A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campo Grande manifestou preocupação com os impactos econômicos provocados pela redução dos salários dos servidores municipais em até 20%. A medida, anunciada pela prefeitura na semana passada, pode afetar o comércio local no período de maior movimentação e expectativa de vendas, o fim de ano.
De acordo com o presidente da CDL, Adelaido Figueiredo, o corte atinge cerca de 30 mil servidores, o que representa milhares de famílias com menor poder de compra em um momento estratégico para a economia.
“Esses 20% que deixam de entrar no orçamento das famílias refletem diretamente nas padarias, nos mercados, nas lojas e nos serviços. Quando o salário do trabalhador é reduzido, toda a cidade sente”, pontua.
Adelaido lembra que aproximadamente 52% do orçamento municipal é destinado à folha de pagamento, considerada a principal forma de retorno dos tributos à população.
“A Prefeitura devolve o que arrecada basicamente por meio da folha, já que os processos licitatórios quase sempre são vencidos por empresas de fora. Quando corta o salário do servidor, o impacto recai sobre Campo Grande inteira”, afirma.
Vendas no final do ano passado
As vendas contabilizadas em dezembro de 2024 foram 5% melhores que o desempenho obtido no ano anterior para 50% dos empresários da Capital. Os dados são da pesquisa "Perspectivas para 2025", elaborada pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), no início do mês de janeiro.
Entre todos os participantes, 24% informaram que a celebração de Natal e Ano Novo fez com que o desempenho fosse 10% maior que o ano de 2023. Ainda no comparativo com o período, 39% dos comerciantes alegaram que o desempenho das vendas se manteve igual em 2024.
Um outro estudo, este feito em novembro do ano passado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS (IPF-MS) em parceria com o Sebrae MS, estimou que o Natal e o Revéillon movimentaria R$ 1,27 bilhão na economia de Mato Grosso do Sul, sendo R$ 837 milhões no Natal e R$ 434 milhões no Ano Novo.
Decreto
Desde o primeiro dia de novembro, a Prefeitura de Campo Grande adotou jornada de trabalho de seis horas diárias em todas as repartições públicas, pelo prazo de 120 dias. Além disso, a prefeita Adriane Lopes (PP) reduziu 20% do seu próprio salário e de todo o primeiro escalão, que envolve vice-prefeita, procuradora-geral do município, controlador-geral, secretários, diretores-presidentes e seus adjuntos, incluindo secretários-executivos.
As medidas integram a reforma administrativa iniciada em janeiro, que busca o reequilíbrio financeiro e a recuperação da capacidade de investimento do município.
Cada secretaria municipal deveria apresentar um plano para reduzir em 20% os custos com a folha de pagamento. Segundo determinação da prefeita, não será aplicado um ajuste linear, ou seja, igual para todos os servidores, mas serão consideradas as particularidades de cada pasta.
Diversas repartições públicas municipais já adotaram o novo horário de funcionamento, que é das 7h30 às 13h30, de segunda a sexta-feira. Entre elas estão: Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS); Central do Cadastro Único (CadÚnico); Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Emha), entre outras.




