Cidades

Antônio João

Crianças indígenas agem como guerreiros e conflito por terras suspende aulas

As aulas foram suspensas para índios e filhos de fazendeiros

CELSO BEJARANO, DE ANTÔNIO JOÃO

31/08/2015 - 10h26
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Ao menos 450 alunos, entre crianças e adolescentes índios estão sem aulas desde o início dos conflitos envolvendo indígenas e fazendeiros na região de Antônio João, cidade sul-mato-grossense, na fronteira com o Paraguai. Com a escola fechada dentro da aldeia e sem ônibus para transportá-los até a cidade, restaram aos estudantes guarani-caiuás, com idades de até cinco anos de idade, juntarem-se aos adultos e equiparem-se com flechas, feitos guerreiros.

Índios e fazendeiros travam há 11 dias um duelo pelo domínio de fazendas que teriam sido declaradas território indígena, em 2005, pelo ex-presidente Lula, mas a medida fora contestada judicialmente pelos ruralistas. No sábado à tarde, um índio foi morto baleado na cabeça.

A reportagem do Correio do Estado notou que no dia mais delicado do confronto, anteontem, crianças corriam e espalhavam-se pela mata com os adultos, assim que viram camionetes indo para as fazendas que haviam sido invadidas dias atrás. 

Um garotinho pequeno, segurava uma flecha, provavelmente feita por ele mesmo, com gravetos. Outro maior, com aparência de dez anos de idade, vestido com uniforme escolar, também agitava-se com uma flecha. 

Sábado, anteontem, os ruralistas que ocupavam ao menos 40 camionetes, entraram dentro de duas fazendas invadidas, a Barra e a Fronteira. Quando perceberam os fazendeiros, os índios recuaram. Policiais foram para o local depois que um índio já havia morrido com tiro no rosto. Para a polícia, ainda não se sabe de onde partiu o tiro que matou o guarani.

Além da morte do índio Simeão Vilhalva, outro índio de 27 anos foi levado para o hospital com ferimento na cabeça. Uma mulher e uma criança de um ano de idade foram feridas com balas de borracha.

SEM AULAS, SEM COMIDA

Somente na aldeia Campestre, 7,5 quilômetros da área urbana de Antônio João, cidade distante 400 de Campo Grande, cursam o ensino infantil, fundamental e educação indígena, ao menos 370 índios na Escola Municipal M’bo Eroy Tupã I Arandu Renoi, fechada desde o dia 21, data do início das ocupações das fazendas. Os índios guarani ocuparam sete áreas que seriam deles, mas duas delas já foram retomadas pelos fazendeiros.

A reportagem tentou entrar na aldeia Campestre, onde fica a escola, mas não foi autorizada pelos líderes da comunidade. Sem aulas, as famílias das crianças índias estariam com dificuldades de alimentar os filhos, pois eles dependem da merenda escolar. A comunidade  recebem o Bolsa Família, programa do governo federal que paga a elas parcela mensal de até R$ 175. 

Além dos cerca de 370 alunos da M’bo Eroy, outros 80 alunos que cursam o ensino médio e o Educação de Jovens e Adultos, o EJA, precisam transporte escolar até as escolas de Antônio João. Ocorre que os veículos não têm circulado durante os conflitos.

Alunos índios estudam nas escolas estaduais Pantaleão Coelho Xavier, Aral Moreira e ainda na escola municipal Maicka Sanabria Pinheiro.

A diretora da escola Aral Moreira, Selzanet Ramirez, onde ao menos dez índios estudam à noite, disse que além do risco de os alunos reprovarem por faltas, há uma perda maior a eles. “Reprovar pela falta é mais difícil, mas eles vão ficar com defasagem no aprendizado”, disse a diretora. 

 

CAMPO GRANDE

Mato e ruínas tomam conta de praça e irritam comerciantes

Além de edificações destruídas matagal crescente, problema de vendedores locais é também para com a segurança no trecho

23/05/2025 12h49

Quem passa pelo local vê apenas ruínas do que foi a dita

Quem passa pelo local vê apenas ruínas do que foi a dita "casinha", escombros da construção que se misturam com móveis quebrados abandonados e lixos, Marcelo Victor/Correio do Estado

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Localizada na região do Trevo Imbirussu, o ponto que antes era praça com ponto de táxi, hoje trata-se de um espaço em que o mato e as ruínas - e os reflexos que o abandono trazem - têm irritado comerciantes locais que precisam se desdobrar para garantir a conservação e a própria segurança. 

Altair Martins é um desses trabalhadores da região, que se diz incomodado com a falta de cuidado com o ponto que já teve seus momentos de glória. 

Ele lembra que os mototaxistas que mantinham ponto no local, e demais comerciantes do entorno, sempre foram os encarregados pela conservação da praça, que agora está à mercê da vontade do Executivo de Campo Grande. 

"Eles tiraram as motos daí não faz nem um ano, desde então... Tinha uma casinha que eles  tiraram porque quando não havia ninguém os usuários entravam deixando o lugar deplorável. Antes tinha um senhor que estava trabalhando ali, aí dava a limpa, mas também já não faz mais", expõe o trabalhador. 

Hoje, quem passa pelo local vê apenas ruínas do que foi a dita "casinha", escombros da construção que se misturam com móveis quebrados abandonados e lixos, como folhas, latas e pedaços de para-brisas. 

Moradora da região há 20 anos, a aposentada Solange dos Santos lembra com carinho do espaço que, segundo ela, tinha desde guarda até uma série de árvores. 

"A última reforma foi há um ano, mais ou menos. Aqui dá dó. Abandonou, tiraram uma árvore que tinha", lembra a aposentada. 

Segurança

Entre os problemas do abandono do espaço, que ficam evidentes pelo mato alto e acúmulo de escombros, há mais fatores de risco para quem busca extrair do trecho uma fonte de sustento, como no caso de Eugênia Cardenas. 

Ex-moradora da região da Bandeirantes, residindo atualmente no bairro Jardim Zé Pereira, a comerciante abriu seu ponto no canteiro da Avenida Manoel da Costa Lima na quadra debaixo do local que antes era uma praça há cerca de um mês. 

Conhecedora da região, ela relata a insegurança que sente no trecho, evidenciando a necessidade da companhia do marido em horários mais "perigosos". 

"Aqui de manhã meu esposo tem que ficar comigo, porque aqui não tem possibilidade de ficar sozinha…  na conveniência ali há uma aglomeração, que inclusive a dona quer mandar arrumar pois tem intenção de alugar, mas nem sei se ela vai conseguir, porque ali o cheiro está impregnado", expõe. 

Eugênia faz questão de ressaltar que os próprios comerciantes da região estão tendo que se juntar para fazer um mínimo de manutenção, para que o espaço para comércio fique ao menos apresentável. 

Deixando o expediente por volta de 16h, quem assume o ponto de dona Eugênia durante a noite é sua própria filha, mas revela o medo que sente devido ao grande fluxo de usuários de drogas que acabam sendo agressivos para com os comerciantes e clientes. 

Tocando o ponto há cerca de um mês, ela revela que nesse período o seu comércio já foi alvo de invasores. 

“Faz pouco dias. A porta de trás eles estouraram cadeado, só que ele fecha para o lado de dentro. Aí meu genro trocou e colocou a trava… eles arrebentaram. Aí quando veio colocar a fiação, roubaram a fiação da minha filha e a gente já teve prejuízo aqui”, cita. 

O que diz a prefeitura

Em retorno ao Correio do Estado, a Prefeitura afirma, através da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), que a limpeza da praça é feita "dentro do cronograma de zeladoria" da pasta, sem detalhar quando, de fato, foi feito o último serviço, conforme questionado pela equipe. 

Além disso, o Executivo indica que o atual projeto em execução, do corredor de transporte coletivo urbano da Avenida Marechal Deodoro/Gunter Hans, deve alterar o traçado das vias na região do Trevo Imbirussu.

"Em função disso, a revitalização da Praça do Trevo Imbirussu será definida após a conclusão do corredor de ônibus. Entre os terminais Bandeirantes e Aero Rancho estão sendo construídos quatro terminais de embarque e desembarque", complementa o Executivo. 

Quanto à segurança, a Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social aponta que a Guarda Civil Metropolitana realiza rondas com viaturas na região, sendo elaborado um estudo para instalação de base da Guarda Civil Metropolitana no bairro. 

"A população pode acionar as equipes pelo 153. Todavia, é importante lembrar que a GCM atua em colaboração às forças policiais, sendo importante abordar principalmente com a Polícia Militar sobre a questão da segurança", finaliza. 

 

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Saúde

MS é o estado mais imunizado contra a Influenza, aponta Ministério da Saúde

Governo do Estado investiu quase R$ 1 milhão para ampliar cobertura vacinal nos municípios

23/05/2025 12h30

Divulgação / Helton Davis

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De acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) do Ministério da Saúde, 596.575 doses da vacina contra a Influenza foram aplicadas em Mato Grosso do Sul até a última quarta-feira (21). Esse número coloca o estado na liderança nacional da imunização, com 38,93% da população imunizada.

Desde janeiro, Mato Grosso do Sul recebeu um total de 1.221.420 doses da vacina enviadas pelo Ministério da Saúde. Todas foram distribuídas entre os municípios do estado. Também foram destinadas, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), mais de 1,1 milhão de seringas e agulhas para as prefeituras municipais.

Outra ação fundamental para atingir a marca atual de imunização, foi a campanha "MS Vacina Mais", plano emergencial que destinou R$ 825 mil em recursos para que os municípios reforcem as ações de imunização contra a Influenza.

Outros R$ 140 mil foram destinados à composição de equipes de vacinação em Campo Grande.

Quem pode vacinar

A vacinação está aberta para toda a população com idade a partir de 6 meses, porém é recomendado que os grupos prioritários tenham preferência. Fazem parte desses grupos: 

  • Trabalhadores da Saúde;
  • Puérperas;
  • Professores dos ensinos básico e superior;
  • Povos indígenas;
  • Pessoas em situação de rua;
  • Profissionais das forças de segurança e de salvamento;
  • Pprofissionais das Forças Armadas;
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade);
  • Pessoas com deficiência permanente;
  • Caminhoneiros;
  • Trabalhadores dos Correios;
  • Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso);
  • Trabalhadores portuários;
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade;
  • População privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

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