A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) definiu na tarde desta sexta-feira (3) como "grave" o parecer da Casa Civil que limita suas viagens apenas ao trecho Brasília-Porto Alegre, onde mora sua família.
A afirmação foi feita durante o evento para o lançamento do livro "A Resistência ao Golpe de 2016", de autoria de diversos intelectuais, no auditório da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
"Hoje teve uma decisão da Casa Civil, ilegítima e interina, cujo objetivo é proibir que eu viaje. Vejam bem, vocês têm que ficar alegres. Meu direito de viagem parece que é só de Brasília para Porto Alegre. Mas não podem ficar alegres porque é um escândalo que eu não possa viajar pro Rio, pro Pará, pro Ceará. Isso é grave", disse Dilma.
O auditório, com capacidade para 570 pessoas, estava lotado. Parte do público ficou do lado de fora e assistiu ao evento através de um telão.
"Não sei se vocês sabem mas eu não posso, como qualquer outra pessoa, pegar um avião [normal]. Tem que ter toda a segurança atrás de mim, garantindo minha segurança. É a Constituição que manda", argumentou.
"Estamos diante de uma situação que tem que ser resolvida. Eu vou viajar. Vamos ver como vai ser minha viagem", disse a presidente afastada.
Segundo o jornal "Valor Econômico", a recomendação do governo Temer foi acolhida pelo Gabinete de Segurança Institucional, responsável por autorizar o uso das aeronaves.
ATO
O ato que a petista participou em Porto Alegre começou com uma apresentação do cantor Nei Lisboa. O artista cantou o refrão "Dilma já vai voltar/Dilma, fácil de ver/Dilma e Fora Temer/ Dilma fácil de amar".
Antes, Lisboa dedicou a música a Dilma: "Com muita honra, minha presidenta". Durante o breve show, a petista mandava beijos para militantes da plateia. Ao final, ela abraçou o cantor.
"Creio que ele [Nei Lisboa] nos emocionou com a música '1968' e me honrou citando meu nome. Nunca meu nome foi tão bonito", disse a presidente afastada no início de sua fala.
Dilma ainda falou sobre os cortes sociais do governo Temer e disse que os ministros do governo interino foram escolhidos e indicados por Eduardo Cunha (PMDB), afastado de seu mandato de deputado federal e da presidência da Câmara.
Ela chegou à capital gaúcha na noite de quinta-feira (2). Na manhã desta sexta, pedalou na orla do rio Guaíba, cartão-postal da cidade, como de costume.
Depois do lançamento do livro, Dilma participa de protesto contra o presidente interino, Michel Temer (PMDB), na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. O local é ponto tradicional para atos de movimentos sociais, desde a ditadura militar.
O protesto é organizado pela Frente Brasil Popular.