Economia

IPCA

Inflação de Campo Grande é a menor para novembro desde 2018

Depois de acelerar em outubro, índice da Capital ficou entre os mais baixos do País no mês passado

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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, ficou em 0,27% no mês de novembro em Campo Grande. Uma leve desaceleração ante 0,47% registrado em outubro. Para o mês, este é o menor índice desde 2018, quando o IPCA teve deflação de 0,31%. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado do ano, o índice vai a 4,77%, e nos últimos 12 meses o IPCA foi a 5,27%. No Brasil, o IPCA de novembro foi de 0,41%; no acumulado de 2022, foi a 5,13% e, em 12 meses, encontra-se em 5,90%.

No comparativo com o ano passado, os índices estão bem menores. A redução da inflação em relação ao mês de outubro se deu pela queda nos grupos comunicação (-0,31), habitação (-0,21) e transportes (-0,03%).

O doutor em Economia Michel Constantino explicou que o remédio amargo da elevação dos juros da taxa Selic está começando a funcionar.

A alta dos juros básicos da economia – que fecha o ano em 13,75% – foi uma das ações da política monetária do Banco Central que segurou a inflação. E o principal fator foi a redução dos preços dos combustíveis, o que acabou ajudando em toda a cadeia produtiva. 

Apesar de o resultado do IPCA ter apontado um índice menor em Campo Grande tanto em novembro quanto no acumulado do ano ante aos resultados nacionais, o economista destaca que as diferenças inflacionárias das capitais se devem aos custos de produção e transporte, que também são diferenciados. 

“Tivemos uma melhoria na oferta de produtos e na abertura de empresas no Estado, o que colaborou com o aumento da oferta de produtos e segurou os preços. Outro ponto é que temos a menor alíquota do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] para o diesel. Isso ajuda a reduzir preços dos produtos e serviços da Capital”, avalia Constantino.

JUROS

Para o economista Marcio Coutinho, a medida do governo – em elevar os juros da Selic – está começando a dar resultados.

“O governo começou a elevar os juros, que hoje se encontram em 13,75% ao ano, e agora essa tendência de queda da inflação se consolida. E ainda tivemos meses com o registro de deflação, como julho, agosto e setembro”, frisa. 

Ainda segundo o economista, outro ponto que contribuiu decisivamente para a queda da inflação foi a redução das alíquotas de ICMS nos combustíveis e energia elétrica.

Quanto à meta da inflação estipulada pelo Banco Central, Constantino observou que dificilmente será cumprida, com o resultado final ficando um pouco acima. “Isso porque o Brasil deve fechar 2022 com a inflação acima do centro da meta pelo quarto ano consecutivo”. 

De acordo com o Banco Central, a inflação de 2022 deve fechar em 5,8%.

Economistas ouvidos pelo Correio do Estado trabalham com a hipótese de 5,2% a 5,6% para o IPCA no fechamento do ano. 

Já o economista Eduardo Matos avalia que a pequena queda de ICMS no diesel é um forte influente na inflação registrada, ressaltando que Mato Grosso do Sul, de modo geral, compra muitos produtos produzidos em outros estados, o que se reflete no frete e provoca flutuações nos níveis de preço.  

Na relação de inflação local e nacional, ele diz que, neste caso, deve-se pensar que a inflação do Brasil é como se fosse a média da inflação em cada região do País. 

“Em Brasília, que é um local que não produz alimentos, ou até mesmo em algumas capitais do Nordeste, como Recife, os registros apontam, mais uma vez, para a inflação acima de 1% em novembro. Outro fator é o preço do metro quadrado, Campo Grande tem um dos valores mais baixos se comparado com as demais capitais e isso influencia na estrutura de custos das empresas, que repassa os preços para os consumidores”, detalha Matos. 

ALIMENTOS

De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados em Campo Grande, cinco tiveram alta em novembro. O grupo de alimentação e bebidas registrou a maior variação (+1,34%), após já ter registrado alta de 1,18% em outubro, e o maior impacto, que no caso foi de 0,30 ponto porcentual no índice do mês. 

Em segundo lugar vem o grupo de vestuário, com alta de 0,37% e impacto de 0,02%. Na sequência vem o grupo da educação, com alta de 0,18% e impacto de 0,01 ponto porcentual.  

O grupo saúde e cuidados pessoais registrou inflação de 0,17% em novembro, por sua vez, segue desacelerando, tendo registrado aumento de 0,85% em outubro e contribuiu com 0,21 ponto porcentual no índice de novembro.  

Nas quedas inflacionárias, o maior destaque foi o grupo de artigos de residência, que registrou deflação de 0,95% após a alta de 0,56% observada no mês anterior. Os demais grupos ficaram entre as altas de 0,16% em despesas pessoais e as quedas em transportes (-0,03%), habitação (-0,21%) e comunicação (-0,31%).

A alimentação no domicílio apresentou aumento de 1,5%, influenciada principalmente pela alta nos preços da cebola (33,89%), da melancia (23,24%), do tomate (15,92%) e do repolho (15,14%). 

Por outro lado, a maçã (-3,83%), o feijão-carioca (-3,08%) e açúcar cristal (-2,63%) registraram quedas. Já o subgrupo alimentação fora do domicílio teve um aumento menor (0,81%). Contribuiu para isso especialmente o aumento da cerveja (2,68%), do lanche (1,43%) e da refeição (0,22%). 

Muito próximo da estabilidade, o grupo de transportes teve queda de 0,03%, alternando com o aumento de 0,28% registrado em outubro. Agora, acumula queda de 4,41% no ano e 4,64% nos últimos 12 meses. 

Em Campo Grande, o grupo da habitação recuou 0,21%, assim como em setembro (-0,25%). A queda pode ser explicada pelos índices dos subitens de maior peso no grupo. Energia elétrica residencial e taxa de água e esgoto obtiveram 0% no mês, enquanto o aluguel residencial registrou queda de 0,66%. (Colaborou Súzan Benites)

 

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FERROVIA

Disputa de gigantes trava pacto pela reativação da Malha Oeste

A indefinição sobre o comando de trecho dificulta a relicitação da linha férrea em Mato Grosso do Sul

17/02/2025 08h30

Disputa de gigantes trava pacto pela reativação da Malha Oeste

Disputa de gigantes trava pacto pela reativação da Malha Oeste Foto: Paulo Ribas/Correio do Estado

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A reativação da ferrovia Malha Oeste, fundamental para o desenvolvimento logístico de Mato Grosso do Sul, enfrenta um impasse: três grandes empresas disputam o controle de um mesmo trecho.

Conforme apurou o Correio do Estado, a indefinição sobre a gestão do ramal entre Três Lagoas e Aparecida do Taboado é o último entrave para que o projeto avance.

Os grupos envolvidos na disputa, segundo a apuração da reportagem, são as gigantes do setor de celulose Eldorado Brasil e Suzano, além da concessionária Rumo Logística.

Apesar de já existirem três projetos distintos, todos licenciados e prontos para serem executados, a falta de consenso sobre quem assumirá o controle do trecho impede o andamento da obra.

Na prática, trata-se de um problema positivo: há alternativas viáveis, contudo, ao fim, apenas uma solução será implementada para a retomada da ferrovia.

Em entrevista ao Correio do Estado, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou que a administração estadual conseguiu com a Controladoria-Geral da União (CGU) a decisão de que poderá haver uma repactuação nesse trecho específico da Malha Oeste, entre Campo Grande e Três Lagoas.

“A partir de agora, os investimentos devem ser efetivados. Todo trecho que é da concessionária Rumo está tendo esse novo prazo repactuado, e eles vão poder fazer o investimento conforme está definido na proposta, que inicialmente compreende o trecho de Ribas do Rio Pardo até Três Lagoas”, detalhou Riedel.

O chefe do Executivo estadual ainda ressaltou que, além do ramal da própria concessionária da malha, outros duas rotas estão em questão.

“Temos o novo trecho, de Três Lagoas a Aparecida do Taboado, e também a linha curta [shortline] da Fábrica da Arauco até a Malha Norte, em Inocência. Temos então esses três trechos operados de forma distinta. Um pela Arauco, outro por um ente privado interessado e outro – de Ribas a Três Lagoas – pela Rumo. Esses três trechos já estão licenciados e aptos a investimentos”, ponderou.

HUB

Como antecipado pelo Correio do Estado na semana passada, a recuperação da Malha Oeste tem o potencial para reposicionar Campo Grande como um dos principais hubs logísticos do Brasil.

O projeto, que prevê a rebitolagem de trechos estratégicos da ferrovia e aportes privados, pode revolucionar o escoamento de produtos agrícolas, minerais e industriais, aumentando a competitividade de Mato Grosso do Sul no mercado nacional e internacional.

Além do agronegócio, a modernização da ferrovia beneficiará o transporte de eucalipto, minérios e combustíveis, como o etanol.

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, destacou que a renovação da linha férrea permitirá a distribuição mais eficiente de mercadorias oriundas da Bolívia.

“O grande trunfo estratégico é que Campo Grande se tornará um hub de distribuição. Os produtos que chegam da Bolívia, que poderiam vir em bitola estreita, poderiam fazer a distribuição. Teríamos também uma grande saída de etanol para São Paulo. Acho que esse é um outro ponto extremamente importante ”, pontuou o titular da Pasta ao Correio do Estado.

Após anos de indefinição em função da devolução da concessão pela Rumo e dos estudos para uma nova licitação, o governo federal, em conjunto com o Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), optou por renegociar o contrato com a empresa.

“Essa proposta de repactuação [do contrato] seria fazer a rebitolagem de Campo Grande até Três Lagoas, desativar [o ramal] de Três Lagoas até Mairinque [SP] e, a partir de Três Lagoas, subir com essa ferrovia até o município de Aparecida do Taboado, mantendo a bitola estreita de Campo Grande até Corumbá. Então, esse seria o desenho atual da questão ferroviária. A gente tem insistido, mas praticamente ficou paralisada essa proposta ao longo de 2024”, disse Verruck.

GRUPOS

Com a revitalização da Malha Oeste, grandes empresas do setor de celulose poderão se conectar à linha férrea, reduzindo o tempo e os custos no transporte da produção até o Porto de Santos, onde elas tem terminais próprios.

A Eldorado Brasil, por exemplo, já obteve licenciamento para construir uma ferrovia de 97 km ligando sua fábrica a Aparecida do Taboado, facilitando o transporte direto da celulose até o Porto de Santos. Por sua vez, a Suzano também solicitou autorização para conectar sua unidade em Três Lagoas ao mesmo destino.

Com a revitalização, empresas como a Suzano, a Bracell e a Eldorado poderão escoar sua produção de forma mais eficiente.

“Hoje, a Suzano retira toda a celulose de caminhão até Água Clara para só então embarcar no trem. Se tivéssemos a revitalização da ferrovia, poderíamos carregar diretamente na fábrica, reduzindo custos e aumentando a competitividade”, esclareceu o secretário.

Ainda no ramo da celulose, conforme adiantou o Correio do Estado no mês passado, a Arauco pretende construir uma ferrovia de 47 km ligando o projeto Sucuriú, em Inocência, à Malha Oeste.

O processo de autorização está em andamento na ANTT e já foi encaminhado ao Ministério da Infraestrutura e à Secretaria Nacional de Portos.

A expectativa é de que a resolução autorizando a obra seja publicada até o fim de março. A empresa já indicou a intenção de iniciar a construção em setembro deste ano.

“Dentro desse cronograma, a Arauco tem uma sinalização de iniciar essa obra em setembro. Então, nós teríamos aí a primeira autorização da ferrovia shortline, uma ferrovia ligando a indústria até a Malha Norte, para futuramente fazer todas as operações de exportação de celulose da Arauco”, afirmou Verruck.

O investimento na unidade da Arauco é de US$ 4,6 bilhões, reforçando a relevância do projeto para a economia estadual.

REPACTUAÇÃO

Como antecipado pelo Correio do Estado em 31 de outubro de 2024, o Ministério dos Transportes trabalha para acelerar a renovação da concessão da ferrovia entre os estados de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, propondo um novo contrato de 30 anos.

A negociação em curso prevê a devolução de 650 km do trecho paulista, que poderá ser convertido futuramente para o transporte de passageiros.

Já em MS, a concessionária Rumo Logística teria exclusividade sobre a Malha Oeste 
e investiria na ampliação de 137 km adicionais. O projeto, estimado em R$ 2,7 bilhões, visa integrar o traçado à Malha Paulista.

A maior parte da ferrovia está situada em Mato Grosso do Sul, abrangendo cerca de 800 km entre Corumbá e Três Lagoas, além de um trecho de 355 km entre Campo Grande e Ponta Porã.

Para reduzir custos e evitar um longo processo de relicitação, o governo aposta na prorrogação da concessão por mais três décadas, garantindo a continuidade do transporte ferroviário na região.

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ENTENDA

'Cripto Gate': governo argentino enfrenta nova crise política

Crise envolve supostas irregularidades na criação da $Libra

16/02/2025 19h00

Presidente da Argentina, Javier Milei

Presidente da Argentina, Javier Milei Divulgação

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A iniciativa do presidente da Argentina, Javier Milei, ao promover o lançamento de uma criptomoeda por uma empresa privada desencadeou uma nova crise política no país, forçando-o a anunciar uma investigação contra si mesmo.

O episódio que parte da imprensa argentina está tratando como o “cripto gate” envolve a suspeita de funcionários do governo federal, incluindo o próprio presidente, em supostas irregularidades envolvendo a criação da $Libra, uma criptomoeda que, segundo Milei, ajudaria a financiar pequenas empresas e empreendimentos argentinos.

As críticas e as reações à iniciativa de Milei se avolumaram depois que o presidente argentino publicou, nas redes sociais, um texto de apoio ao projeto Viva La Libertad, que é encabeçado pelo lançamento da $Libra.

Assim que o presidente tornou público seu apoio à iniciativa, o valor do ativo digital disparou, valorizando-se exponencialmente. Os poucos detentores da criptomoeda começaram então a vendê-la, com lucros altíssimos.

Porém, o valor da $Libra voltou a cair tão logo especialistas e oposicionistas a Milei começaram a apontar o risco de fraude no empreendimento.

A primeira reação do presidente argentino foi apagar a publicação promocional de sua conta no X (antigo Twitter), substituindo-a por uma nova mensagem na qual afirmava não ter nenhum vínculo com o “suposto empreendimento privado”, do qual não conhecia os “pormenores”.

O esclarecimento não conteve a escalada da crise, a ponto do jornal La Nacion, um dos mais influentes do país, noticiar que o “escândalo $Libra abriu uma caixa de pandora”, com acusações de que pessoas próximas a Milei teriam pedido vantagens pessoais a empresários em troca de franquear o acesso ao presidente argentino.

Pressionado, o governo argentino anunciou duas medidas. Em uma nota oficial divulgada neste sábado (15), a equipe de Milei informou que o presidente determinou ao Gabinete Anticorrupção que apure se algum membro do governo nacional, incluindo ele mesmo, agiu de forma imprópria.

Além disso, Milei informou que será criada, no âmbito da própria presidência, uma força-tarefa composta por representantes de vários órgãos e organizações interessadas no tema para que avaliem o projeto Viva La Libertad, a $Libra e todas as empresas ou pessoas envolvidas com a iniciativa.

Ainda na nota, a equipe de Milei esclarece que o primeiro contato do presidente com os representantes da empresa responsável pela $Libra aconteceu em 19 de outubro de 2024, durante um encontro no qual os empresários comentaram a intenção de “desenvolver um projeto para financiar empreendimentos privados na Argentina utilizando  tecnologia blockchain”. O encontro, público, foi devidamente registrado na agenda de Milei, segundo sua equipe.

Cerca de dois meses e meio depois, em 30 de janeiro deste ano, por sugestão dos mesmos empresários, Milei se reuniu com o sócio do empreendimento que forneceria toda a infraestrutura tecnológica necessária.

“Finalmente, nesta sexta-feira, o presidente [Milei] compartilhou uma publicação em suas contas pessoais comunicando o lançamento do projeto, tal como faz cotidianamente em relação a muitos empreendedores que querem lançar um projeto para criar empregos e investir na Argentina”, acrescenta, na nota, a equipe do chefe do executivo da Argentina, reafirmando que ele não participou da criação e do desenvolvimento da criptomoeda.

“Frente as repercussões [negativas] que o anúncio do projeto gerou, para evitar qualquer especulação e para não dar mais publicidade [à iniciativa], [o presidente argentino] decidiu eliminar a publicação [de sua conta pessoal no X]”, finaliza a equipe presidencial, garantindo que todas as informações sobre o assunto que forem reunidas pelo Gabinete Anticorrupção e pela força-tarefa que será criada serão encaminhadas à Justiça, “para que esta determine se alguma empresa ou pessoa vinculada ao projeto cometeu algum delito”.

Na manhã deste domingo, representantes de duas organizações sociais (Observatório do Direito à Cidade e Movimento A Cidade Somos Nós Que A Habitamos) e de um partido político (Unidade Popular) ingressaram na Justiça com uma denúncia contra o presidente argentino, a quem acusam de ter prejudicado a mais de 40 mil pessoas ao se associar a um esquema que, segundo os denunciantes, teriam causado um prejuízo da ordem de US$ 4 bi.

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