Cidades

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Ponta do iceberg

Ponta do iceberg

Redação

24/03/2010 - 09h10
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Há algumas semanas, uma menina de três anos morreu vítima de maustratos em Campo Grande. Semanas antes, denúncia anônima chegou a delatar a situação à polícia, que por sua vez acionou o Conselho Tutelar. Porém, o risco foi ignorado e as consequências foram trágicas. Nesta semana, o palco da tragédia foi Corumbá, onde uma adolescente de 15 anos confessou ter matado a facadas seu filho de 13 meses. Inicialmente ela afirmou que teve ajuda do namorado, de 19 anos, mas um dia depois do crime mudou a versão a assumiu tudo sozinha. Conforme a menina, o casal queria mudarse para o Rio de Janeiro e o bebê era visto como empecilho. Durante o velório, a mãe da adolescente revelou que já havia procurado o Conselho Tutelar para tentar conseguir a guarda do neto, pois percebia que a filha não tinha condições para cuidar da criança. Os conselheiros, segundo a mulher, alegaram que nada poderiam fazer, pois o direito da mãe estava acima da preocupação da avó. Nos dois casos, está claro que pessoas mentalmente perturbadas estão envolvidas e que precisam de tratamento especializado com urgência. Mais evidente que isto, porém, é o fato de que as crianças indefesas estão mortas e que não terão chance de tratamento, algo que ainda resta aos seus algozes. Claro, também, é o fato de que as pessoas especialmente escolhidas e pagas para proteger os direitos destas crianças falharam em suas obrigações. Se isto aconteceu por omissão, falta de estrutura de trabalho ou despreparo, não está claro. Possivelmente, tudo isso faça parte nas duas tristes situações, as quais revelam certa dose de psicopatia presente em cada humano e que, com o aumento do egocentrismo, começa a se manifestar com intensidade cada vez maior na sociedade. Conselheiros tutelares, que na maior parte das cidades são em número insuficiente, em raros casos são profissionais especializados para desempenhar as funções estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Além disso, a remuneração que lhes é oferecida dificilmente atrai pessoas que, em tese, teriam melhores condições de avaliar certas situações de risco. Isto não significa, porém, que os escolhidos hoje sejam desqualificados ou despreparados. Reforça, contudo, a evidência de que estes profissionais precisam com urgência ter acesso a especialização para que tenham melhores condições de desempenhar seu papel. Mostra, ainda, que os municípios, que têm a responsabilidade de bancar os conselhos, são omissos. Os dois casos extremos de violência são, com toda a certeza, somente a ponta de um gigantesco iceberg de maus-tratos a crianças em todas as cidades. E, se falhas aconteceram em situações de extrema gravidade é possível concluir que a situação é bem pior nas demais situações. Não se trata de exigir que a rede de proteção aos direitos da criança tenha bola de cristal e que possa adivinhar o que é ou não perigo real. Trata-se de profissionalizar, ao máximo, esta rede de atendimento, que começa nos conselhos, passa pela polícia e chega ao Judiciário, que normalmente dá a última palavra. O julgamento e todo o Caso Isabela, apesar de ser um grande espetáculo midiático, certamente só conseguem atingir este status porque a sociedade como um todo está, até certo ponto, assustada com seu lado psicótico, cruel e calculista. São pechas que milhões e milhões atribuem ao casal Nardoni, e condenam com todas as suas forças, porque não conseguem admitir que em parte sejam tão doentes e cruéis quanto julgam ser o casal. Então, para lidar com uma sociedade doente, a rede de proteção aos direitos das crianças precisa, mais do que nunca, ter especialização acima da média. Voluntarismo não basta.

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Clínica Veterinária é condenada por tratamento errado e morte de cachorra

A Justiça condenou a clínica a indenizar a tutora, após tratar leishmaniose como doença do carrapato e submeter o animal a duas cirurgias

18/06/2025 17h23

Crédito: Freepik

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Após contratar um plano de saúde para a cachorra, que recebeu um diagnóstico errado dado por uma clínica veterinária, a Justiça determinou que a tutora receba mais de 13 mil reais.

O caso ocorreu no município de Paranaíba, que fica a 406 km de Campo Grande.

Conforme a ação, a mulher contratou, em setembro de 2020, o plano de saúde na clínica. Exames iniciais descartaram a possibilidade de que a cachorra estivesse com leishmaniose.

No ano seguinte, o animal apresentou dificuldade para andar e perdeu o apetite. Uma série de exames foi realizada, assim como diversos tratamentos.

O médico veterinário descartou a hipótese de leishmaniose e iniciou tratamento para doença do carrapato.

Como a cachorra não melhorava, foi submetida a uma cirurgia nas patas traseiras para a colocação de placas metálicas. Algum tempo depois, a tutora procurou outro local para obter uma segunda opinião.

Os exames apontaram que a cachorra testou positivo para leishmaniose. Embora o novo tratamento tenha melhorado um pouco o quadro, devido à condição da cadela, as lesões não cicatrizavam.

Outra cirurgia acabou sendo realizada para a retirada das placas, mas o animal sofreu uma parada cardiorrespiratória e veio a óbito.

A defesa da clínica alegou ter utilizado os melhores equipamentos disponíveis e responsabilizou a tutora, afirmando que a recuperação não ocorreu adequadamente devido às condições em que a cachorra vivia em sua residência.

Sobre o óbito, justificou que ele ocorreu por complicações pós-cirúrgicas somadas à condição clínica do animal.

O laudo foi crucial para o desfecho do caso, ao demonstrar falha no diagnóstico precoce, uso de placas metálicas de tamanho inadequado e ausência de cuidados adequados no pós-operatório, tanto por parte da clínica quanto da tutora.

O juiz Plácido de Souza Neto, da Vara Cível de Paranaíba, reconheceu que as duas partes envolvidas tiveram culpa nos cuidados posteriores a cirurgia, conforme o artigo 945 do Código Civil.

“O dano moral é evidente, haja vista a angústia, o desespero e o sofrimento decorrentes da falha na prestação de serviço da clínica veterinária ao animal, que necessitava de tratamento adequado para minimizar o seu sofrimento”, analisou o magistrado.

Dessa forma, a clínica foi condenada a pagar R$ 8.796,81 pelos danos materiais (metade do valor total solicitado) e R$ 5.000,00 por danos morais, ambos com correção monetária e juros.

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Saúde

Pressão do "mais louco do Brasil" faz governo transferir pacientes de Ivinhema

Prefeito Juliano Ferro foi às redes sociais denunciar superlotação e falta de vagas; em menos de um dia, Estado de MS autorizou transferências para outras cidades

18/06/2025 17h12

Prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro

Prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro Reprodução

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Menos de 24 horas depois de o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), ir às suas redes sociais queixar-se da superlotação do hospital municipal da cidade que administra e da falta de vagas em hospitais de referência, regulados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), os pacientes do hospital de Ivinhema conseguiram vaga em outras cidades, como Dourados, Campo Grande e Nova Andradina. Eles chegaram a esperar mais de 10 dias por um leito.

“Depois da live que eu fiz (no Instagram), eles atenderam o meu pedido”, afirmou Juliano Ferro ao Correio do Estado. 

O prefeito se autodeclara “o prefeito mais louco do Brasil” em suas redes sociais. Só no Instagram, por exemplo, ele tem quase 1 milhão de seguidores e já chegou a atingir, em apenas um mês, mais de 20 milhões de impressões com seu conteúdo.

Na live em que mostrou pacientes de sua cidade aguardando há dias por cirurgias ortopédicas e cardíacas, por exemplo, Juliano Ferro queixava-se do atraso de um repasse de R$ 4,5 milhões, que, segundo ele, teria sido prometido pelo governo de MS.

“Já saiu do mundo, mas eu temo que o problema se repita lá na frente”, afirmou. “Em fevereiro prometeram R$ 4,5 milhões, agora já estão falando em R$ 3 milhões”, disse.

A SES emitiu nota após a reclamação de Juliano Ferro. Afirmou que a regulação das vagas no município de Ivinhema cabe ao polo do município de Dourados. “Todavia, estamos apurando a situação real junto à macrorregião para adequação à necessidade do caso específico”, informou.

Na mesma nota, o órgão do governo de Mato Grosso do Sul informou que está em andamento o repasse de R$ 3 milhões, por meio de um convênio, para o município, e que, desde o início da gestão de Riedel, Ivinhema já havia recebido aproximadamente R$ 15 milhões para o hospital.

A live

Na terça-feira (19), Juliano Ferro, o “mais louco do Brasil”, gravou um vídeo dentro e fora do hospital e não poupou palavras para criticar a SES, culpando-a pelo caos na saúde do município.

“Chegou a um ponto que não tem como eu não falar mais”, declarou o prefeito, afirmando que sua atitude reflete a realidade de diversas outras cidades do Estado. Eu recebi ligação de mais de 20 prefeitos dizendo que estão com a mesma situação que Ivinhema. É que as pessoas às vezes não querem levar a sua cara e não querem se expor, mas eu não vou ficar apanhando da população por uma atribuição que não é do município”, afirmou.

 

 

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