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Investidor é vítima de um "crime" financeiro

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A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada este mês, somada à Operação Compliance Zero da Polícia Federal (PF), abriu uma ferida incômoda no setor financeiro brasileiro. Não se trata apenas de um episódio isolado de desvio de conduta. O que veio à tona foi um esquema industrial de falsificação de carteiras de crédito, emissão de títulos sem lastro e operações estruturadas para inflar artificialmente o patrimônio de uma instituição que captava bilhões de reais de investidores de varejo. É o tipo de fraude que, por muito tempo, imaginou-se restrita ao submundo das pirâmides financeiras. Agora, ela desembarca em um banco regulado.

Apesar da gravidade, o caso vem sendo tratado, até aqui, pelo roteiro confortável de sempre: crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Um enquadramento que, embora correto, empobrece a discussão. Ele transforma os investidores em figurantes de luxo, afetados apenas porque estavam no caminho de uma violação à higidez do sistema. É como se o prejuízo concreto de milhares de credores fosse um detalhe colateral numa narrativa tecnocrática sobre estabilidade bancária.

É justamente por isso que o art. nº 171-A do Código Penal precisa entrar na mesa. O dispositivo, introduzido pela Lei nº 14.478/2022, tipifica a fraude envolvendo ativos virtuais, valores mobiliários e outros ativos financeiros. Ele não protege uma abstração chamada mercado. Ele protege patrimônio privado. Ele dialoga com quem tem CPF, contrato assinado e dinheiro aplicado. É um tipo penal que desloca a lente e devolve ao investidor algo que, historicamente, foi negado a ele: centralidade.

Quando observamos o caso Banco Master por esse prisma, o enquadramento se impõe. Não estamos diante apenas de gestão fraudulenta. Estamos diante de uma arquitetura sofisticada para ofertar operações com ativos financeiros inexistentes, com o objetivo direto de obter vantagem ilícita às custas de um grupo identificável de credores. É exatamente o gesto típico contemplado pelo art.nº171-A. Para fatos posteriores à vigência da Lei nº 14.478/2022, esse dispositivo não é acessório. Ele é essencial para compreender o que aconteceu.

E, quando o art. nº 171-A entra no jogo, muda tudo. Investidores deixam de ser danos colaterais e passam a ser vítimas diretas. Isso abre espaço para que, no processo penal, se pleiteie a fixação de valores mínimos de reparação com base no art. nº 387, IV, do Código de Processo Penal. O debate sobre o proveito do crime, previsto no art. nº 91, II, do Código Penal, ganha densidade: bloqueios patrimoniais deixam de ser apenas um gesto simbólico de repressão e passam a ser tratados como instrumentos prioritários de ressarcimento. A narrativa deixa de ser sobre restabelecer a confiança no sistema e passa a ser sobre devolver aos lesados o que lhes foi tomado.

Esse é o ponto central. O caso do Banco Master é mais do que a falência de um banco. É o choque entre uma fraude gigantesca e a presunção, quase dogmática, de que instituições reguladas são imunes ao tipo de golpe que destrói a vida de pequenos investidores pelo País. Se o sistema de Justiça insistir na leitura tradicional, a mensagem transmitida será a de sempre: proteger a estrutura importa mais do que reparar quem colocou dinheiro nela confiando justamente na existência dessa estrutura.

Mas se o art. nº 171-A for incorporado de forma consequente, o sinal muda. O Estado deixa claro que, mesmo dentro do sistema regulado, fraude é fraude, e vítima é vítima. Significa reconhecer que o patrimônio de quem investiu não é um dano periférico de uma crise bancária, mas o núcleo do problema.
Em um país traumatizado por pirâmides financeiras, o caso do Banco Master é o primeiro grande teste para saber se aprendemos alguma coisa. Recolocar o investidor no centro da discussão não é um capricho conceitual. É o único caminho para dar ao episódio a resposta jurídica proporcional à fraude que o originou.

CLAÚDIO HUMBERTO

"Se imóvel fosse bom negócio, as construtoras não venderiam"

Lírio Parisotto, bilionário, aconselhando comprar ações de boas empresas na bolsa

03/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Lula ameaçou acionar o STF aliado contra sabatina

Relator da indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF), Weverton Rocha (PDT-MA) saiu do despacho com Lula (PT), novo articulador político do próprio governo, com dois recados. O primeiro foi que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, seria procurado pelo petista e, houvesse insistência na sabatina, o caso seria levado aos aliados que integram o STF. O jurídico do Senado avisou que a leitura da mensagem presidencial seria indispensável para marcar a sabatina.

Bancada Suprema

Além de conseguir o que deseje no STF, Lula ainda conta com a simpatia da maioria de ministros aliados à indicação de Messias.

Votos contra

O recuo de Alcolumbre teve a ver apenas com o STF e nada com chance de derrota. No Senado, o ambiente segue controlado.

Ofensa

O presidente do Senado chamou o atraso de Lula e cia. no envio da mensagem presidencial de “omissão grave e sem precedentes”.

Se come frio

Após Alcolumbre anunciar o passo atrás, o governo já precifica derrotas: projeto antifacção, a LDO e o Orçamento de 2026.

Operadoras de telefonia devem R$12 bilhões em ICMS

As maiores operadoras de telecomunicações acumulam dívida bilionária de ICMS nos Estados. Dados do Atlas da Dívida Ativa dos Estados, atualizado pela Fenafisco, e relatórios da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, revelam que Vivo, Claro, TIM e Oi devem juntas mais de R$12 bilhões em ICMS não recolhido, o principal imposto sobre serviços de telefonia e internet. Só a TIM deveria R$ 3,5 bilhões somente em São Paulo e Rio de Janeiro, mas está em 3º lugar no ranking do calote.

Vivo em 1º

A Telefônica, dona da Vivo, lidera o pódio dos inadimplentes do setor, com débitos estimados em R$4,9 bilhões em diversos estados.

O maior calote

Em São Paulo, maior mercado do País, somente a dívida da Vivo em ICMS pode chegar a R$3,7 bilhões, contabilizando multas e juros.

Claro em 2º

Figurando entre os 500 maiores devedores, a Claro deve a São Paulo R$921 milhões em ICMS. Nos demais Estados, chegaria a R$2 bilhões.

Continua reprovado

Lula realizou o sonho de tornar Bolsonaro inelegível, condenado e preso, neutralizando a maior ameaça à sua reeleição, mas faltou combinar com as ruas: sua reprovação voltou a crescer e chegou a 50,7% dos brasileiros, segundo apontou pesquisa nacional Atlas/Bloomberg.

Continua difícil

A falta da comunicação oficial sobre Jorge Messias fez o presidente do Senado roer a corda e adiar a sabatina. O primeiro indicado de Lula, Cristiano Zanin, foi sabatinado em 20 dias, Flávio Dino, em 16.

Candidato pesado

Indicado de Lula ao STF, Jorge Messias passou o vexame de ver convidados para almoço cancelarem o compromisso. Esse tipo de gesto é comum com indicados, mas a rejeição no Senado não é só a Lula.

Coisa de petista

“O governo Lula conviveu, protegeu e blindou fraudadores por duas décadas”, é a conclusão do senador Rogério Marinho (PL-RN), que ainda acusa: “o esquema que saqueou o INSS foi gestado pelo PT”.

Promessa pendente

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lembra que pautar a anistia foi um acordo costurado com Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Rep-PB), à época candidatos para presidir Senado e Câmara: “não foi cumprido”.

Coerência

Ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, Marcelo Queiroga endossou as críticas de Michelle Bolsonaro ao PL cearense que flerta com Ciro Gomes (PSDB): “coerência vem antes do pragmatismo”.

Indisponível

Na CPMI que investiga a bandalheira no INSS, parlamentares avaliam que é hora de convidar mais uma vez o ministro Wolney Queiroz (Previdência). Ele alegou viagem, mas na CPI poucos acreditaram.

Eleitor percebe

A pesquisa AtlasIntel aponta que todos os principais “erros” do governo Lula (PT), nos olhos do eleitor, têm a ver com falhas na segurança pública, aumento de impostos e descontrole nos gastos públicos.

Pensando bem...

...só aluno que não estudou gosta de ‘prova’ cancelada.

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Olho no lance

Dilma Rousseff era presidente e fazia sala a parlamentares aliados, que, por insistência de sua ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, aceitou receber para um raro coquetel. Dilma já começava a gostar da condição de anfitriã, até teve a ideia de mostrar dependências do palácio ao grupo, mas Ideli cortou: “Temos que terminar o encontro.” Dilma estranhou, com seu jeito búlgaro de ser: “Mas quem tem que ter pressa aqui sou eu!”. Ideli explicou a preocupação: “É que tem jogo do Brasil, e eles querem assistir”. Dilma fechou a cara, deu meia volta e deixou o recinto, para alívio dos convidados, que saíram em disparada.

CLAÚDIO HUMBERTO

"Lula dá com uma mão e tira com a outra"

Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sobre a hipocrisia do governo aumentando impostos

02/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Lula desafia Alcolumbre e interfere nas negociações

Irritado com a forte reação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e convencido de que isso sinaliza possível derrota da indicação de Jorge Messias para vaga no Supremo Tribunal Federal, Lula (PT) decidiu interferir nas negociações. O “corpo-a-corpo” na barganha de votos foi iniciado nesta segunda-feira (1º), quando Lula despachou com Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação. Ainda não se sabe se a tentativa de isolar Alcolumbre pode reverter a derrota ou a confirmar.

Novo Barata Ribeiro

Messias pode entrar para a História como primeira indicação rejeitada em 131 anos, desde o caso único de Cândido Barata Ribeiro em 1894.

Pode virar tiro no pé

A interferência de Lula pode até precipitar a derrota de Messias já na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), próximo dia 10.

Na corda bamba

Governistas projetam 14x13 votos pró-Messias na CCJ, mas, no limite, se Alcolumbre “virar” apenas um voto, a indicação seria derrotada.

Situação difícil

No plenário, as projeções de voto são negativas para Messias, que só conta por enquanto com 30 ou 31 votos, embora necessite no mínimo 41.

Dívida do setor elétrico em ICMS é 20% do total

As distribuidoras de energia elétrica, puxadas por estatais quebradas, lideram as dívidas bilionárias em ICMS. De acordo com o Atlas da Dívida Ativa dos Estados Brasileiros, da Fenafisco, representam 20% do total de R$1,17 trilhão. A gaúcha CEEE-D, por exemplo, deve ao governo do Rio Grande do Sul nada menos que R$3,17 bilhões em ICMS. Em Roraima, a Amazonas Energia, presentada aos irmãos Joesley e Wesley Batista, deve R$ 877 milhões em ICMS ao Estado, um dos mais pobres do Norte.

Para quem sobra

Por obra do governo Lula, a dívida federal de R$14 bilhões da elétrica dos Batista será paga pelos brasileiros, na conta de luz, por 15 anos.

Para quem sobra 2

Invenção do STF injetou R$20 bilhões nas tarifas até 2026, mandando devolver R$15 mil por consumidor em crédito de ICMS sobre PIS/Cofins.

R$ 500 milhões cada

Já a Cemig, de Minas, e a Copel, do Paraná, queridinhas no mercado de ações, enfrentam cobranças de R$500 milhões em ICMS, cada.

Mesada de meio bilhão

O relator da CPMI do roubo aos aposentados, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), revelou ontem nova descoberta: o ex-presidente do INSS Alesandro Stefanutto recebia duas “mesadas criminosas” de R$250 mil. Eram R$500 mil mensais pagos por sindicatos e associações picaretas.

Oposição concorda

Líder da Oposição no Congresso, Izalci Lucas (PL-DF) acusa Lula & cia de interferência indevida, no Legislativo no caso da indicação de Jorge Messias ao STF. Ele apoia o presidente do Casa, Davi Alcolumbre.

Vai faltar o Senado

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB), agendou para esta quinta-feira (4) a entrega do relatório da PEC da Segurança Pública aos líderes partidários. A ideia é analisar (e aprovar) antes do fim do ano.

Fraude x fraude

Ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol aponta dois pesos, duas medidas no caso da soltura do presidente do banco Master, Daniel Vorcaro, enquanto “Filipe Martins foi preso por uma viagem que não fez”.

Fez falta a Lula

Enquanto teve ministro do STF telefonando para senadores pedindo votos para Jorge Messias, Flávio Dino optou pela discrição: resolveu não comentar a indicação de Jorge Messias.

Cortina de fumaça

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) resume a “redução do imposto de renda” celebrado por Lula, PT e cia.: “Enquanto vai para a TV anunciar redução de imposto de renda, arrocha o contribuinte por outros meios”.

Nem onze meses

Antes mesmo do fim do mês passado, o governo Lula (PT) já havia conseguido torrar mais de R$1,75 bilhão com viagens, em 2025. A última atualização do Portal da Transparência é do dia 28 de novembro.

Enquanto isso...

Os dez assuntos mais procurados na internet na última semana, no Brasil, todos têm relação com futebol. O Google Trends aponta mais de 5 milhões de buscas em apenas três dias para “Palmeiras x Flamengo”.

Pensando bem...

...no Brasil, “fraude bilionária” deveria ser o termo do ano. Todo ano.

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

O fracasso de Eufrosino

Eufrosino Pedro era dono de bar em Pirassununga (SP), nos anos 1950, e se candidatou a vereador. Uma placa no boteco convidava: “Beba uma pinga de graça e leve meu santinho”. Foi um sucesso, até virou parada obrigatória de caminhoneiros. Teve só 11 votos, o número de eleitores na família. Eufrosino cobrou a traição do primeiro caminhoneiro: “Como? Eu votei no senhor, lá em Goiás!”, jurou o homem. Eufrosino descobriu, desolado, que teve votos em muitas cidades e até outros estados. Em Pirassununga, que é bom, nada.

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