A Operação Status, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (11), sequestrou mais de R$230 milhões no Brasil e Paraguai. Em Campo Grande, foi cumprido mandado de busca e apreensão em concessionária de luxo.
A empresa JV Motors, localizada na Avenida Salgado Filho, era uma das garagens mais simples comandadas pelos investigados. Entre os negócios no Estado, usados para lavar o dinheiro do tráfico, está uma loja de roupas, barbearia e construtora, localizadas em Ponta Porã.
Ainda não é possível estimar a quantia de dinheiro sequestrada somente em Mato Grosso do Sul, policiais ainda farão o balanço dos bens apreendidos.
O início das investigações foi em 2018. Os envolvidos viviam uma vida luxuosa, possuíam chácaras, mansões e carros importados.
Os alvos da operação são dois irmãos, líderes da organização. Todo o esquema funcionava “em família”, entre parentes ou pessoas ligadas diretamente com os criminosos.
A liderança foi capturada no município de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e será entregue à polícia brasileira em breve.
Modus Operandi
Segundo a equipe de investigação, o dinheiro era movimentado através do sistema de doleiro. A equipe possuía um braço operacional em São Paulo, que eram responsáveis por constituir empresas, no nome de laranjas, e abrir contas bancárias nos nomes desses estabelecimentos.
Depois disso, o controle dessas contas era transferido ao doleiro, que comandavam as movimentações financeiras.
E então, eles terceirizavam o serviço: contratavam operadores, que pegavam o dinheiro em espécies de bunkers, salas alugadas pela facção, e depositavam em contas passadas pelo doleiro.
“Esse sistema foi descoberto inicialmente por um pagamento realizado em favor de um dos líderes. A genitora do principal investigado precisou passar por um tratamento de saúde em um hospital de São Paulo e fez um depósito de R$350 mil como caução desse tratamento”, disse o delegado Lucas Vilela.
O pagamento foi feito através de transferência eletrônica com o nome de uma empresa.
A polícia conseguiu quebra de sigilo bancário, o que permitiu a descoberta de um grande esquema.
Foram movimentados entre 2016 e 2018, o valor de R$278 milhões, divididos entre crédito e débito, somente no nome dessa empresa usada para fazer o caução.
De acordo com o delegado Elvis Secco, 40% do dinheiro apreendido nas operações da Polícia Federal voltam automaticamente para os cofres da própria instituição. O restante também pode ser usado para o combate ao crime através de projetos.
Essa foi a quarta operação da Polícia Federal de combate a lavagem de dinheiro em menos de 30 dias.
Distribuição dos mandados cumpridos nesta sexta-feira:
- Campo Grande/MS — 14 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva;
- Ponta Porã/MS — nove mandados de busca e apreensão;
- Dourados/MS — dois mandados de busca e apreensão;
- Cuiabá/MT — três mandados de busca e apreensão, e um mandado de prisão preventiva;
- Barra do Garças/MT — duas fazendas com mandado de busca e apreensão;
- Primavera do Leste/MT — dois mandados de busca e apreensão;
- Curitiba/PR — quatro mandados de busca e apreensão;
- Londrina/PR – um mandado de busca e apreensão;
- São Paulo/SP – cinco mandados de busca e apreensão;
- Rio de Janeiro/RJ – um mandado de busca e apreensão.