O que aconteceu no último dia 22 de janeiro no posto de saúde da – UPA – unidade de pronto atendimento, localizado na Vila Almeida, em nossa Capital, foi algo estarrecedor, inacreditável. Não existe uma explicação razoável para entender o ato de insanidade cometida por algumas pessoas, contra os médicos que ali exercem o ofício para salvar vidas. A notícia publicada pelos principais jornais com circulação no Estado ganhou também espaço na mídia nacional, e mostrou a face amarga de uma pequena parcela, insignificante mesmo, da laboriosa e pacata população campo-grandense. Campo Grande não merecia ser palco de uma atrocidade condenável. A nossa Capital é bonita, bem administrada, possui avenidas amplas e bem arborizadas, os bairros com todas as infraestruturas básicas para se obter uma excelente qualidade de vida. Plantada no coração do Mato Grosso do Sul, recebe o carinho e o amor grande de todos os sulmato- grossenses esparramados pelo seu território geográfico. Não poderia nunca protagonizar tamanho atrevimento. O posto de saúde invadido é um dos mais bonitos e bem equipados dentre todos os que compõem e formam a área de atendimento da população no setor de saúde. É uma obra do governo federal, com parceria do Estado e do Município. O projeto do governo federal, consoante salientou o ministro da Saúde, é evitar os transtornos para as camadas mais simples da população, no que se relaciona ao atendimento médico. Segundo o ministro, o cidadão que procura a – Upa – já sai do posto com os remédios prescritos, exames laboratoriais laudados, e o que é mais importante, com um serviço na área odontológica significativo. Se o caso é de internação, as guias já são preenchidas e o encaminhamento do paciente é automático, sem nenhuma burocracia. Trata-se de uma conquista maravilhosa que precisa ser preservada e nunca destruída. Os equipamentos são de primeira qualidade, os exames de imagem dão ao médico a segurança que necessita para avançar no tratamento do paciente. É esse o discurso do ministro da Saúde, a que assisti durante a inauguração de um similar na cidade mineira de Juiz de Fora. Até o final do ano, segundo o ministro, o governo federal prometeu entregar mais de 5OO ( quinhentas ) unidades desse porte para atender todo o território nacional. Concomitantemente com esse projeto, disse o ministro, o serviço do – SAMU – que hoje atende cerca de cento e noventa milhões de brasileiros, até o final do ano passará atender toda a população brasileira. É um avanço muito importante o que estamos assistindo na área da saúde. A população precisa entender os esforços das autoridades constituídas em garantir esse direito básico, singular, notável, para o seu cidadão. Os prédios públicos precisam ser preservados, conservados, defendidos pela população e não destruídos como querem alguns poucos. São construídos com o nosso dinheiro, o que torna ainda mais perversa a ação. Destruir um prédio, afrontar contra o servidor que ali presta o seu trabalho, são atos extremados de desamor, de fundado desrespeito a todos os que desejam viver em um clima de paz e tranqüilidade. Não existe motivo nenhum para guarnecer tais postos de saúde com policiamento. Isso é um retrocesso. No âmbito desse espaço destinado à saúde não pode existir nenhum resquício de dúvidas quanto à segurança. Homens, mulheres e crianças para esses locais se deslocam em busca da obtenção de um bem precioso que todos precisam ter que é a saúde. Nada mais. Os espíritos das pessoas não podem nunca estar preparados para o acirramento de conduta. Os nossos policiais precisam estar atentos para as áreas em que a sua presença resulta indispensável, que não cabe contestação. É com uma inteligência meridiana que esse aspecto precisa ser interpretado, até por respeito à esmagadora parcela da população, que não pode ficar desprotegida por uma questão que não deu causa nem concorreu para o seu surgimento. Se alguma coisa não está certa, não está funcionando dentro da normalidade prevista, o correto é procurar os mecanismos administrativos para superar os obstáculos. Para isso existem os procedimentos administrativos. Eles são uma conquista do mundo civilizado. É uma das marcas inexoráveis do regime democrático. Não podemos violentá-las com a força da selvageria. As associações de bairros também são um instrumento democrático importantíssimo para a solução da questão. É esse o caminho lógico e racional que se precisa adotar. A gritaria, as ofensas, as agressões não contribuem em nada para melhorar a situação. Assim, com uma ação responsável e consciente, damos também uma valiosa contribuição ao poder público, pois afinal todos nós temos que ser os fiscais dos benefícios que nos são colocados à nossa disposição e nunca protagonistas das coisas ruins. Ademais disso, nenhum médico, à primeira vista, se encharcaria de um propósito nefasto de maltratar o ser humano que vai até a sua presença em busca da sua intervenção para amenizar a sua dor, o seu sofrimento. Esta é uma assertiva inexorável, incontestável. A sua função é muito importante para toda a população do bairro onde está instalado o posto de saúde. É ele, o médico, o conselheiro, o amigo, o orientador, que está sempre à nossa disposição para ouvir as nossas súplicas e lamentações, relatos íntimos da nossa vida pessoal, e por isso mesmo, deve receber o respeito e admiração que os seus atributos estão a exigir, e nunca, as agressões, nem as verbais, nem as físicas. Temos certeza que esse episódio lamentável não se repetirá. As autoridades competentes tomarão as medidas necessárias para evitar a contumácia. Nesse aspecto, todos sairão vitoriosos. É isso o que desejamos.