Por Ana Claudia Paixão
Quando Michael Hirst decidiu fazer uma série para o History Channel, em 2013, sobre o Rei Alfred, esbarrou com a incrível saga da invasão Viking no Reino Unido e percebeu que tinha em mãos um material ainda mais rico para a uma série.
Ao criar Vikings, mais do que isso, nasceu uma franquia com fãs apaixonados ao redor do mundo.
E, por anos (até 2020), foi um dos melhores conteúdos à sombra da febre de Game of Thrones.
Portanto, quando a Netflix anunciou que iria fazer a continuação, a comunidade que acompanhava de perto a série, reagiu com ceticismo e ansiedade.
A produção tem a assinatura de Hirst, mas não mais seus (ótimos) roteiros e sofreu bastante com a Covid-19, mas, finalmente chegou à plataforma a tempo do Carnaval.
Fiz a maratona e vou evitar spoilers, mas não tenho como pular todos. Fica o aviso!
A primeira pergunta é se “Vikings Valhalla é tão boa quanto Vikings?” e a resposta obviamente é complexa.
Sim, vale a pena, mas não, não tem o charme e carisma de uma personagem tão fascinante como Ragnar Lothbrok, nem um intérprete como Travis Fimmell, o que não é necessariamente negativo.
A proposta é interessante e traz tantos easter eggs e citações de personagens, como o próprio Ragnar, o Seer, Ivar, Alfred e Harald Finehair, uma delícia para quem acompanhou a original.
A trama se passa cerca de 150 anos depois de onde paramos e mais uma vez tem em fatos reais a âncora para a história de ficção.
Sim, existiu o Rei Canute, assim como Leif Eriksson, mas há alguns “reajustes” das liberdades que Hirst tomou em sua primeira versão.
Do tipo, Harald ter sido morto sem herdeiros e começarmos a sequência acompanhando seus bisnetos.
Ou Erik Thorvaldsson, ou Erik The Red, que colonizou a Groelândia (em vez de Ubbe). Fazendo essa pesquisa para entender o novo caminho, voltamos aos mesmos conflitos de Vikings sendo “vikings”, querendo pilhar, se vingar e invadir a Inglaterra e os ingleses, católicos, à mercê da força escandinava. A diferença agora está interna.
Após tantas passagens e colônias fora de suas terras, houve vikings que se converteram ao Cristianismo e eles querem erradicar os velhos hábitos pagãos.
No coração dessa aventura temos os irmãos Leif e Freydis, filhos de Erik, e Harald Sigurdsson, bisneto de Harald e hoje um viking católico.
Os três representam para nós, de alguma forma, Ragnar, Lagertha e Bjorn, heroicos e corajosos, mas volta e meia apenas reacendo a saudade do original.
As partes mais absurdas da história de Viking Valhalla, no entanto, são verdadeiras, como o Rei Canute sendo um rei Viking e inglês.
Há muita coisa ainda por vir nas próximas temporadas, com tempo de acertar o que ainda pode ter ficado com cara de solto.
Sam Corlett, a grande aposta da franquia, tem uma primeira temporada mais discreta, coadjuvante de Leo Sutter e Frida Gustavsson.
Para quem gostou de Vikings, a série não desaponta. Vamos aguardar se teremos mais em 2023!