A fumaça densa que chegou em Campo Grande quinta-feira (8) teve seu pior momento até agora registrado entre o fim da manhã e o começo da tarde dessa sexta-feira (9).
A concentração desta névoa impactou diretamente na qualidade do ar registrado na Capital.
Segundo a Estação da Qualidade do Ar da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), até a última medição da tarde, o índice estava no maior patamar já registrado pelo local.
A escala de qualidade do ar vai de 0 a 400, sendo este último o pior nível possível a ser registrado.
Nessa sexta-feira, o aparelho indicava que Campo Grande estava com o índice de 118, considerado ruim, quase chegando no alerta vermelho de ar muito ruim, indicado a partir do índice 121.
De acordo com Widinei Alves Fernandes, doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), professor da UFMS e coordenador da estação, se essa situação não melhorar na próxima semana, poderá haver a ocorrência de uma “chuva negra”, já que há previsão da chegada de uma frente fria.
“O fenômeno ocorre quando acontece precipitação e o ar está poluído com partículas. Os incêndios lançam na atmosfera material particulado, que são partículas muito finas de sólidos ou líquidos que ficam suspensas no ar, além de gases como monóxido [CO] e dióxido de carbono [CO2]. A água da chuva fica mais escura e, se for coletada, dá para ver as partículas. A poluição [chuva negra] fica mais visível. Portanto, a chuva será escura por conta da quantidade de material particulado que será trazido para a superfície. É comum tornar a água da piscina escura”, declarou Fernandes.
FUMAÇA
Segundo o pesquisador, as correntes aéreas arrastaram essa fumaça proveniente de queimadas na Amazônia até aqui. Imagens de satélite mostram que essa pluma de fumaça está descendo do Norte do País e já chegou ao Centro-oeste, Sudeste e Sul.
Em Campo Grande, ela se junta ao clima seco e quente da cidade e pode impactar diretamente na saúde das pessoas.
Conforme o professor, para quem tem problemas respiratórios, a exposição a essa fumaça é bastante prejudicial e também pode aumentar o risco de AVC e problemas cardíacos. “Os grupos de riscos são os mais afetados. Se possível usem máscara”, orienta.
Já o médico pneumologista Ronaldo Queiroz ressalta que todos esses agravantes (ar seco; frio; a variação térmica; poeira e fumaça) agridem os mecanismos de defesa das vias aéreas das pessoas, localizadas no nariz, garganta e boca, que servem inclusive como filtro de impurezas.
“Esses agentes agressores acabam por irritar as vias aéreas superiores, chegando a machucar às vezes, de tão seco que fica o nariz. Essa diminuição da defesa das vias aéreas superiores facilitam a ocorrência de doenças próprias do inverno: resfriados, gripes e pneumonias”, diz Queiroz. (Colaborou Leo Ribeiro)