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HISTORIA COTIDIANA

Indígenas não conquistaram independência no 7 de setembro, diz professora

Sete de setembro de 1822 marca a Independência formal do Brasil diante de Portugal, data em que o povo brasileiro passou a se considerar independente

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Passados 202 anos do dia histórico, comemorado no feriado deste sábado (7), representantes indígenas e pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil afirmam que o rompimento com o colonialismo não resultou na independência dos povos originários.

Sete de setembro de 1822 marca a Independência formal do Brasil diante de Portugal, data em que o povo brasileiro passou a se considerar independente.

“Não significou a independência dos povos indígenas, tendo em vista que as perseguições, a escravização e a invasão dos territórios continuaram a existir”, afirma o coordenador-geral da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espirito Santo (Apoinme), Paulo Tupiniquim.

“Até a data da Independência e pós-Independência não se falava em direitos dos povos na Constituição do país”, observa. A associação que Tupiniquim coordena atua em uma área onde vivem mais de 213 mil indígenas, em territórios e comunidades de dez estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Outro representante indígena que compartilha da opinião de Tupiniquim é o jornalista Erisvan Guajajara, um dos fundadores do coletivo Mídia Indígena, que produz e divulga conteúdo de interesse voltado à preservação e valorização de povos originários.

Na visão dele, a liberdade pode ter chegado para muitos brasileiros em 1822, mas os povos indígenas ainda não podem usufruir dela.

“Desde a invasão europeia e a colonização genocida, nossos povos e territórios nunca mais foram livres. A Independência de 1822 apenas mudou os gestores desse genocídio contínuo, que passou a ser perpetrado pelas elites brasileiras, não mais pelas portuguesas. Até hoje, sofremos violência e silenciamento diários”, lamenta.

“Nossos territórios, sem a devida demarcação e proteção, são explorados ilegalmente, muitas vezes ao custo de nossas vidas”, denuncia o indígena da terra Arariboia, da Aldeia Lagoa Quieta, no Maranhão, cerca de 600 quilômetros a sudoeste da capital, São Luís.

A diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, Fernanda Kaingáng, é objetiva ao comentar se a importância dos povos originários foi devidamente reconhecida no processo de Independência. “Não”, afirma a líder do povo Kaingáng, distribuído por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

“O Brasil ainda possui práticas colonialistas de negação de direitos aos povos indígenas, uma vez que o Estado brasileiro não admitiu os crimes de lesa-humanidade cometidos contra seus primeiros habitantes e não possui mecanismos de reparação dessas violações, nem formas de evitar que se repitam”, completa a primeira indígena a concluir o mestrado em Direito na Universidade de Brasília (UnB).

O Museu Nacional dos Povos Indígenas fica em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro.

A instituição foi criada em 1953 pelo antropólogo Darcy Ribeiro, está vinculada à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e é responsável pela política de preservação e divulgação do patrimônio cultural dos povos indígenas no Brasil.

A Funai é uma instituição federal que atua também nos trâmites de demarcação de terras indígenas.

Apagamento

À época da Independência não havia contagem oficial da população indígena, o que só começou a ser feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do censo de 1991.

No entanto, pesquisas indicam que houve substancial diminuição dessa população durante períodos da história brasileira. O IBGE aponta a estimativa de dois milhões no século 16.

Em 1991, quando o censo incluiu a classificação indígena, foram identificadas 294 mil pessoas, o que correspondia a 0,20% da população. Desde então, observou-se acréscimo no contingente, passando para 734 mil em 2000 e 822 mil em 2010. Tanto em 2000 e 2010 o número representou 0,43% da população brasileira.

No censo mais recente, de 2022, o quantitativo saltou para 1,7 milhão, ou seja, 0,83% dos brasileiros. Pouco mais da metade deles (51,2%) vivia na Amazônia Legal, região que abrange nove estados do Norte e Centro-Oeste.

Erisvan Guajajara considera que, além de não terem obtido a independência, os povos originários foram vítimas de tentativa de apagamento.

“Por séculos, nossas culturas, línguas e saberes foram deliberadamente inferiorizados para justificar nosso extermínio, que foi em grande parte exitoso”, constata.

Ele cita que, das cerca de 1,4 mil línguas faladas à época do descobrimento, atualmente restam 274. Dos 1,6 mil povos, sobraram 305. “Apesar disso, seguimos vivos e lutando”, relata.

A diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas cita violações de direitos constitucionais dos indígenas, como à integridade física e cultural, aos territórios demarcados e à proteção das expressões culturais tradicionais materiais e imateriais. Ela acrescenta ainda o que chama de “extrativismo intelectual”.

“Temos lutado pelo reconhecimento de que temos saberes que são ciência e possuímos tecnologias, que têm sido alvo de extrativismo intelectual praticado pela iniciativa privada, mas também por instituições de ensino superior e pelos próprios governos, ao não reconhecerem e não respeitarem nossos direitos de definir nossas necessidades e prioridades”, aponta.

Vários povos

A historiadora e professora Vânia Maria Losada Moreira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), é referência em estudos sobre a população indígena na história brasileira e coorganizadora do livro Povos indígenas, independência e muitas histórias – Repensando o Brasil no século XIX.

Ela contextualiza que a população indígena existente no começo dos anos 1800 deve ser entendida como povos, no plural. “São povos muito variados do ponto de vista cultural, linguística e dos momentos em que tiveram contato com a sociedade colonial”.

A professora detalha que havia grupos isolados, sem contato com a sociedade colonial. “A Independência do Brasil para esses povos não tem nenhum significado”.

Outros grupos viviam em áreas de expansão da sociedade. Vânia lembra que a corte brasileira declarou, ainda em 1808, “guerras justas” contra esses povos. “Esses povos vão ter uma relação muito ruim com o processo de Independência. Esse processo de guerra não vai cessar com a Independência. Vai ser uma violência continuada”, assinala.

Constituição

A especialista em história indígena registra que o principal marco legal em defesa dessa população se deu mais de 160 anos depois da Independência do Brasil. É a Constituição Cidadã, de 1988.

"É uma Constituição que reconhece que os povos indígenas são povos originários, que reconhece os direitos às terras e a sua autodeterminação nessas terras. Então, a Constituição de 88, de certa forma, foi o marco legal mais importante para os povos indígenas".

Outro marco é a criação do Ministério dos Povos Indígenas, instituído em 2023. À frente da pasta, a ministra Sonia Guajajara é a primeira indígena a ocupar um cargo de ministro na história brasileira.

Paulo Tupiniquim, da associação que representa indígenas da costa leste, reconhece que foi necessária a Constituição Cidadã para, ao menos no papel, os povos originários terem a condição igualada à do restante da população.

“Só com a Constituição [de 1988] que os povos indígenas passaram a ser autônomos, ter os seus direitos garantidos, deixaram de ser tutelados e ganharam o seu direito de cidadão e cidadã de fato”, assegura.

 

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Polícia apreende fuzis bolivianos que iriam para o "novo cangaço"

Policiais paulistas apreender oito fuzis, sendo três do Exército Boliviano. As armas estavam junto com um carregamento de 1,5 tonelada de cocaína

08/10/2024 07h08

Suspeita da polícia é de que armas e cocaína tenham entrado no Brasil pela fronteira com o Mato Grosso

Suspeita da polícia é de que armas e cocaína tenham entrado no Brasil pela fronteira com o Mato Grosso

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Oito fuzis e duas carabinas foram apreendidas em Aguaí, no interior paulista, pela Polícia Civil de São Paulo. A suspeita é que os armamentos seriam repassados a grupos criminosos especializados em crimes do chamado "novo cangaço", em que cidades inteiras são dominadas para o roubo de bancos e carros-fortes.

Três dos oito fuzis apreendidos pertencem ao Exército da Bolívia, segundo a polícia. Todas as armas foram encontradas dentro de embalagens na caçamba de um caminhão, junto a mais de 1.500 quilos de cocaína. Três homens foram presos no local.

O caminhão foi encontrado dentro do sítio de um dos suspeitos, identificado como Carlos Henrique Valente Mariano, 43. Investigadores afirmaram que a droga e as armas podem ter chegado até o local via Mato Grosso.

Outro suspeito preso -Marcelo Eduardo Nogueira de Souza, 31, o Alemão- já tinha sido preso por tráfico de drogas em Mato Grosso. A polícia afirma que o sítio em Aguaí serviria como uma espécie de entreposto das drogas, que seriam distribuídas para vários outros municípios brasileiros.

Alemão seria o responsável por administrar a logística do tráfico, segundo a investigação. Ele tinha um assistente, Tiago Herculano Silva, 27, que também foi preso. Mariano, que era dono do sítio, já foi preso por porte ilegal de arma em circunstâncias semelhantes: armamento que foi encontrado pela polícia numa de suas propriedades.

A reportagem não localizou a defesa dos suspeitos.

ELO COM O PCC

Os fuzis e carabinas provavelmente seriam vendidos para um único grupo criminoso, segundo a polícia. A suspeita é que o grupo investigado tenha ao menos dez integrantes e seja ligado à facção criminosa PCC.

O valor das total das armas é estimado em R$ 860 mil. Os equipamentos do Exército boliviano -do modelo FAL calibre 7,62- foram identificadas pois têm encravado o brasão de armas do país.

Já a cocaína apreendida valeria cerca de R$ 30 milhões, nos cálculos do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

A investigação, conduzida pela 4ª Delegacia do Patrimônio, durou quatro meses. A quadrilha investigada estava baseada em Paulínia (SP) antes de migrar para Aguaí, cerca de 80 quilômetros ao norte.

Segundo a polícia, a principal dificuldade da investigação era o fato de que vários veículos eram usados ao mesmo tempo nos locais onde se fazia a troca de armas e drogas. "Perdemos eles, às vezes, por minutos", disse o delegado Fábio Pinheiro Lopes, titular do Deic. "Na hora que a droga chegava num comboio de dez veículos, já levava tudo embora, cada veículo ia para um lado."

É do número de veículos que vem a estimativa número mínimo de integrantes do grupo criminoso. Segundo o delegado Fabio Sandrin, da 4ª Delegacia do Patrimônio, o fato de as armas estarem embaladas indica que elas eram novas e provavelmente ainda não tinham sido utilizadas.

"Pela logística, as armas tinham acabado de chegar, elas estavam embrulhadas", disse Sandrin. "Essa quadrilha que traficava armas aproveitou-se da logística da droga."
 

Sandrin também afirmou que há suspeita de uma ligação financeira entre a venda de drogas do PCC e as quadrilhas que praticam assaltos nos moldes do novo cangaço. "O novo cangaço é um meio de financiar o tráfico de drogas: eles investem para obter dinheiro, lucro para financiar o tráfico de drogas. Não tem como separar uma coisa da outra, tanto é que as armas vêm junto."

A polícia já identificou outros suspeitos de integrar a quadrilha, e pretende descobrir para onde a droga e as armas seriam encaminhadas. Autoridades também devem entrar em contato com o governo boliviano.

(Infortmações da Folhapress)

"nova política"

Prontuário de Boulos divulgado por Marçal é assinado por médico que já morreu

Além disso, o número do RG que está no documento é diferente daquele que consta na identidade de Boulos

05/10/2024 07h17

Guilherme Boulos e Pablo Marçal disputam vaga no segundo turno na eleição para a prefeitura da maior cidade brasileira, São Paulo

Guilherme Boulos e Pablo Marçal disputam vaga no segundo turno na eleição para a prefeitura da maior cidade brasileira, São Paulo

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O suposto prontuário do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) divulgado na noite desta sexta (4) pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB) para associá-lo ao uso de drogas tem dado errado e usa a assinatura de um médico que já morreu.

Na noite desta sexta-feira (4), o autointitulado ex-coach publicou um suposto prontuário da clínica Mais Consultas que narra que Guilherme Castro Boulos teria sido atendido na unidade, localizada no Jabaquara, em surto psicótico. Ainda segundo o documento, o acompanhante de Boulos teria levado um exame toxicológico que teria apontado a presença de cocaína no sangue do deputado.

O RG de Boulos que aparece no prontuário é incorreto, com um número a mais. O médico que assina o suposto prontuário já morreu e não tem especialidade cadastrada no site do Conselho Federal de Medicina.

O sócio da Mais Consultas, Luiz Teixeira da Silva Junior, tem vídeo publicado com Marçal, a quem se refere como seu cliente em outra clínica da qual é dono.

Assessores e um dos sócios do influenciador, Marcos Paulo, também seguem Teixeira nas redes sociais. O dono da Mais Consultas também é sócio de outras empresas em Alphaville, onde Marçal montou sua estrutura empresarial.

Boulos disse que pedirá à Justiça a prisão do influenciador e de Teixeira por falsificação de documento.

No mesmo dia indicado no prontuário, 19 de janeiro de 2021, Boulos fez uma transmissão ao vivo no fim da manhã comentando sobre a importação das vacinas em meio à pandemia da Covid-19. No dia seguinte, participou de uma ação do MTST na favela do Vietnã, na zona sul da cidade.

Marçal vinha prometendo ao longo de toda a campanha expor um processo judicial e uma internação de Boulos por uso de cocaína. Como revelou a Folha, o influenciador se baseava no processo de um homônimo para acusar o deputado.

(Informações da Folhapress)

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