Política

VERIFICAÇÃO

Em sabatina do Correio do Estado, Adonis fez somente afirmações verdadeiras

Durante o mês de setembro, o Correio do Estado faz entrevistas com os candidatos ao governo de Mato Grosso do Sul

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No dia 8 de setembro, o Correio do Estado deu início à série de entrevistas com os candidatos ao governo de Mato Grosso do Sul, como ocorre tradicionalmente em todos os anos eleitorais. Confira, agora, um resumo sobre afirmações que poderiam ser falsas, enganosas ou verdadeiras, realizadas por Adonis Marcos (PSOL), o primeiro entrevistado.

As entrevistas são realizadas pela jornalista Laureane Schmidt, com duração de 25 minutos para o candidato responder às questões realizadas, com transmissão ao vivo pelas mídias sociais Facebook (Correio do Estado), Instagram (@correioestado) e YouTube (www.youtube.com/CorreioEstado).

As perguntas são realizadas de forma democrática para todos os candidatos, distribuídas da seguinte forma:

  • 1 pergunta para o candidato se apresentar;  
  • 4 perguntas de temas livres com base em reportagens já publicadas pelo Correio do Estado;  
  • 2 perguntas que serão iguais para todos os candidatos;  
  • 2 perguntas relacionadas ao plano de governo;  
  • 4 perguntas que são sorteadas, ao vivo, pelo próprio candidato. 

Separamos, a seguir, tópicos a partir de afirmações realizadas pelo candidato ao longo da entrevista, as quais foram verificadas com base em informações oficiais.

Ribas do Rio Pardo capital do eucalipto: verdadeiro 

  • Adonis: Nossa Ribas do Rio Pardo será referência mundial, que será a capital do eucalipto, é uma cidade que vai ser se Deus assim quiser e nos abençoar vai ser toda asfaltada, a questão da saúde, educação, tudo tá sendo muito cuidado, nós baixamos impostos, estamos mostrando na prática como é administrar, cuidar da agricultura familiar. Isso tudo está sendo feito no município agora”.

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a fábrica da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, possui, de fato, potencial para ser uma referência mundial.

A estrutura poderá ser a maior fábrica de celulose do Brasil e uma das mais eficientes do mundo.

Em reportagem mais recente, mostramos que a Suzano segue avançando no cronograma das obras em Ribas do Rio Pardo. 

De acordo com o balanço divulgado pela empresa, referente ao primeiro semestre deste ano, as obras da nova unidade industrial chegaram ao patamar de 21% em termos de avanços físicos.

Tal avanço significa que um quinto da fábrica está concluído.

Por causa de suas dimensões e de sua ambição, o projeto da futura fábrica, que ficará distante cerca de 100 quilômetros de Campo Grande, recebeu o nome de Jubarte.  

Conforme dados de levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relacionados à extração vegetal e Silvicultura – cultivo de florestas através do manejo agrícola – Ribas do Rio Pardo ocupava, em 2020, o 2º lugar no ranking de extração de eucalipto no Brasil. 

Resolver conflitos indígenas é papel do Estado, junto à União: verdadeiro

  • Adonis: “No nosso governo nós não vamos colocar, jamais, o policial e o indígena em uma situação de confronto. Nós não podemos utilizar as forças de segurança para beneficiar os grupos pró governo. Nós não podemos dizer que essa responsabilidade é apenas do Governo Federal. ‘Ah, a questão da demarcação é uma questão federal’, não. A lei diz, se houver vontade do governador do estado para resolver o conflito, é possível resolver. Nós queremos criar uma vara agrária no estado para discutir as questões possessórias, para discutir a questão fundiária do estado. Não dá mais para a gente cumprir a integração de posse em um estalar de dedo ou simplesmente diga, olha, está tendo uma situação de esbura e mandarmos as forças de segurança da forma que foi feito aí. Não estou aqui dizendo que as forças de segurança cometeram algum crime. Eu estou dizendo que nós não vamos permitir que esse tipo de situação aconteça. Vai ser chamado para um diálogo dentro dessa vara de conciliação, nós vamos criar uma câmara de conciliação agrária, dialogar entre o produtor, o indígena e buscar parceria junto ao Governo Federal para resolver a questão. Indenizar os proprietários e pacificar as comunidades indígenas”. 

O Governo do Estado pode contribuir parcialmente na demarcação de terras indígenas, principal motivo, hoje, de conflitos entre indígenas e ruralistas em Mato Grosso do Sul. Logo, sozinho, o Estado não pode resolver a questão dos conflitos indígenas. 

Conforme o Art. 231 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, “são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

No Art, 12, § 2º, é especificado que os Estados e os Municípios deverão, “no prazo de três anos, a contar da promulgação da Constituição, promover, mediante acordo ou arbitramento, a demarcação de suas linhas divisórias atualmente litigiosas, podendo para isso fazer alterações e compensações de área que atendam aos acidentes naturais, critérios históricos, conveniências administrativas e comodidade das populações limítrofes”.

Logo, como complementado no § 3º, é necessário haver solicitação dos Estados e Municípios interessados, para, então, a União encarregar-se dos trabalhos demarcatórios.

Melhoria do Sistema Único de Saúde pode ser papel do Governo do Estado: verdadeiro 

  • Adonis: “Eu quero poder chegar num local e comprar algo mais barato e alguma coisa de qualidade, porque se eu quero algo bom pra mim, minha família e não posso querer pra população do meu estado. Eu quero ser governador pra isso. Eu sou usuário do SUS, meu eu não tenho plano de saúde, meu filho estuda em em colégio público e não é porque eu serei governador. Assumo esse compromisso contigo aqui agora, se eu vou pegar plano de saúde e colocar meu filho no melhor colégio da cidade, eu tenho que melhorar o SUS, eu tenho que melhorar o colégio público porque meus filhos estudam lá”.

De fato, a Constituição brasileira estabelece que a saúde é um dever do Estado. Aqui, deve-se entender Estado não apenas como o governo federal, mas como Poder Público, abrangendo a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.

Inclusive, a Lei do Plano Plurianual (PPA) é editada a cada quatro anos e determina as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública para um período de quatro anos, incluindo o SUS, que se inicia no segundo ano do mandato do governante (Presidente da República, governador ou prefeito) e encerra-se no primeiro ano de mandato do governo seguinte. 

Saiba mais 

Os pontos destacados acima são os que classificamos como mais passíveis de dúvidas para a população. A entrevista completa pode ser assistida clicando neste link aqui, do canal do youtube do Correio do Estado.

Entrevistas  

A ordem das entrevistas foi definida em sorteio, e o primeiro a participar foi o candidato do Psol, Adonis Marcos, no dia 8. Magno Souza.

No dia 13 de setembro, o entrevistado será Capitão Contar (PRTB). A candidata do PT, Giselle Marques, será a entrevistada do dia 15 de setembro. No dia 16 será a vez de André Puccinelli (MDB).

Em 20 de setembro, Rose Modesto (União Brasil) será a entrevistada. Marquinhos Trad (PSD) será o entrevistado do dia 21 de setembro, e Eduardo Riedel (PSDB) fecha a série de entrevistas no dia 22 de setembro.

As perguntas são elaboradas por nossa equipe de jornalistas e também por representantes da sociedade civil, como entidades representativas de classe.  

Saiba mais sobre o Correio Verifica 

O Correio Verifica já publicou a explicação do perfil do candidato Adonis Marcos. Entre algumas checagens que já realizamos estão: PSDB-MS não apoia Simone Tebet, ao contrário do que ela afirmou em entrevista ao Jornal Nacional; e agência de Iara Contar não recebeu R$90 milhões em propagandas políticas, ao contrário do que afirma vídeo

 

Entrevista

"O Poder Judiciário precisa se comunicar melhor com a sociedade"

Desembargador Ari Raghiant Neto fala sobre supersalários, dizendo que essa não é uma realidade para a maioria dos magistrados, comenta investigações e afirma que o TJMS é um dos mais céleres do País

04/01/2025 09h30

Desembargador Ari Raghiant Neto em entrevista ao Correio do Estado

Desembargador Ari Raghiant Neto em entrevista ao Correio do Estado Paulo Ribas / Correio do Estado

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Há dois anos como desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), 
Ari Raghiant Neto tem implantado em seu gabinete um método que sempre deu certo no período em que era advogado e estava na iniciativa privada: a busca pela eficiência e pela organização. Por lá, por exemplo, os assessores são divididos por temas, a fim de agilizar julgamentos e entregar coerência jurisprudencial.

Em entrevista ao Correio do Estado, o desembargador fala sobre matérias importantes que tem incomodado o Poder Judiciário, como as investigações de supostos casos de corrupção e as notícias sobre supersalários. Ele ainda ressalta que o TJMS está entre os tribunais mais eficientes do Brasil e que não só a Corte sul-mato-grossense, mas o Judiciário como um todo, precisa se comunicar melhor com a sociedade. Confira a seguir.

Como você interpreta o escrutínio da sociedade cada vez maior em relação ao Poder Judiciário?

Eu penso que passamos por uma grande transformação por meio da tecnologia. Aquilo que antes era inacessível à população de um modo geral, hoje, com apenas um clique no telefone celular, a população tem acesso, seja à boa, seja à má informação. Então, o poder público – e aí eu falo de um modo geral –, o Executivo, o Judiciário, o Legislativo, o Ministério Público, a Defensoria, a Procuradoria, precisam saber se comunicar melhor com a sociedade.

Eu estou desembargador há dois anos, e nesse período eu tenho feito uma autocrítica ao Poder Judiciário: ele se comunica mal com a sociedade. Eu percebo que, quando se fala em Judiciário, em linhas gerais, cita-se muito corrupção e altos salários. Praticamente ninguém fala do papel do Judiciário na sociedade.

Por exemplo, a Carreta da Justiça, que desenvolve um papel social extraordinário na Capital e no interior do Estado; quase ninguém fala do Cejusc Saúde, que resolve questões relacionadas à falta de atendimento médico para o cidadão; ninguém fala da Vara da Infância, da Adolescência e do Idoso, que trouxe uma série de políticas públicas para esse segmento social; ninguém fala da Vara de Violência Doméstica e Familiar e o papel que ela desenvolve até hoje, inclusive o papel pedagógico em relação às mulheres.

E isso não é muito divulgado, não é bem compreendido pela sociedade. Hoje, a Geni do poder público – aquela que todo mundo joga pedra – é o Poder Judiciário, em função de um ou outro caso isolado de corrupção e em razão de um ou outro magistrado que destoa de todo mundo, por causa da questão remuneratória.

Como um egresso da advocacia, você já esteve do outro lado. Acredita que é preciso o Judiciário dialogar mais com o povo?

Eu creio que nós precisamos nos adaptar à nova dinâmica da vida. O próprio Conselho Nacional de Justiça [CNJ] já expediu uma série de recomendações e orientações no sentido de que juízes devem trabalhar com a linguagem simples, no sentido de que os acórdãos – que são as decisões dos tribunais – têm de ter um formato padronizado com a explicação daquilo que está sendo julgado. E qual é o propósito disso tudo? Justamente levar para a sociedade aquilo que o Judiciário está decidindo.

Há pouco tempo, a população nem sequer tinha acesso aos juízes, aos desembargadores e aos ministros, no sentido de saber aquilo que estava sendo decidido. Era tudo muito distante. A Constituição de 1988 inaugurou uma série de direitos, sobretudo no campo social, e isso fez com que a população passasse a buscar mais o Poder Judiciário.

Há uma grande aproximação da população, com os juizados cíveis, criminais, da fazenda pública, de trânsito, e isso tudo fez com que a sociedade passasse a olhar um pouco mais [para 
o Judiciário], compreendendo o papel do Judiciário como aquele que soluciona problemas, pacifica relações. Ainda há um distanciamento, mas ele vem sendo reduzido com o tempo.

Para você, a sociedade em geral coloca as cobranças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Judiciário de cada localidade tudo em um mesmo combo?

É verdade, e é por isso que eu bato nessa tecla sobre uma comunicação melhor. Porque cabe ao Judiciário mostrar para a sociedade qual é o papel dele, inclusive nas três instâncias. 

É importante mostrar o que cabe a um juiz, o que cabe a um desembargador e o que cabe aos ministros. Às vezes, a gente é atacado por uma decisão do Supremo que não é da nossa competência. Aliás, talvez eu até possa ter decidido em outro sentido um grau de recurso que o STF modificou.

Por isso, nós não podemos olhar para o Judiciário apenas a partir das decisões do Supremo, que é um órgão de cúpula, mas que também tem um aspecto político em suas decisões. Diferentemente do segundo grau de jurisdição, que é um órgão extremamente técnico.

E por falar em questão técnica, a prestação hoje é mais eficiente que no passado, sobretudo por causa da digitalização?

Em 2023, o TJMS, ao ser avaliado pelo CNJ, foi apontado como o tribunal mais célere do País. Nós temos uma média de tráfego de julgamento no TJMS que é de dois meses. Mas como eu disse sobre nos comunicarmos mal, também digo que é papel da boa imprensa divulgar esses dados.

Em uma recente palestra que eu dei na cidade de São Paulo, eu falei sobre isso. Nós temos o Tribunal de Justiça mais rápido do País e, em termos de eficiência, estamos na vanguarda. Precisamos olhar mais para o primeiro grau, estruturar as comarcas do interior, dar mais servidores, para que isso tenha uma dinâmica mais parecida com a do Tribunal, para solucionarmos esses processos mais rapidamente.

Recentemente, na gestão do atual presidente [do TJMS], Sérgio Martins, foi realizado um concurso para juiz em que eu participei da organização, e houve 24 novos juízes aprovados. Não é o suficiente no sentido de atender a todas as comarcas do interior, mas já é um passo no sentido de melhor se estruturar.

Sobre a digitalização, sem dúvida, ela trouxe a possibilidade de ter mais eficiência, porque nela o juiz pode estar no interior, na Capital, estudando fora do País, e ele vai decidir com a sua equipe. Por isso, a Justiça é muito mais célere do que antes. E se nós compararmos o TJMS com tribunais Brasil afora, nós sempre vamos estar entre os três primeiros. Nosso modelo tecnológico é um dos melhores e é bastante aplaudido pela advocacia.

E em seu gabinete, como está o acervo e a questão de números?

Eu estou desembargador há dois anos, e cada desembargador recebe uma média de 400 processos por mês. Descontados os períodos de férias, estamos falando em 4 mil processos por ano por desembargador. 

O CNJ tem uma meta estabelecida que consiste em julgarmos mais processos que o volume que recebemos, justamente para reduzir o acervo.

Eu vim da iniciativa privada, e lá temos algumas estratégias de trabalho que fazem com que tenhamos uma dinâmica um pouco diferente, pois sabemos que, na advocacia, se o profissional não entregar o resultado, ele não é remunerado. Eu levei para o gabinete um modelo que eu usava no meu escritório e fui bastante feliz.

Esse modelo consiste em uma divisão por especialização de temas com os meus assessores. Porque, como no TJMS nós não temos câmaras especializadas, a divisão é entre cível e criminal, e eu estou na 2ª Câmara Cível. Nós recebemos todos os tipos de demandas: direito do consumidor, bancário, previdenciário, de família, contratos, relações com o poder público, etc.

É em função dessa divisão que a gente tem colhido bons frutos, no sentido de que, tanto em 2023 quanto em 2024, estivemos sempre entre os gabinetes com o menor acervo. Eu saí de férias em dezembro [do ano passado] com um acervo de 117 processos e zero conclusões de gabinete. Mas isso não é uma característica só minha, é bom destacar que é uma marca da maioria dos desembargadores, eles têm um acervo baixo, e isso se deve a uma boa gestão e a uma boa estrutura tecnológica.

Isso ajuda a manter a coerência da jurisprudência, não é mesmo?

Uma das grandes preocupações que eu tenho como magistrado é justamente ser coerente com o meu pensamento naquilo que eu traduzo nos meus votos. Eu não posso, até por uma imposição legal, decidir seu caso diferentemente de um caso de uma outra pessoa, se vocês me apresentam situações, de fato, iguais. Por isso, quando eu especializo os assessores, eu também alinho minha equipe para proferir decisões idênticas para casos idênticos. 

O senhor está concluindo agora um mestrado, fale mais sobre ele.

Sim, é um convênio da Ejud-MS [Escola Judicial de Mato Grosso do Sul] com a Universidade de Girona, na Espanha, e estamos trabalhando o tema “Responsabilidade civil”. É um mestrado que dura mais ou menos um ano e meio, nós tivemos aulas on-line e presenciais, aqui no Brasil, e agora vamos passar por uma imersão lá em Girona, para fazer o encerramento e depois a dissertação. 

A sociedade brasileira e o cidadão precisam lidar melhor com a responsabilidade civil? Essa reflexão é necessária?

Nós temos um aumento exponencial de processos no Judiciário que dizem respeito a algum ato de negligência, imprudência ou imperícia. Por exemplo, um segmento da sociedade que demanda demais do Judiciário hoje é o voltado para as ações de saúde. Outro segmento que demanda muito na área de consumidor é o de transporte, sobretudo, aéreo. Outro segmento que demanda demais são os bancos. Por quê? A forma de contratar dos bancos mudou, por telefone, assinatura digital, tem muita fraude.

Nós temos que compreender que o Brasil é um país pobre que tem várias camadas sociais. O acesso à tecnologia hoje é universal, tanto para a pessoa mais humilde quanto para a de maior poder social, mas a forma como as pessoas compreendem e usam a tecnologia é diferente. Por isso, temos muitas questões relacionadas à fraude, e isso desemboca na pergunta: e a responsabilidade é de quem? A responsabilidade é dos bancos, as instituições financeiras devem zelar por isso.

Temos a população envelhecendo, as pessoas vivem mais. Temos uma questão relacionada à Previdência e aos contratos de empréstimo a aposentados, que já têm uma compreensão mais difícil pela idade avançada. Tudo isso também desemboca no Poder Judiciário. 

Talvez, se as pessoas e as empresas que prestam serviço tivessem mais qualidade na prestação ou até mais responsabilidade, nós teríamos um número menor de demandas neste sentido. 

E como você vê as investigações em andamento contra magistrados e a reação da sociedade a elas?

É um episódio que, de certa forma, manchou, mas logo em seguida tivemos uma decisão da mais alta Corte no Brasil determinando o retorno do presidente do Tribunal de Justiça [de Mato Grosso do Sul], Sérgio Martins. Então, isso faz com que nós tenhamos de refletir sobre a responsabilidade, inclusive daqueles que comandam as investigações.

É óbvio que é um princípio de que todos são inocentes até que se prove o contrário. Mas, hoje, com a dinâmica da informação e da tecnologia e com a força da imprensa, tanto boa quanto má, as pessoas são condenadas muito rapidamente, muito antes do julgamento.

Por isso, em relação a esse tema, eu gostaria de dizer que é preciso apurar, não é possível que tenhamos corrupção dentro do Poder Judiciário, mas nós precisamos dar direito às pessoas de se defender e, ao mesmo tempo, acreditar que as pessoas precisam ter um tempo para poder dar as suas respostas. Nós não podemos sair julgando e condenando a partir do início de uma investigação, e isso não faz bem, seja para o Poder Judiciário, seja para a sociedade, porque hoje é com uma pessoa e amanhã poderá ser com alguém do seu núcleo de convívio. 

Quanto à divulgação dos supersalários no Poder Judiciário e outras instituições, isso não contribui para este julgamento?

Eu gostaria de tocar neste assunto, porque eu vim da iniciativa privada e, em verdade, fui sócio de um escritório de advocacia que tinha sucesso profissional, portanto, eu tinha remuneração muito maior que esta que eu recebo hoje.

Quero destacar que para ser a carreira pública atrativa, ela precisa oferecer boa remuneração, nós precisamos acabar com esses penduricalhos e precisamos pagar bem o juiz brasileiro. Hoje, o juiz brasileiro ganha, em média, líquido, 20 salários mínimos. Não é esse absurdo que é dito por aí, que é um caso ou outro de magistrados antigos que tiveram direitos tolhidos lá atrás e, hoje, têm recomposição salarial. E a comparação não pode ser com um cidadão que pratica uma atividade braçal.

O salário mínimo no Brasil é muito baixo. Comparando o rendimento de um magistrado com o de uma pessoa que ganha um salário mínimo, é óbvio que aparecerá uma distância enorme, porque não são atividades iguais nem semelhantes ou com o mesmo grau de responsabilidade.

Perfil

Ari Raghiant Neto 

Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) pelo quinto constitucional da advocacia, ex-corregedor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de 2018 a 2022 e membro do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), classe Justiça, de 2006 a 2012.

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nova gestão

Prefeita inicia anúncio do secretariado e promete concluí-lo até o dia 10

Os nomes são Márcia Helena Hokama (Sefaz), Andréa Alves Rocha (Semadi), Ademar Silva Junior (Semades) e Leandro Basmage (Agetec)

04/01/2025 08h00

Márcia Hokama (Sefaz), Ademar Jr. (Semades), Andréa Rocha (Semadi) e Leandro Basmage (Agetec) foram os nomes anunciados

Márcia Hokama (Sefaz), Ademar Jr. (Semades), Andréa Rocha (Semadi) e Leandro Basmage (Agetec) foram os nomes anunciados Montagem

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No fim da tarde de sexta-feira, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), iniciou o anúncio dos nomes dos primeiros integrantes do seu secretariado para os próximos quatro anos do segundo mandato à frente do cargo e revelou ao Correio do Estado que até o dia 10 de janeiro concluirá a tarefa.

Como a reportagem já tinha adiantado na segunda-feira, a primeira leva não trouxe surpresas, incluindo quatro gestores que faziam parte da administração municipal e continuarão liderando secretarias e órgãos estratégicos. 

Uma delas é Márcia Helena Hokama, que assume a Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) e estava à frente da extinta Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento (Sefin). Para a Secretaria Municipal de Administração e Inovação (Semadi), a nomeada é Andréa Alves Ferreira Rocha, que comandava a também extinta Secretaria Municipal de Gestão (Seges).

Já Ademar Silva Junior será o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico (Semades), criada a partir da reestruturação da antiga Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro), enquanto na Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação (Agetec) permanece Leandro Basmage como diretor presidente.

Adriane disse que os demais nomes para as secretarias e as autarquias municipais serão anunciados gradualmente nos próximos dias.

“Poderemos ter muitas surpresas, mas não posso adiantar ainda. Hoje [sexta-feira], fiz as nomeações para as pastas essenciais, para começar a fazer as nomeações necessárias para a máquina pública não parar”, declarou.

A prefeita citou como exemplo os nomes de Márcia Okama, que será a responsável por abrir o exercício financeiro, e de Andréa Rocha, para cuidar da parte administrativa do Executivo municipal.

“O Leandro é imprescindível para a parte de TI da prefeitura, bem como o Ademar, cuja Pasta é primordial para a parte de liberação de alvarás”, argumentou.

Ela completou que nesta segunda-feira fará o anúncio de mais nomes. “Até o dia 10 de janeiro, na próxima sexta-feira, teremos o nosso secretariado completado. Os que já foram anunciados, os termos de compromisso individuais, e quando o time estiver completo, vamos fazer a assinatura do contrato de gestão, com prazos, metas e avanço dos indicadores da administração pública”, revelou, acrescentando que todos os secretários e chefes de autarquias terão de assinar o contrato de gestão.

Do chamado “núcleo duro” da prefeita ainda faltam os nomes de Marco Aurélio Santullo (Governo e Relações Institucionais), Marcelo Miglioli (Infraestrutura e Serviços Públicos), Lucas Bitencourt (Educação), Thelma Nogueira Lopes (Casa Civil) e Ulisses Rocha, que deve cuidar da relação com a imprensa e com os meios de comunicação.

CONHEÇA O PERFIL

Márcia Helena Hokama é formada em Ciências Contábeis e pós-graduada em Auditoria e Contabilidade Pública, com MBA em Gestão Pública, enquanto Andréa Alves Ferreira Rocha é advogada formada, pós-graduada em Direito Processual Civil, Formação Docente para o Ensino Superior e Direito e Gestão Municipal.

Ademar Silva Junior é médico veterinário com especialização em agronegócios e tem uma ampla trajetória no setor agropecuário e na gestão pública. 

Leandro Basmage é formado em Engenharia Mecatrônica, com mestrado em Inteligência Artificial, e atuou em cargos de liderança em grandes empresas do setor sucroalcooleiro e em instituições de ensino de Campo Grande, tanto como docente quanto coordenador de cursos. 

REFORMA

Com a reforma administrativa para o novo mandato, o objetivo é reduzir custos e otimizar a gestão pública, resultando em uma estrutura mais enxuta e dinâmica. Ao todo, são 18 órgãos municipais que integram a estrutura básica da administração direta.

A nova estrutura é composta pela Procuradoria-Geral do Município, que atua na consultoria jurídica e representação judicial, e a Casa Civil, responsável pela coordenação das ações do Executivo. A Secretaria de Governo e Relações Institucionais fortalece a articulação política, enquanto a Controladoria-Geral do Município assegura a transparência e a eficiência dos atos administrativos. 

Outras pastas, como a Secretaria da Fazenda, de Administração e Inovação e Infraestrutura e Serviços Públicos, garantem o funcionamento integrado das áreas financeira, administrativa e urbanística.

A nova estrutura também abrange a Secretaria de Saúde, Educação, Assistência Social e Cidadania, que permanecem como pilares na prestação de serviços essenciais. Já as secretarias-executivas da Mulher, da Juventude e da Cultura consolidam políticas públicas voltadas para segmentos específicos da população. 

No campo do desenvolvimento sustentável e urbano, a Secretaria de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico reforça o compromisso com o progresso sustentável.

No âmbito das autarquias e das fundações, a reorganização inclui o Instituto Municipal de Previdência, que gerencia a previdência dos servidores; as agências municipais de Transporte e Trânsito, Tecnologia da Informação e Meio Ambiente, que promovem avanços nas áreas de mobilidade, inovação e urbanismo; além das fundações de Esporte e Trabalho, que priorizam o lazer e a geração de emprego.

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