Cidades

Preocupação

Ministra diz que conflito entre indígenas e fazendeiros não interessa a ninguém

Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara esteve em Douradina, ontem (7), onde se reuniu com indígenas e produtores rurais.

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Durante visita ao município de Douradina, a 191 quilômetros de Campo Grande, a Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou a lideranças indígenas que o conflito com os produtores rurais sobre a demarcação de terras não interessa a ninguém.

O recente confronto, ocorrido no último final de semana e que deixou 11 indígenas guarani-kaiowá feridos, colocou o governo federal em alerta para os conflitos mais sangrentos. Os indígenas reivindicam que as terras em disputa são territórios tradicionais de seus povos. 

As recentes ocupações na região de Dourados foram classificadas como 'retomadas', o que reacendeu a violência contra os guarani-kaiowá. Esse imenso conflito fundiário, que se arrasta há décadas, tem gerado tensão na região.

No último final de semana em Douradina, lideranças indígenas e organizações indigenistas denunciaram dois grandes ataques com homens armados e acampamentos montados em área delimitada para abrigar a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. 

Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), informou que muitos indígenas foram feridos durante os ataques. Barracos, pertences pessoais e símbolos da cosmologia guarani-kaiowá foram destruídos e incendiados. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram a presença ostensiva de caminhonetes, tratores e automóveis ao redor das áreas de retomadas.

“Viemos aqui em uma missão de paz. É isso que a gente busca”, disse a ministra a um grupo de produtores e trabalhadores rurais com quem conversou na companhia da presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana; do coordenador geral de Operações da Força Nacional de Segurança Pública, Luis Humberto Caparroz.

“Um conflito dessa forma não interessa a vocês [produtores rurais], não interessa aos indígenas e não interessa ao governo [federal]. Não interessa a ninguém”, afirmou a ministra, reconhecendo a necessidade de ouvir todos os lados envolvidos na questão. 

“Entendemos que temos que escutar ambos os lados. Viemos conversar com vocês para buscar essa solução. E para falarmos da paralisação dos ataques. Não é possível continuar com essa situação de insegurança. Vocês falaram de insegurança, os indígenas estão em uma situação insegura, e temos que entender que não vai ser assim, com briga, com armas e ataques, que vamos resolver [o conflito]. Nem vocês, nem eles [indígenas], querem ficar manchados de sangue”, afirmou a ministra.

Às lideranças guarani-kaiowá, Sônia destacou o reforço do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública na região, autorizado no dia 17, em meio à escalada da violência fundiária no estado.

“Vimos que é realmente necessária a presença da Força Nacional para garantir a segurança e a integridade física dos povos indígenas dessa área de retomada, para evitar que mais conflitos ocorram. Não pactuamos com a violência. Estamos aqui com o objetivo de pacificar [a região] a partir do diálogo e da presença do Estado brasileiro”, disse a ministra, garantindo que o governo federal vem atuando para concluir os processos demarcatórios de novas terras indígenas, paralisados por recursos judiciais interpostos por produtores rurais que afirmam ser os legítimos donos das áreas reivindicadas pelos indígenas.

“Estamos trabalhando para que os processos demarcatórios em Mato Grosso do Sul e em todos os estados brasileiros sejam retomados. Não é possível que os indígenas continuem sofrendo com tamanha violência em meio a esses conflitos. Queremos garantir a segurança dos povos nos seus territórios”, disse a ministra.

De acordo com informações da reunião realizada na última segunda-feira (5) no Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) propôs a demarcação de 12,1 mil hectares no território Panambi Lagoa Rica, em Douradina.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), as áreas já delimitadas e declaradas como de usufruto exclusivo indígena no estado somam mais de 283 mil hectares, distribuídos por 903 propriedades rurais em 30 cidades sul-mato-grossenses. Segundo a entidade, isso geraria uma grande 'insegurança jurídica no campo'. 

“Tanto os indígenas quanto os produtores rurais são vítimas. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, indígenas reivindicam terras oriundas da Guerra do Paraguai [1864/1870] onde o Brasil, quando obteve a vitória, alocou produtores rurais para manter a soberania nacional. Agora, 150 anos depois, não podemos tratar esses produtores como invasores. Não podemos resolver uma injustiça criando outra”, sustentou, em nota, Marcelo Bertoni, presidente da Famasul e da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.  

Confronto entre indígenas deixou 11 feridos 

Neste final de semana, indígenas e fazendeiros entraram em conflito, deixando 11 indígenas feridos no município de Douradina, a 191 quilômetros de Campo Grande.  

Ruralistas enfrentaram povos Guarani-Kaiowá com balas de borracha. Algumas pessoas saíram feridas, machucadas e sangrando.

Conforme apurado pela reportagem, fazendeiros divulgaram em suas redes sociais que os indígenas invadiram mais áreas em Douradina, além das sete retomadas que já se encontram dentro dos limites da Terra Indígena Lagoa Panambi.

Este é o segundo conflito entre indígenas X fazendeiros deste fim de semana. No sábado (3), outro ataque armado deixou dez indígenas guarani-kaiowás feridos em Douradina.

Dois indígenas ficaram em estado grave e foram levados para o Hospital da Vida, em Dourados. Um levou um tiro na cabeça e outro no pescoço.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) emitiu nota à imprensa sobre a escalada de violência e ataques a comunidades indígenas Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul.

Segundo o MDHC, o coordenador-geral do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH) chegou ao estado de Mato Grosso do Sul, neste domingo (4), para se juntar à equipe coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas na resposta do Governo Federal aos ataques.

“Desde julho, o Ministério dos Direitos Humanos atua em coordenação com o Ministério dos Povos Indígenas, com a Fundação dos Povos Indígenas (FUNAI), com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e demais Órgãos na Sala de Situação instalada pelo Governo Federal, para prevenir e reprimir os ataques que as comunidades indígenas estão sofrendo nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. O MDHC segue em tratativas com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para o aprimoramento do emprego da Força Nacional de Segurança Pública no controle de conflitos, proteção e defesa da vida de pessoas atingidas e respeito aos direitos humanos dos povos indígenas”, informou o MDHC por meio de nota.vos indígenas”, informou o MDHC por meio de nota.

 

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COMBATE A DENGUE

Aedes Aegypti: Fumacê circula por Campo Grande até às 22h nesta segunda-feira

Seis bairros estão na lista para receberem o inseticida e a recomendação é manter as portas e janelas abertas

12/05/2025 17h30

Fumacê acontece das 16h às 22h na Capital

Fumacê acontece das 16h às 22h na Capital Foto: Reprodução Prefeitura Municipal

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Nesta segunda-feira (12), seis bairros de Campo Grande receberão aplicação do inseticida conhecido como Fumacê, usado no combate ao mosquito Aedes aegypti, sendo eles: Moreninhas, Lageado, Centenário, Tarumã, Batistão e Aero Rancho.

A ação teve início as 16 horas e seguirá até as 22 horas, e a recomendação é que os moradores deixem portas e janelas abertas durante a passagem dos veículos de aplicação, permitindo que o produto atinja os locais onde os mosquitos costumam se esconder.

A Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV), vinculada à Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), reforçou que a borrifação do veneno, feita no sistema de Ultra Baixo Volume (UBV) pesado, e a intenção é acabar com os focos do Aedes aegypti, transmissor de doenças como Dengue, Zika e Chikungunya.

A ação pode ser adiada ou cancelada em caso de condições meteorológicas desfavoráveis, como chuva, ventos fortes ou neblina, que comprometem a eficácia do produto.

Confira os horários e os trechos:

  • Moreninhas: Rua Amapá Doce, com Rua Peroba Amarela
  • Lageado: Rua Durando Pereira da Silva, com Rua Rosa Orro
  • Centenário: Rua Martin Pescador, com Rua Panteras
  • Tarumã: Rua Sertaneja, com Rua Florão
  • Batistão: Rua Lagoa Santa, com Rua Lagoa Dourada
  • Aero Rancho: Rua Barão de Cocais, com Rua Regence

FUMACÊ

O Fumacê é uma estratégia utilizada para reduzir a proliferação do mosquito Aedes aegypti e reduzir a transmissão de doenças causadas por esse mosquito, como dengue, Zika ou Chikungunya.

A técnica consiste em passar com um carro que emite uma "nuvem" de fumaça com baixas doses de um agrotóxico que elimina a maior parte dos mosquitos adultos presentes na região, e embora não seja a forma mais segura de eliminar mosquitos, é bastante rápida, fácil e eficaz.Geralmente, a dose usada em uma aplicação é segura para a saúde humana.

O agrotóxico utilizado e aprovado pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (OMS) atualmente nas pulverizações do fumacê é o Cielo-ULV. Esse agrotóxico contém duas substâncias na sua composição, a praletrina e a imidacloprida, que provocam intoxicação no sistema nervoso do mosquito, resultando na sua morte.

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atlas da violência

Taxa de feminicídio cai, mas violência matou uma mulher por semana em MS em 2023

Mato Grosso do Sul foi o estado que registrou a maior queda na taxa de assassinato de mulheres no Brasil no ano-base

12/05/2025 17h15

Casos diminuíram em 2023, mas muitas mulheres ainda são vítimas de feminicídio e violência em MS

Casos diminuíram em 2023, mas muitas mulheres ainda são vítimas de feminicídio e violência em MS Marcos Santos / USP

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No ano de 2023, 48 mulheres foram assassinadas em Mato Grosso do Sul, uma média de quatro mortes por mês ou uma a cada semana. O número, entretanto, registra uma queda em relação ao ano anterior, quando foram 71 vítimas do sexo feminino.  

Com relação a taxa de mulheres mortas para cada 100 mil habitantes, Mato Grosso do Sul é o estado que teve a maior queda no País.

Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).  

"Os maiores crescimentos das taxas foram observados no Rio de Janeiro (28,6%), Pernambuco (26,7%) e Distrito Federal (22,7%). As quedas mais acentuadas, de outro lado, foram registradas no Mato Grosso do Sul (32,0%), Acre (25,5%) e Rondônia (18,1%)", diz a publicação.

De 2013 até 2023, ano-base da pesquisa, o ano com mais casos foi 2014, com 85 assassinatos de mulheres no estado. O menor foi em 2023, com os 48 registros.

Levando-se em conta a última década, os casos de feminicídio caíram 36% no Estado, enquanto de 2022 a 2023 a queda foi de 32,4%.

Considerando que a pesquisa traz dados até 2023, é importante contextualizar que o número de casos de feminicídio voltou a subir em MS em 2024, conforme apontou reportagem do Correio do Estado.

Sem trazer dados regionalizados, o Atlas da Violência aponta que a violência letal contra as mulheres majoritariamente acontece no contexto doméstico.

"Não por coincidência, pesquisas vêm mostrando, ao longo dos anos, que a casa é o lugar menos seguro para a mulher. Dados de registros policiais publicados no 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública evidenciam que nos casos de feminicídio, 64,3% dos eventos aconteceram dentro de casa", diz o documento.

"Esse dado de registros policiais ajuda a ilustrar que, embora o ódio ao gênero possa estar presente na violência letal contra mulheres tanto em contextos domésticos como em contextos urbanos, na prática, uma morte costuma ser percebida e classificada como feminicídio quando acontece no ambiente doméstico", acrescenta.

País

No Brasil, foram 3.903 vítimas em 2023 e 47.463 nos últimos onze anos (2013-2023), conforme registros do sistema de saúde.

"Apesar da tendência de queda geral nos homicídios (incluindo vítimas do sexo feminino e masculino) ao longo dos últimos onze anos, quando olhamos para o comportamento das taxas ao longo dos anos, é possível observar que a redução foi mais expressiva na população em geral do que entre as mulheres - ainda que, em números absolutos, tradicionalmente os homens sejam os principais envolvidos em crimes letais intencionais", diz o Atlas.

Atlas da violência

A publicação é divulgada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e tem como base principalmente dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos sob gestão do Ministério da Saúde.

Também são levados em conta os mapeamentos demográficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

    

Os dados do Atlas da Violência são coletados de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem da população, e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

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