petrobras comprou US$ 56,3 milhões em gás boliviano no mês passado, participação de 18%. A importação de válvulas, diodos e transistores, que custou US$ 40,6 milhões, representou 13,6% das importações de MS, enquanto a compra de maquinaria de papel e celulose, que custou US$ 34,7 milhões, foi responsável por 11,6% das importações de Mato Grosso do Sul.

Exportações de carne de Mato Grosso do Sul dispararam em 2025

 

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Economia

Norsul mira crescimento do agro e logística portuária após investir R$ 715 mi em cabotagem

A transação permitirá ampliar o volume total transportado para 4 milhões de toneladas de matéria-prima sólida a granel por ano

06/11/2025 22h00

Norsul mira crescimento do agro e logística portuária após investir R$ 715 mi em cabotagem

Norsul mira crescimento do agro e logística portuária após investir R$ 715 mi em cabotagem Divulgação/Depositphotos

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A Norsul já se prepara para acelerar a incorporação das embarcações do tipo mineralheiro (ore carrier) e de suas respectivas tripulações após concluir a compra da operação de navegação costeira (cabotagem) da Hidrovias do Brasil. A transação permitirá ampliar o volume total transportado para 4 milhões de toneladas de matéria-prima sólida a granel por ano. Além disso, a tradicional companhia de navegação segue atenta ao mercado e monitora a crescente demanda do agronegócio por serviços de logística.

Anunciado em fevereiro, o negócio de R$ 715 milhões foi concluído no último sábado, garantindo à Norsul um contrato de longo prazo, até 2034, para o transporte de bauxita da mina de Porto Trombetas até Barcarena, no Pará, onde está localizada a refinaria Alunorte. Serão duas embarcações - Tambaqui e Tucunaré - dedicadas integralmente à rota.

Com 61 anos de experiência em cabotagem, a atuação da empresa nesse trecho já havia sido cogitada há quase uma década, quando a Log-In Logística Intermodal vendeu os ativos. "Mas só agora os números fizeram sentido", comenta ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor financeiro e de novos negócios da Norsul, Rodrigo Cuesta.

"É uma aquisição plug-and-play, totalmente dentro do nosso core business, envolvendo navios customizados para o próprio negócio, numa região em que a dependência do modal é total. Ganhamos sinergias e participação de mercado. Sem dúvida, é um marco importante", afirma.

Com a venda, a Hidrovias do Brasil busca reduzir a alavancagem e concentrar-se em ativos como Arco Norte, Arco Sul e o terminal de Santos. Já a Norsul, que em 2024 transportou 7,5 milhões de toneladas de bauxita, amplia a presença na região Norte ao assumir o transporte da produção de uma das maiores empresas de alumina do mundo. Além do Norte, a companhia também observa as principais regiões produtoras do agronegócio.

"Grande parte da logística que fazemos ocorre dentro da cadeia industrial do próprio cliente, que é concessionário do porto público, como em Barcarena. ... O agronegócio voltado ao mercado interno utiliza pouco a cabotagem. Há gargalos de infraestrutura, mas é um segmento no qual temos interesse, pois enxergamos um crescimento secular", diz. "Porém, ainda não temos nenhuma iniciativa pronta", acrescenta.

Em 2024, a Norsul movimentou 14,2 milhões de toneladas em cabotagem, das quais 700 mil em longo curso (voltado ao comércio internacional), e registrou R$ 1,4 bilhão em receita líquida.

A navegação de cabotagem já representa 12% de tudo o que é transportado no País.

Diversificação

Nos últimos anos, a diversificação tem sido uma estratégia. Segundo a empresa, essa postura ajudou a sustentar um crescimento médio de 19% na receita bruta na última década.

A joint venture com a Hapag-Lloyd, firmada em 2023, resultou na criação da Norcoast, dedicada à cabotagem e ao feeder de contêineres nos portos brasileiros. De acordo com Cuesta, o negócio aumentou entre 15% e 20% a capacidade de cabotagem de contêineres. "Adicionamos oferta a um mercado que já contava com três grandes players. Nosso objetivo é ter mais uma Norsul em volume transportado com os nossos quatro navios", afirma.

A operação concentra-se nos portos de Manaus (AM), Pecém (CE), Suape (PE), Santos (SP), Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).

"É um business muito customizado e, este ano, devemos movimentar cerca de 120 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)", comenta.

Além dessas rotas de navegação com janelas fixas e semanais, o executivo aponta que a infraestrutura portuária do Rio de Janeiro também está sendo analisada.

A empresa iniciou ainda, no último ano, operações de bunkering ship-to-ship (abastecimento de combustível de embarcações de grande porte) na costa brasileira.

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