Durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (16), para esclarecimento do primeiro caso de feminicídio de 2023, a titular, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), apontou que todos os casos registrados na Capital no ano passado foram solucionados.
Segundo a delegada, dos 12 feminicídios consumados em Campo Grande em 2022, todos os autores foram presos, com exceção daqueles que escolheram se matar após o crime.
"Se eu não me engano, foram 2 casos que em seguida, após agredir e tirar a vida da convivente, eles mesmos tiraram a própria vida. Os demais, todos nós tivemos sucesso na prisão".
Nesse cenário, ela complementa que, divulgar as penas sofridas por esses criminosos ajuda a diminuir os casos de feminicídios, e ainda ressalta a importância da denúncia.
"Já começamos infelizmente janeiro com esse dado negativo, mas, à medida que a informação de toda forma é difundida em larga escala, as vítimas com certeza se sentem mais fortalecidas", diz.
Para a delegada, sabendo que os autores estão sim sendo detidos, presos e condenados, há uma diminuição dessas ações de agressores, e as vítimas também procuram mais ajuda, situações que, segundo a Dra. Elaine, não vislumbrávamos há 20 anos.
Sendo o feminicídio um crime que traz insegurança à sociedade em geral, mas principalmente para as mulheres, a delegada faz questão de exaltar o trabalho da delegacia quanto à investigação; apuração e detenção dos autores, com a taxa de 100% de resolução registrada em 2022.
"Inclusive, um dos autores do feminicídio tentado ano passado, que teria jogado um caminhão para cima da convivente, ele foi preso em Santa Catarina. Uma equipe da doutora Rafaela, com mais 2 investigadores, foram buscá-lo lá naquele estado e com certeza, amanhã, no fim do dia, estarão aqui", comenta ela.
Primeiro feminicídio do ano
Claudineia Brito da Silva, de 49 anos, foi a primeira vítima de feminicídio de 2023 em Campo Grande, como noticiou o Correio do Estado ainda no último sábado.
Como explica a delegada, o casal não possuía filhos e, conforme investigado na oitiva das testemunhas, tinha o costume de beber juntos.
"Se eu não me engano, um primo e uma tia do autor confirmaram os fatos - que o próprio autor nos disse na sexta-feira -, de que ambos estavam ingerindo bebida alcoólica quando então, segundo ele, a vítima teria desferido um tapa em sua face".
Após receber o tapa, ele então pegou uma faca e desferiu um corte fatal em seu pescoço. Ainda, a delegada expõe que, percebendo o que tinha feito, o próprio autor foi pedir ajuda ao primo e tia.
"Se eu não me engano, moram no mesmo endereço, mas em outra residência -, dizendo que teria feito uma besteira e, de acordo com ele e também com as próprias testemunhas, o autor quem teria chamado o Corpo de Bombeiros e Polícia Militar", aponta a delegada.
Num primeiro momento a vítima chegou a ser socorrida com vida, mas, horas depois foi constatado seu óbito.
Preso pelo crime de feminicídio, o autor já passou por audiência de custódia, onde houve a conversão do flagrante em prisão preventiva - solicitada pela delegada plantonista ainda ontem (15) -, E já se encontra é detido no presídio.
Ainda, Elaine Benicasa afirma que ele possui outros boletins de ocorrência de violência doméstica.
"Um contra uma ex convivente, que não a vítima atual, e outro B.O contra a própria Claudineia, se eu não me engano, em 2018. Do outro relacionamento, são dois crimes de vias de fato e ameaça", comento.
Também, as testemunhas relataram que as brigas eram constantes e ambos eram alcoólatras, segundo confirma a mulher considerada madrinha do autor do crime, diz Benicasa.
Ela também frisa que, pela própria atitude logo após matar Claudineia, dizendo "fiz besteira", e por ser responsável por acionar o socorro e a polícia militar, a delegada revela que o autor do crime já demonstrava certo arrependimento, indicando ainda a pena pelo feminicídio.
"Depende de várias circunstâncias o tempo de prisão que o autor pode pegar, mas pelo feminicídio consumado, segundo a delegada, pode pegar acima de seis ou de 10 anos de prisão"