Cidades

Poluição

Fumaça das queimadas que encobre Campo Grande pode causar câncer

A qualidade do ar voltou a ser qualificada como ruim, com partículas causadoras de câncer de pulmão em níveis acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde

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Conforme o IQAir, a qualidade do ar que os campo-grandenses estão respirando foi apontada como insalubre, com a presença de substâncias que podem causar câncer de pulmão e outras doenças.

Isso se deve à presença do Material Particulado (PM2.5), considerado pela Organização Pan-Americana da Saúde como um dos principais poluentes que podem agravar quadros de doenças respiratórias e, em altos níveis de exposição causar câncer de pulmão.

“A concentração de PM2,5 em Campo Grande é atualmente 13,1 vezes o valor anual de referência para a qualidade do ar da OMS”, diz o site da IQAir. 

A Organização Mundial da Saúde estabeleceu como parâmetro seguro para PM2.5 o nível de 5 µg/m³. Com a métrica apresentada pela plataforma que realiza a medição via satélite, a diferença em relação ao recomendado excedeu 26,1 microgramas por metro cúbico.

Apesar do nível apresentado pelo IQAir, é preciso entender que a medição realizada pela empresa é feita via satélite, calculando a concentração de fumaça. Ou seja, ela não possui uma estação no local para estimar com precisão o quantitativo do poluente na fumaça das queimadas que pairam sob o céu de Campo Grande.

Malefícios do PM2,5

 

 

 

Impacto na Gravidez

  • Exposição de 5 microgramas por metro cúbico deste poluente durante a gravidez aumenta em 4% a chance de o bebê nascer com baixo peso.

Efeitos na Saúde dos Adultos

Exposição a 5 microgramas por metro cúbico por ano:

  • Eleva em 13% o risco de ataques cardíacos e mortes relacionadas a doenças cardiovasculares.
  • Aumenta em 4% a chance de desenvolver câncer de pulmão.
  • Mais que dobra o risco de desenvolver Alzheimer.

Fonte: OMS

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Mas, afinal, o que estamos respirando?

Conforme explicou o professor e coordenador do Laboratório de Ciências Atmosféricas, Widinei Alves Fernandes, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, a métrica traçada pela empresa suíça superestima a concentração das substâncias na superfície e não leva em conta os valores em estações físicas que monitoram com precisão.

 

“Esse serviço é uma plataforma que gera dados que devem ser encarados não de forma absoluta, mas de forma qualitativa e não quantitativa, porque ele não representa valores na estação. Isso significa que os dados tendem a ser um pouco diferentes da realidade na superfície, porque, como é uma imagem de satélite, ele captura a coluna integrada da atmosfera e não a superfície, como é o correto para medir a qualidade do ar.”

Com isso, o professor destacou a importância da estação de Monitoramento do Ar (QualiAr) em Campo Grande.

Na tarde desta quinta-feira (12), a estação de monitoramento apontou que a qualidade do ar voltou a ser qualificada como ruim, enquanto o poluente PM2.5 está entre 104 e 102 microgramas por metro cúbico.

A fumaça oriunda das queimadas traz outros poluentes, como monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio.

“A piora na qualidade do ar tem diversos danos à saúde, principalmente devido a essas partículas finas que podem potencializar bastante a ocorrência de problemas respiratórios. São partículas que adentram o sistema respiratório e podem aumentar a chance de ocorrência de AVC, infartos, além de haver estudos sobre o malefício desse poluente para gestantes e para o feto que está em formação durante esse período”, pontuou o professor.

O grupo do Laboratório de Ciências Atmosféricas está em parceria com a Universidade de Londrina para iniciar estudos sobre a quantidade de poluentes no ar e, assim, poder estimar com precisão a nocividade das partículas no ar em Campo Grande.

"Iremos começar a analisar também a composição desse material particulado para verificar se temos sempre, ou em alguns casos, partículas que podem potencializar o câncer", pontuou o professor.

Saiba: O índice de qualidade do ar é calculado pela média das últimas 24 horas. Portanto, a cada hora com concentrações elevadas, a média vai subindo.

 µg/m³: microgramas por metro cúbico

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Alívio

Chuva de granizo limpa o ar poluído e provoca queda de temperatura

Após 18 dias de calor severo e forte fumaça, a chuva que caiu nesta quarta-feira em Campo Grande foi comemorada pelos campo-grandenses

09/10/2024 17h40

Fotos: Gerson Oliveira

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Após 18 dias de estiagem severa e forte fumaça das queimadas na Bolívia, que tornaram o ar insalubre para respirar, a chuva de granizo que caiu em Campo Grande na tarde desta quarta-feira (9) foi amplamente comemorada pela população. Depois de semanas enfrentando escaldantes 39ºC, a temperatura caiu para 25,1ºC na tarde de hoje (9).

Conforme informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), até o momento choveu 1,4 milímetros. Em bairros da região sul, como Moreninhas, Universitário e Pioneiros, além de áreas da região central, como Tiradentes, Maria Aparecida Pedrossian e Jardim dos Estados, houve relatos de granizo. A chuva também trouxe um ar mais agradável para respirar.

Em alguns bairros da região sul de Campo Grande, há falta de energia elétrica e relatos de semáforos apagados.

Na tarde desta terça-feira (8), o QualiAR da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) registrou o pior valor desde o início da série histórica em 2021, atingindo 236 µg/m³ em Campo Grande, indicando péssima qualidade do ar e recomendando até o uso de máscaras.

 


E os próximos dias? 

Desde o dia 21 de setembro, os campo-grandenses aguardam ansiosamente por uma chuva que lhes permita respirar melhor.

Para esta quinta-feira (10), a previsão indica tempo instável, com aumento da nebulosidade e chuvas mais significativas, acumulando acima de 30 mm em 24 horas.

Contudo, podem ocorrer tempestades acompanhadas de raios, rajadas de vento e eventual queda de granizo. Essa situação meteorológica é causada pelo intenso transporte de calor e umidade, aliado à atuação de um sistema de baixa pressão atmosférica. Além disso, a aproximação de uma frente fria e o deslocamento de cavados favorecem a formação de instabilidade no estado de Mato Grosso do Sul.

Em relação às temperaturas, são previstas mínimas entre 19°C e 23°C e máximas entre 24°C e 31°C para as regiões sul, leste e sudeste do estado. Nas regiões pantaneira e sudoeste, esperam-se mínimas entre 22°C e 27°C e máximas entre 27°C e 36°C. Já nas regiões do bolsão e norte, as mínimas devem variar entre 22°C e 25°C, com máximas entre 34°C e 36°C.

Em Campo Grande, as mínimas variam entre 23°C e 25°C, enquanto as máximas ficam entre 28°C e 33°C. Os ventos atuam entre os quadrantes norte e oeste, com velocidades de 40 a 60 km/h, podendo ocorrer rajadas pontuais acima de 60 km/h. 

 

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Ivinhema

Prefeitura do "mais louco do Brasil" superfaturou verba da merenda, diz CGU

Administração de Juliano Ferro (PSDB), reeleito no domingo, teria superfaturado R$ 229,4 mil para alimentação dos estudantes das escolas públicas

09/10/2024 16h43

Juliano Ferro, prefeito de Ivinhema; prefeitura teria superfaturado dinheiro da merenda

Juliano Ferro, prefeito de Ivinhema; prefeitura teria superfaturado dinheiro da merenda Reprodução/Facebook

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A prefeitura de Ivinhema, administrada pelo prefeito Juliano Ferro (PSDB) — que também é influenciador nas horas vagas — praticou superfaturamento de recursos federais na compra de merenda escolar, conforme apontado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em relatório publicado no mês passado.

O sobrepreço que resultou no superfaturamento ocorreu na compra de itens como carne bovina, carne de frango, ovos de galinha, pão, leite e outros alimentos destinados aos estudantes das escolas públicas do município.

O total do superfaturamento, segundo apurou o Correio do Estado com a CGU, é de R$ 229,4 mil. Juliano Ferro foi reeleito no domingo (6) com 88% dos votos. A população aprovou sua administração, apesar das inconsistências administrativas.

Na data da eleição, o relatório da CGU ainda não havia sido divulgado na imprensa, apenas nos canais internos da Controladoria-Geral da União.

O maior sobrepreço na compra de itens da merenda escolar ocorreu na aquisição de carne bovina.

Enquanto os supermercados de Ivinhema consultados pela CGU cobravam, em média, R$ 33,99 pelo quilo do alimento nas especificações contidas no edital, o município pagou R$ 44,90 pelo produto, resultando em uma diferença de R$ 10,91 por quilo.

Como foram adquiridos 9 mil quilos de carne durante o período analisado, o sobrepreço na compra de carne bovina foi de R$ 98.190,00.

Além disso, houve sobrepreço, com posterior superfaturamento, na compra de pão francês.

A prefeitura pagou R$ 16,20 pelo quilo do pão, enquanto o preço estipulado no Diário Oficial, que deveria ser seguido, era de R$ 10,61, gerando uma diferença de R$ 61.490,00 em recursos públicos repassados pelo governo federal.

A administração do “prefeito mais louco do Brasil” terá de explicar essa discrepância.

“Houve prática de superfaturamento decorrente de sobrepreço contratual no Pregão Eletrônico nº 21/2022 no valor apurado de R$ 224.955,00 (R$ 155.515,00 em favor da C E G de Matos EIRELI e R$ 69.440,00 em favor da B A Marques LTDA), o equivalente a 20% do valor da amostra (10 itens de maior materialidade financeira — 81,03% do valor total adjudicado)”, apontou a CGU em seu relatório.

Para efeito de comparação, o valor utilizado para a compra dos itens foi de R$ 778,2 mil. Ainda segundo a CGU, os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram devidamente transferidos.

A prefeitura de Ivinhema não ofereceu qualquer explicação ao órgão federal de controle sobre as inconsistências encontradas.

O sobrepreço foi identificado nos seguintes itens:

  • 12 mil quilos de frango: sobrepreço de R$ 14,1 mil;
  • 12 mil litros de leite pasteurizado: sobrepreço de R$ 17,4 mil;
  • 3 mil litros de óleo de soja refinado: sobrepreço de R$ 12,4 mil;
  • 3 mil quilos de feijão carioquinha tipo 1: sobrepreço de R$ 2,1 mil;
  • 3 mil dúzias de ovos de galinha brancos: sobrepreço de R$ 1,4 mil;
  • 2 mil quilos de cenoura: sobrepreço de R$ 15,3 mil;
  • 2,5 mil quilos de repolho: sobrepreço de R$ 10,025 mil;
  • 9 mil quilos de carne bovina: sobrepreço de R$ 98,1 mil;
  • 11 mil pães franceses: sobrepreço de R$ 14,1 mil.

Em contrapartida, o município pagou um item com preço abaixo da média de mercado: R$ 7,6 mil pela compra de 6 mil quilos de coxa e sobrecoxa de frango.

O total do sobrepreço e possível superfaturamento é de R$ 224,5 mil.


Excentricidade e investigações

Nas redes sociais, Juliano Ferro é conhecido como “o prefeito mais louco do Brasil”. No Instagram, por exemplo, ele tem 760 mil seguidores. 

Mas não é só por isso que ele conhecido. Ferro também é conhecido por ser alvo de várias investigações e operações.

Na operação mais recente, Ferro foi alvo de investigação da Polícia Federal por suposta falsidade na declaração de seu patrimônio à Justiça Eleitoral. 

Em junho último, decisão liminar na 2ª Vara de Ivinhema proibiu Juliano Ferro de praticar atos de promoção pessoal e de ocupar ou permanecer em lugar de destaque em eventos custeados com recursos públicos no Município.

Em 2021, o prefeito foi alvo do Ministério Público por desrespeitar decreto que ele mesmo havia assinado proibindo aglomerações e acabou flagrado participando de uma festa em uma fazenda.

Além disso, foi alvo de investigação por conta das seguidas rifas de veículos das quais participa e das quais diz ter tirado boa parte de seu atual patrimônio.

Em outra investigação, cujo teor está sob sigilo,  são apuradas “eventuais ilegalidades em processos de inexigibilidade de licitação para contratação de artistas pelo Município de Ivinhema nos anos de 2021, 2022, 2023 e 2024”. 

Em maio, sem citar uma ação específica, o prefeito atribiu as investigações contra ele “a pessoas do mal”.

“Toda vez que você se tornar grande, pessoas fracas vão se levantar contra você. Pessoas do mal vão se levantar contra você, eles vão te atacar e isso faz parte do processo de crescimento…”, postou em vídeo no Instagram.
 

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