Mandados foram cumpridos em 5 lojas de Campo Grande, onde foram apreendidos 4,2 mil produtos, avaliados em R$ 5 milhões
Operação da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal em Mato Grosso do Sul desmantelou um esquema milionário de venda de pneus trazidos do Paraguai sem o pagamento de tributos, portanto ilegais, em lojas de Campo Grande. Segundo a PF, cinco empresas foram alvo.
O esquema foi descoberto após uma primeira operação, a Wrong Tires, realizada em novembro de 2023, quando 6 mil pneus importados ilegalmente foram apreendidos no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão.
“Esta nova fase teve início a partir de informações colhidas em decorrência da prisão em flagrante de dois motoristas por estarem transportando grande quantidade de pneumáticos descaminhados, que seriam entregues em centros automotivos na cidade de Campo Grande. Em diligências posteriores, foi possível identificar os encomendantes e responsáveis pelos pagamentos”, explicou a Receita Federal, em nota.
A Polícia Federal relatou que essas cargas de pneus trazidas do Paraguai pela fronteira vinham para Campo Grande por meio de “freteiros”, contratados para trazer o produto para algumas lojas. Para “otimizar” o espaço e poder trazer mais produtos, os “freteiros” colocavam um produto dentro do outro, formando uma espécie de bola.
Produto ilegal trazido do Paraguai vinha em “bolas”, o que resultava em deformação dos pneus “Os investigados utilizam-se da técnica chamada ‘bola de pneus’ para introduzirem de forma clandestina as mercadorias no Brasil, por isso, ao colocarem os pneus uns dentro dos outros, conseguem aumentar em até cinco vezes a quantidade transportada. Enfatize-se que, apesar de novos, os pneus apresentam deformidades e ondulações e, nessas condições, colocam em risco a segurança de motoristas e pedestres”, declarou Receita Federal.
Em diversas fotos e vídeos feitos pela PF e Receita, é possível reparar o estado dos pneus, com deformações e completamente tortos.
“Além da insegurança no trânsito, decorrente da má qualidade do produto, a entrada de pneus clandestinos em nosso território traz danos ao meio ambiente, tendo em vista o não cumprimento da legislação vigente, e à economia brasileira, por promoverem uma competição desleal com o produto nacional, que recolhe os seus tributos devidos à União, aos estados e aos municípios”, afirmou a Receita.
Durante as operações Tatu-Bola e Bad Tires, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão, determinados pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, e 4.269 pneus foram apreendidos, sendo avaliados pela Receita Federal em mais de R$ 5 milhões.
Uma pessoa foi presa durante a ação, segundo a PF, por posse irregular de arma de fogo. Além dos pneus, também foram apreendidos 4 aparelhos celulares, 1 revólver calibre 32, 10 munições calibre 32 e diversos documentos.
Os mandados foram cumpridos em Campo Grande, apenas um foi destinado ao município de Bonito.
Participaram da operação 22 auditores fiscais e analistas tributários da Receita Federal e 66 policiais federais.
Ao Correio do Estado, a Polícia Federal informou que o esquema envolvia cinco pessoas e que ainda investiga quanto o grupo movimentou com a atividade ilícita. Os produtos apreendidos foram levados para a Receita Federal.
WRONG TIRES
Em novembro de 2023 a Polícia Federal e a Receita Federal também se voltaram contra o descaminho de pneus vindos do Paraguai. Na época, de acordo com as investigações, os pneus eram trazidos do país vizinho e armazenados em um depósito localizado em Campo Grande, de onde, posteriormente, eram distribuídos a empresas do mesmo grupo para comercialização.
“Além da baixa qualidade, constatou-se que os pneus não possuem garantia e não há informações sobre sua procedência, o que coloca em risco a segurança do condutor do veículo que os adquire e de terceiros”, frisou a Receita.
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