Com problema de identificação nos túmulos, o vereador Jair Pereira Alves, da Câmara Municipal de Bandeirantes, teve o pai sepultado na cova de outro munícipe.
Após o ocorrido, na terça-feira (4), enquanto o parlamentar estava no cemitério resolvendo os assuntos burocráticos, flagrou outra situação semelhante.
Em conversa com a reportagem do Correio do Estado, o vereador relatou que o pai, João Pereira Alves, de 73 anos, morreu há cerca de 30 dias.
Houve o sepultamento e, no Dia de Finados, no domingo (2), quando foram ao cemitério prestar homenagens, descobriram a situação.
O corpo de João Pereira Alves foi sepultado no jazigo de um homem que faleceu em 1994, pai do empresário Gildo da Silva Pereira, cuja família também esteve no cemitério, que é de gestão municipal, e teve o encontro inesperado com a família do parlamentar.
Diante do ocorrido, o vereador e o empresário registraram boletim de ocorrência e encaminharam um ofício ao secretário municipal de Obras, Gestão Urbana e Habitação, Ronaldo Corrêa Moraes, para que sejam tomadas providências.
“De domingo até ontem a gente estava resolvendo com os familiares da outra família. O pessoal do cemitério não está olhando direito as covas para sepultar os entes queridos, e estão fazendo uma em cima da outra. Meu pai foi sepultado faz um mês e ele estava em cima da cova de outro senhor”, disse o vereador.
O parlamentar, que é vice-presidente da Câmara no município, explicou que a família vivia o luto, e uma equipe do cemitério apontou o local que aparentemente estava livre para o sepultamento.
“A gente contratou a empresa, fez a cova, houve o sepultamento do meu pai e, quando foi no dia 2 de novembro, no Dia de Finados, a família foi acender velas para o ente querido deles e viu que meu pai foi sepultado em cima da cova do pai deles”, contou o vereador.
Sobre a contratação da empresa para abrir a cova, Jair explicou que a prefeitura não conta com serviço de coveiro, apenas com uma equipe que aponta os locais que, teoricamente, estão livres no cemitério.
“A prefeitura fala: ‘faz aqui’. Ou, se tiver uma cova aberta, eles avisam. Mas a logística deles está péssima. Ontem, quando eu estava no cemitério tratando da situação, faleceu a sogra de um ex-vereador e eles estavam abrindo a cova em cima de outra”, relatou Jair.
Nesse momento, ele disse que pediu para que a equipe parasse e apontou que havia concreto no local, indicando que aquele ponto já havia sido utilizado.
Falta de mapeamento
O problema da falta de mapeamento é crônico, em razão da ausência de identificação dos jazigos, conforme explicou o presidente da Câmara Municipal de Bandeirantes, Marcelo Soares Abdo.
“A Câmara mandou um expediente para o Executivo no sentido de regularizar a questão do cemitério, fazer uma demarcação dos túmulos e apontar quem é quem. Fazer um inventário, que na realidade não tem, para saber quem está sepultado, com o nome da pessoa e a localização, para evitar que coisas como essa voltem a acontecer”, explicou Marcelo.
Ainda segundo o presidente da Casa de Leis, mesmo os túmulos que tinham identificação foram se perdendo ao longo do tempo.
Outro cemitério
O vereador contou que conversou com o prefeito e que Bandeirantes possui uma área destinada a um novo cemitério, o que poderia resolver parte do problema. No entanto, até o momento, o projeto não saiu do papel.
“A gente ainda não entendeu por que não foi feita a mudança para o outro cemitério. É o mesmo sentido, fica próximo à capela, é só atravessar a rua. Já solicitei ao prefeito que faça a abertura dessa área e organize a logística do cemitério, que é uma extensão do outro pela proximidade.”
Pela lei, segundo explicou o vereador Jair, o prazo para que seja feita a exumação do corpo é de seis meses.
O que diz a prefeitura de Bandeirantes
Por meio de nota, o Executivo municipal informou que um procedimento interno foi instaurado para apurar o ocorrido e que o prefeito Celso Abrantes solicitou o mapeamento das pessoas enterradas, bem como a localização das sepulturas.
Leia a nota na íntegra:
"A Prefeitura de Bandeirantes lamenta profundamente o ocorrido e informa que já abriu um procedimento interno para esclarecer a situação. O prefeito, Celso Abrantes, também determinou a realização de um amplo levantamento do registro das pessoas enterradas e da localização das sepulturas no Cemitério Municipal.
Esclarecemos que a nova gestão assumiu há 3 meses e nesse período vem trabalhando para resolver os diversos problemas encontrados no município".


Manoela Monteiro teve sua primeira experiência com o ENEM / Foto: Marcelo Victor


