Cidades

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De Campo Grande ao deserto do Atacama

De Campo Grande ao deserto do Atacama

Redação

10/04/2010 - 20h46
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Paulo Cruz

 

Se você nunca sonhou com uma grande aventura por lugares exóticos e paisagens surpreendentes a bordo de um veículo, pode virar a página deste jornal. Mas, se seu desejo, como o de milhões de pessoas pelo mundo, é um dia se aventurar por aí, continue lendo esta matéria. Realizar esse sonho pode ser mais fácil do que imaginamos.

Foi isso que o engenheiro Sidnei Antonio Arioza e o professor universitário José Leonel Ribeiro, integrantes do moto clube "Motors Vivos", fizeram. A bordo de duas motocicletas, decidiram fazer um roteiro alternativo, diferente das tradicionais viagens de férias que geralmente nos levam a uma praia ou a lugar badalado em nosso País. O destino escolhido foi o deserto do Atacama, uma extensa área desértica entre as águas frias do Pacífico e as cordilheiras andinas. No lugar mais árido e de maior altitude do mundo, os dois encontraram abrigo no povoado de San Pedro de Atacama, a capital arqueológica do Chile.

Os objetivos da viagem eram, além de contemplar os encantos do deserto e as belas paisagens das monumentais cordilheiras dos Andes, conhecerem seus habitantes e seu modo peculiar de vida.

Não foi uma viagem tão confortável, já que as temperaturas encontradas pelo caminho variaram de quase 40 graus nos chacos paraguaio e argentino a 5 graus negativos em El Tatio, já perto da fronteira com a Bolívia, além de fortes ventos no altiplano andino e dos efeitos do "sorotchi", o mal de altitude.

 

O planejamento

Definido o destino, o passo a seguir foi cuidar da documentação, da manutenção das máquinas e da logística, estabelecer o percurso, os pontos de abastecimento, os pernoites e as atrações a visitar.

A internet foi uma grande fonte de informações. Foram consultados vários blogs de motociclistas que haviam realizado o percurso anteriormente. Outro aspecto fundamental destacado pelos aventureiros é conhecer a legislação dos países e providenciar a documentação e acessórios obrigatórios. No Mercosul não é necessário o passaporte, a apresentação da identidade civil (RG) é suficiente. Para quem vai visitar os países vizinhos, no entanto, aconselho a levar o passaporte. Desburocratiza os procedimentos nas aduanas, principalmente no Chile, e desestimula os policiais corruptos comenta José Leonel.

Outra dica é providenciar a carteira internacional de vacinação (vacina contra a febre amarela é obrigatória), o seguro internacional (seguro carta-verde fornecido somente por alguns corretores) e o documento do veículo em nome do condutor (se o veículo for alienado, deve-se providenciar junto à financeira a declaração de viagem ao exterior). Não é necessário o porte da carteira de habilitação internacional, a brasileira é aceita.

O percurso

A aventura começou no dia 16 de janeiro deste ano e durou doze dias. A maioria do percurso foi feito em asfalto de excelente qualidade. As máquinas também ajudaram, duas motocicletas Harley Davidson, uma Electra Glide Classic 1.450 cc e uma Softail Deluxe 1.600 cc.

Sem pressa de chegar, o primeiro destino foi Ponta Porã. Em Pedro Juan Caballero, do outro lado da fronteira, realizaram o câmbio, troca dos reais por guaranis a cotação de G$ 2.500,00 por real.

No dia seguinte seguiram em direção a Ybi Yau, a primeira cidade após Pedro Juan Caballero. No caminho, belas paisagens e ótima estrada. Chegaram a Assunção ao entardecer.

"Fala-se muito dos policiais corruptos do país vizinho. Mas, não tivemos nenhum problema. Fomos parados por diversas vezes e os patrulheiros foram sempre muito receptivos", comenta Leonel.

Em Assunção se hospedaram em um hotel cassino, onde puderam observar o grande fluxo de turistas brasileiros. Dos 80 apartamentos ocupados, 60 eram por brasileiros.

Na capital do Paraguai apreciaram a rica arquitetura que remonta os tempos da colonização espanhola. O Palácio Legislativo, com sua fachada imponente, expõe as contradições do Paraguai, ao dividir muros com a favela Villa Chacarita.

 

Argentina

No terceiro dia a dupla percorreu 479 km, de Assunção à pequena cidade de Las Lomitas, no chaco argentino, enfrentando temperaturas próximas dos 40 graus. Pela Ruta 81, estrada recentemente concluída e de excelente qualidade, cruzaram a Cordilheira dos Andes rumo ao Porto de Iquique, no Oceano Pacífico, já no Chile.

Um dos perigos da viagem, segundo os motociclistas, é a quantidade de animais soltos nas pistas, desde porcos selvagens, vacas, cavalos, lhamas e vicunhas.

Em Salta, capital da província de mesmo nome, houve dificuldade em encontrar vaga nos hotéis devido à temporada turística.

"Passeio imperdível pela beleza natural é o trajeto entre Salta e San Salvador de Jujuy, margeando a cordilheira dos Andes. A pista é estreita, com placas solicitando que se buzine nas curvas, já que em alguma delas, a largura não é superior a quatro metros A Cordilheira dos Andes se impõe pela beleza e imponência. Não há como as lentes das máquinas fotográficas e filmadoras captarem a amplitude do jogo de cores e formas da Cuesta Del Lipan, e da imensidão do Salar de Guayatayoc", comentam.

O ponto marcante da viagem, eleito pelos aventureiros, foi o pernoite em Susques, um povoado indígena, a 3.675 metro do nível do mar. Há dois bons hotéis a beira da estrada, ambos bastante disputados, e um ótimo restaurante, com cardápio invejável e impressionante, considerando a natureza inóspita e longínqua da região.

"Foi nessa cidade que comecei a sentir os efeitos do ‘sorotchi’, o mal de altitude. Com dor de cabeça e tontura, foi atendido em um posto de saúde, recém construído. Além de oxigênio, não houve nenhum tipo de medicação. Detalhe: mesmo para estrangeiros o atendimento é gratuito e imediato, sem fila de espera. O médico sugeriu que mesmo com tontura, seguisse até São Pedro de Atacama, onde a altitude é de 2.470 m", conta Leonel.

 

Deserto e seus encantos

Enfrentar a aduana chilena requer paciência. Diferente da Argentina e do Paraguai, o controle dos veículos de transporte de carga e de passageiros é realizado no mesmo local. E todo o fluxo do Porto de Iquique, no Chile, com destino à Argentina, Paraguai e inclusive para o Brasil, passa por lá.

Mesmo com toda a badalação internacional, San Pedro de Atacama mantém suas características próprias. Considerada um oásis no deserto, tem ruas estreitas de terra, casas, pousadas e comércios com paredes de barro e telhado de palha.

As construções mantêm as casas arejadas durante o calor do dia e conservam temperaturas agradáveis durante as noites e madrugadas, horários que os termômetros caem acentuadamente.

As principais atrações nos arredores de San Pedro de Atacama estão na cordilheira de Sal, com suas impressionantes formações naturais os Vale de La Luna, com formações que lembram o solo lunar e o Vale de La Muerte, pela sua extrema aridez.

A 90 km de San Pedro estão os gêiseres em El Tatio, a 4.300 metros de altitude. A melhor hora para observar o fenômeno é no começo da manhã, quando as temperaturas, dependendo da estação do ano, podem chegar a 15 graus negativos.

Com suas águas azuis e margens brancas de sal, outras atrações são as lagoas de água salgada, onde o turista não consegue afundar devido à salinidade da água.

Obrigatoriamente, ao visitar os gêiseres em El Tatio, o turista passa pelo povoado de Machuca, que ainda conserva a arquitetura do estado indígena de Tiuanaco, onde pode-se apreciar pastéis e churrasquinhos de carne de lhama ou chás de ervas, próprias da região.

 

O retorno

Devido à altitude, houve a diminuição do consumo e o aumento da autonomia das motos. Aliada à qualidade da rodovia e à exuberância das paisagens, os motociclistas conseguiram pilotar, sem descer da moto, 326 km de Passo de Jama, fronteira do Chile com a Argentina até San Salvador de Jujuy,

Na Argentina, o retorno foi pela Ruta 16, na Província do Chaco, onde foram "estimulados" pela primeira vez, a fazer uma contribuição com a "nafta da viatura da polizia". O patrulheiro ficou satisfeito com a contribuição de dois pesos de cada um, o equivalente a um real.

O último pernoite no território argentino foi na localidade de Presidente Sãez Pena, cidade simpática e progressista no Chaco argentino.

Com mais um pernoite em Assunção e outro em Ponta Porã, a aventura se encerrou em 27 janeiro, depois de percorridos 5.341 km em quatro países e muitas lembranças que serão levadas para o resto de suas vidas.

JUSTIÇA

Ônibus da justiça itinerante faz mais de 100 atendimentos por dia

Os serviços mais procurados são divórcios, guarda e alimentos de filhos, e partilhas de bens

19/05/2025 15h30

O novo veículo veio para substituir o ônibus mais antigo do Poder Judiciário

O novo veículo veio para substituir o ônibus mais antigo do Poder Judiciário FOTO: Divulgação TJMS

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Funcionando desde 2001, conforme dados divulgados pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), cada um dos dois ônibus da Justiça Itinerante de Campo Grande, realizam em média 100 atendimentos por dia. Ainda de acordo com o levantamento, os mais procurados são divórcios, guarda e alimentos de filhos, e partilhas de bens.

O juiz titular da 8ª Vara do Juizado Especial Justiça Itinerante e Comunitária, Cezar Luiz Miozzo, explicou que a equipe que realiza esses atendimentos é composta, em cada unidade, por cerca de 14 pessoas, incluindo juiz, assessor, seis conciliadoras, policial militar, motorista, promotor, advogado, defensor público e estagiário.

"A maior dificuldade, na maioria dos casos, que as vezes interfere na agilidade e realização de mais atendimentos, é as partes chegarem a um consenso, mas já tivemos manhãs com 60 acordos fechados. Entretanto, há situações em que uma conciliadora realiza apenas duas audiências, por serem casos mais delicados e com maior litigiosidade entre as partes", pontuou o magistrado.

Cabe ressaltar que, o Poder Judiciário mapeia constantemente, os bairros com maior procura de atendimento, e as regiões com maior destaque são: São Conrado, Universitário, Piratininga, Nova Lima e Aero Rancho. "Tem dias que chegamos a um local de atendimento e encontramos uma fila enorme. Por isso, vamos sempre preparados para qualquer cenário", afirmou Miozzo.

COMO FUNCIONA?

A 8ª Vara do Juizado Especial possui competência para conciliar, processar e julgar causas cíveis de menor complexidade, cujo valor não exceda 40 salários mínimos, além de causas relativas ao direito de família, como reconhecimento de união estável e sua conversão em casamento, divórcio, pensões alimentícias, reconhecimento de paternidade, guarda e execução de alimentos, retificações "simples" de registro civil, entre outras.

Coordenada pelo juiz Cezar Luiz Miozzo, a Justiça Itinerante destaca-se como um importante instrumento de acesso à Justiça para as comunidades das regiões periféricas de Campo Grande, beneficiando a população pela facilidade e rapidez no atendimento, além de não gerar custos ao cidadão.

Serviço As duas unidades da Justiça Itinerante atendem à população de 18 bairros de Campo Grande, em dois endereços diferentes a cada dia, de segunda a quinta-feira, das 7 horas às 11h30.

O calendário de atendimentos para o primeiro semestre e o itinerário de cada uma das unidades podem ser acessados no Portal do TJMS

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CPI DO ÔNIBUS

Vereadora Luiza justifica pedido de demissão do diretor da Agetran por prevaricação

Em sessão nesta segunda-feira (14), a vereadora afirmou que Paulo da Silva cometeu crime ao assumir não multar os ônibus do Consórcio por superlotação

19/05/2025 15h07

Vereadora Luiza justifica pedido de demissão do diretor da Agetran por prevaricação

Vereadora Luiza justifica pedido de demissão do diretor da Agetran por prevaricação Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Na oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Campo Grande desta segunda-feira (19), a vereadora Luiza apresentou suas justificativas para o pedido de demissão imediata do presidente da Agetran, Paulo da Silva, após suas declarações na sessão da última quarta-feira (14).

Na sessão, os membros da CPI questionaram uma determinada alegação de Paulo quando informou que a Agetran não emite multa de superlotação dos ônibus para o consórcio. Silva alegou que não há amparo legal para realizar esse tipo de autuação e que a prerrogativa não está prevista no contrato firmado em 2012. 

Para Luiza, a omissão do diretor-presidente da Agetran constitui crime de prevaricação, tipificado no artigo 319 do Código Penal, que pune o agente público que deixa de praticar ato de ofício, por interesse pessoal ou conveniência, com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.

Além disso, a conduta pode ser caracterizada como ato de improbidade administrativa, conforme prevê o artigo 10, inciso XII, da Lei nº 8.429/1992, ao “permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente”.

“Nós enxergamos nas afirmações do diretor-presidente da Agetran, afirmações que caracterizam os atos como de prevaricação, de improbidade, de modo assim que não tem sentido ele permanecer no cargo dessa maneira”, afirmou a vereadora nesta segunda-feira. 

Além das afirmações da falta de aplicação de multa ao consórcio por superlotação, Paulo também teria admitido que a mesma multa é aplicada em carros de passeio.

“Se ele tiver acima da capacidade e o meu fiscal pegar ele, se ele tem cinco lugares. A Agetran se pegar um com seis, sim”, disse o diretor logo após afirmar que não existe superlotação nos veículos coletivos do Consórcio Guaicurus, mesmo diante das denúncias diárias de usuários do transporte. 

“Eu pedi à prefeita que substitua o presidente-diretor da Agetran em razão da evidente confissão de que fez propriedade administrativa. Isso aí o Ministério Público é que vai verificar, mas começamos, porque se a prefeita permanecer com o diretor, mesmo diante dessas constatações, ainda faltam mais de dois meses para nós chegarmos na hora final dessa CPI, o que é que nós vamos estar dizendo à sociedade?” afirmou a vereadora. 

Ela também afirmou que a substituição é necessária para que a situação continue da melhor forma e que se cumpra o que está determinado nas leis de contrato e nas leis federais. 

“Não é possível que a gente fique aqui, como legisladores, tolerando um diretor-presidente da Agetran chegar aqui e dizer ‘não, eu não fiscalizei porque eu não quis fiscalizar. Quando é particular, eu fiscalizo. Quando é do consórcio, eu não fiscalizo.’ Quer dizer, evidentemente, praticando atos ilegais que precisam ser corrigidos rapidamente, para privilegiar a função pública e o interesse público”, finalizou. 
 

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